Capítulo 8

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"Sempre vai ter alguém com uma vida mais cagada que a sua. Isso não transforma a merda das nossas vidas em rosas."

The Play - Elle Kennedy

The Play - Elle Kennedy

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TOMÁS

Não sei por que, mas o nervosismo está tomando conta do meu corpo inteiro. Não sei bem o que vou conversar com a Laví até o momento em que contarei sobre a ideia que tive para melhorar minha imagem.

Vamos falar sobre a vida? Nossos problemas? Sobre ela ser minha fã e quase ter me prejudicado?

Já não sou de ficar muito nas redes sociais – e, para falar a verdade, não me importo com elas. Mesmo assim, o Thiago sempre faz questão de ler todos os comentários ruins ao meu respeito. Ou quando não consegue lê-los, me manda capturas de tela para eu ter acesso.

Depois da matéria publicada, a coisa quadriplicou de tamanho. Já tinha haters antes — como meu agente vive falando, eu nem conheço direito a expressão —, mas o número de comentários negativos, agora, beira ao absurdo. Tento abstrair na maior parte do tempo e, por conta de tudo que rolou nos últimos dias, terei que fazer isso com mais frequência.

Perdi alguns seguidores e, provavelmente, fãs também. Nem sei como será essa sessão de autógrafos no sábado, em Salvador. Minhas expectativas não são as melhores. Por isso, preciso resolver essa questão até, no máximo, amanhã.

Só preciso da ajuda da Laví.

Estou sentado em uma mesa para dois, no fundo do restaurante italiano que escolhi para nós. É mais reservado, outras vozes não sobreporão as nossas, e digo que é até chique.

Quando meu pai foi transferido para São Paulo, eu tinha cinco anos. Não me lembro muito do Rio de Janeiro, onde eu nasci. Não conheço muitos lugares e custo a me virar pela cidade, na maioria das vezes. Ainda assim, considero-me carioca da gema, mesmo que meu sotaque entregue que não sou local.

Esse restaurante, no entanto, é um lugar que eu costumo vir com meus avós, quando estou em solo carioca. Então, teoricamente, é o que deu para escolher, visto que conheço, ainda que pouco, a reputação do local e o que eles têm para oferecer.

Olho para o relógio de pulso e vejo que já são 20h18 e nada da jornalista aparecer. Começo a ficar impaciente e roer minhas unhas. Sei que isso é um péssimo hábito, mas é incontrolável. Assim como minha perna insistir em sacudir. Faz parte do meu quadro de nervosismo e ansiedade.

Quando, já impaciente, estou pegando meu celular para mandar outra mensagem para minha acompanhante, meu olhar cruza com o dela, na entrada do estabelecimento. Laví está conversando com a recepcionista, mas não consigo fazer leitura labial, por conta da distância. Até porque, para que eu possa fazer isso, teria que ficar encarando seus lábios, o que me deixa ainda mais apreensivo.

Entre as Linhas Tortas do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora