Capítulo 9

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"A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais difíceis, se você lembrar de acender a luz."

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J. K. Rowling

 Rowling

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LAVÍ

Pouco tempo depois de o garçom trazer nossos pratos, acabamos de devorá-los. Estamos na parte da sobremesa agora. Eu pedi um pudim de leite; Tomás, um croissant de chocolate.

Olho para o meu celular, apoiado na mesa, e vejo que já são quase 22h. O tempo passou tão rápido... Por algumas horas, até me permiti esquecer do que aconteceu antes de chegar até aqui. 

Estou ingerindo uma última colherada do meu doce, quando ele me pergunta:

— Você já quer ir embora? 

— Nós ainda nem falamos do real motivo por estarmos aqui, Tomás — recordo.

— É verdade... Nem estava me lembrando mais disso. O encontro estava tão bom, que nem parei para pensar... — Ele me encara e eu não pisco.

Encontro? Ele falou mesmo essa palavra? Ai, meu Deus.

— Ei, tá tudo bem? Você ficou pálida de repente. — Ele balança os dedos em frente ao meu rosto.

— Tá... Você falou encontro. Isso não é um encontro, é?

Ele se engasga com um pedaço do croissant e eu tenho vontade de rir. Continua tossindo e toma um gole de água para ajudar a comida descer.

— Mil desculpas... Sou melhor com as palavras escritas do que faladas. Preciso pensar melhor antes de sair falando tudo o que se passa na minha cabeça... — Sigo olhando-o, espantada, pois ele meio que admite que estava refletindo sobre o encontro.... — Merda, não foi isso que eu quis dizer...

— Tudo bem, relaxa. Posso te perguntar outra coisa? — eu questiono-o.

Preciso muito saber de um detalhe antes de chegarmos ao ponto principal da nossa conversa. Ele me disse que tinha perdido o amigo no dia anterior à sessão de autógrafos, mas não explicou a situação toda. E, visivelmente, ele não está completamente perdido no luto. Não estou julgando-o, só estou curiosa para saber por que ele não está demonstrando a tristeza.

— Claro, manda aí! — Se ajeita na cadeira.

— Quando você me encontrou lá no meu apartamento, você falou que seu melhor amigo tinha morrido na sexta e que você não estava num bom momento, certo? — Ele assente e eu prossigo: — Como você... como você está lidando com isso? Digo, você foi completamente sem noção com a Estela naquele dia, mas agora, você aqui... você não parece aquele cara.

Ele não responde de imediato e parece estar selecionando as melhores palavras para dizer o que está, de fato, sentindo. 

— Bom, eu não estava esperando por essa pergunta... Na verdade, acho que estava... É... O Nathan era meu melhor amigo. Aquele para vida toda. Podia contar com ele para tudo. Tudo mesmo. Ele é... Ele foi o irmão que eu nunca tive. — Sua voz dá uma vacilada, mas ele logo se recupera da emoção. — Acho que estou na fase de negação ainda... Não sei. Não dá para acreditar, sabe? Parece que eu ainda o terei ao meu lado. Tenho tentado abstrair na maior parte do tempo. Os momentos sozinhos são os piores, porque minha cabeça não para. É quando eu me permito sofrer. 

Entre as Linhas Tortas do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora