CAPITULO 39

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Karine.

Depois de passar a noite ouvindo tiroteios eu finalmente estava sentindo meu corpo amolecer.

Quando ia pegar no sono a porta se abriu, Dinho entrou pela porta e eu percebi que ele estava arrumado e lindo como sempre, me sentei com um sorriso no rosto e ele ficou parado me olhando.

— Apareceu cedo! – Falo.

— Vamos embora! – Ele diz sem mostrar reação alguma.

— Como assim Dinho? Não posso ir embora, os médicos não me deram alta ainda! – Falo sem entender.

— Foda se Karine, eu que mando nessa merda, levanta dessa cama e pega a menina. Você tem cinco minutos! – Ele diz saindo do quarto.

Não sei por quanto fiquei olhando a porta sem entender absolutamente nada, porém me levantei e peguei Diana no colo.
Peguei a bolsa que tinha as roupas dela e sai do quarto, as enfermeiras olharam para mim de cima a baixo e eu engoli o seco sabendo que não estava tudo bem.

Enquanto eu ia até a sala de espera as pessoas nem falavam para mim voltar para o quarto, eu deveria ter ouvido minha mãe e ter tido minha filha em outro hospital mesmo.

— To pronta! – Falo parando em frente de Dinho.

Ele se levantou sem falar nada e caminhamos até fora do hospital.

— Dinho que merda está acontecendo? Da pra falar alguma coisa? – Falo com medo.

— Entra no carro! – Ele diz fechando a porta.

Entrei com Diana no colo e ele ligou o carro, pensei que ia para casa mais ele simplesmente desviou o caminho.

Dinho.

Enquanto eu ia para casa eu pensava em diversas formas de resolver a situação, eu poderia fazer como qualquer outro bandido faria e simplesmente cancelar o cpf da Karine, mas, não ia fazer isso.

Enquanto eu diria ela resmungava do meu lado e se eu já não suportava a voz dela, agora piou.

Não que eu acreditasse 100% nela, nem em sua gravidez e muito menos que ficaríamos felizes para sempre, porém eu não queria acreditar que ela é uma pessoa tão baixo e sem noção ao ponto de mentir sobre a filha ser ou não minha.

Parei o carro na entrada do morro e ela me olhou sem entender.

— Desce! – Falo sem olhar para sua cara.

— O que você tá fazendo Dinho?

— Some da minha frente, some da minha vida eu não quero te ver nem pintada de ouro a partir de hoje. Da minha favela você só vai levar a sua filha, suas coisas eu já doei tudo, tu não merece porra!

— Por que você tá fazendo isso comigo, eu acabei de parir sua filha!

— Minha filha? Ou filha de algum idiota que você andou dando por aí? Some Karine, eu ainda to pegando leve com você! – Falo e agora ela já chorava.

— Eu só queria tentar, eu não tenho certeza se ela é sua filha ou não, mas o meu amor você não tem que duvidar, eu amei você como ninguém nunca amou. E isso inclui a Gabriella também, mesmo eu fazendo o que fiz, eu to aqui e ela tá lá agora dando pra outro!

Na mesma hora virei um tapa estralado em sua cara, ela passou a mão no rosto e a menina começou a chorar.

— Única certeza que eu tenho é que essa menina não é minha filha e você é uma.. eu nem tenho palavras pra descrever você. Sai daqui, agora! – Falo firme e ela abriu a porta chorando.

Karine.

Assim que passei pelos meninos que ficavam na entrada da favela eu me sentei com Diana no colo, eu pouco me importava com quem passava me olhando.

Não sei por quanto tempo fiquei ali acalmando Diana, me levantei com o tempo e entrei em um táxi que estava ali parado.

Entreguei o endereço da minha mãe e ele pareceu querer questionar o fato de eu estar com roupa de hospital, e uma criança pequena no colo. Durante o caminho eu só sabia chorar, eu estava apenas com algumas roupas da Diana na bolsa e uma mamadeira.

Quando o carro parou na frente da casa dela eu desci, ela estava na calçada com Sofia e assim que parou com Diana no colo ela correu para me abraçar.

— Eu sabia que isso não ia acabar bem! – Ela diz e eu só sabia chorar em seu peito.

Senti uma das minhas pernas ser agarrada e olhei para baixo vendo Sofia, sorri e me abaixou em sua altura.

— Olha a sua irmãzinha meu amor! – Falo e ela passa as mãos pelo rostinho de Diana.

— Ela parece minha boneca! – Ela diz e eu sorri.

Por fim acabei entrando em casa, minha mãe me emprestou uma roupa dela e enquanto eu chorava no banheiro ela cuidava de Diana.

Eu sentia meu corpo pesado, a cesária recente doía enquanto eu fazia esforço para ficar em pé, porém a dor emocional que eu estava sentindo nem se compara. A uma semana atrás eu estava em uma das melhores casas do morro, com o homem que eu amo e grávida da filha dele, como tudo isso se encaminhou pra isso? Nesse momento nem uma peça de roupa eu tenho mais!

— Porque isso acabou assim? – Falo para mim mesma.

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Acabei de soltar o primeiro capítulo da minha próxima história.
VÃO LÁ VEEEEEERRR

Gabriella | Reticências.Onde histórias criam vida. Descubra agora