Capítulo 3

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"Às vezes, a vida não espera o momento certo. Às vezes, uma situação repentina aproxima as pessoas, estejam elas prontas ou não."

Querido Vizinho - Penelope Ward

Querido Vizinho - Penelope Ward

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LAVÍ

— Não acredito que você vai me trocar por causa daquele escritor ridículo! — André berra.

Ele está tão irritado que sua veia do pescoço está quase saltando. Meu namorado poderia, claramente, ter um ataque cardíaco nesse exato momento.

— De onde você tirou isso, cara? Eu só estou sugerindo de a gente amanhã assistir ao filme à noite. Aí depois venho aqui para sua casa, a gente encomenda alguma coisa para jantar... O que tem de errado nisso? — Aproximo-me dele e permito-me fazer carinho no seu rosto liso sem barba, na esperança de acalmá-lo.

— A gente combinou uma coisa e você quer mudar o esquema por causa daquele idiota que nem sabe que você existe. — Simplesmente dá de ombros.

Isso doeu. É claro que o T. L. Bianchi sabe quem eu sou. Eu já fui a vários lugares para vê-lo. E quando ele estourou, fui uma das poucas leitoras que já conhecia seu trabalho antes de todo o sucesso. André não tem o direito de jogar isso na minha cara. Ele não sabe de absolutamente nada. 

Merda!

— Até mudar a cor do cabelo você mudou. — Aponta para meu rosto. — Cortou mais do que as pontas, pintou as unhas... — Ele balança a cabeça de um lado para o outro, em completa desaprovação. Afasta-se do meu toque bruscamente.

A Ellen conseguiu marcar para nós fazermos o cabelo e as unhas hoje, como havia comentado no domingo passado. 

Ela alisou seus cachos e hidratou os fios. Eu resolvi mudar drasticamente. Meu cabelo longo, agora está na altura dos ombros, formando um long bob. Escolhi fazer umas luzes mais claras que o tom do meu castanho natural. Eu amei real o resultado. Combinou com meu rosto e me deixou com cara de mais nova do que realmente sou. Para as unhas, decidi pôr um esmalte vermelho, chamado de "Desejo".

— Se você não gostou do meu cabelo mais claro e do novo corte dele, você fala. Mas não fica colocando culpa no meu ídolo — digo, irritada. — E não tem nada de mais eu querer mudar um pouco. Não posso nem tentar me sentir mais bonita? 

Por um momento, acho que ele vai me ignorar. André caminha até a geladeira, pega uma cerveja e começa a entornar. Ótimo. Vai querer fugir da discussão descontando na bebida alcoólica. Típico dele.

— Ídolo, ídolo, ídolo. — Revira os olhos. — Você é patética, Lavínia. O que ele faz de tão importante para ser inspiração de alguém? Pelo amor de Deus, se toca! — Ele bate a mão na mesinha perto da bancada da cozinha.

Sobressalto-me com sua ação.

— Cala a porra da boca! Você não tem o direito de julgar ninguém, porra. Você nunca nem se deu ao trabalho de ler as obras dele — grito. 

Entre as Linhas Tortas do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora