Estilhaços de uma união

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A garota assustou-se ao ouvir o barulho da porta sendo aberta, buscando o telefone com fio o mais rápido que pôde, de uma maneira bem desajeitada. Mordeu os lábios, fingindo estar bastante interessada com a conversa e olhou para seu marido, um tanto apreensiva. Será que ele achava que a mulher ficou louca?

― Ah, tudo bem, Rosé. Não tem problema nenhum. ― A morena apoiou a mão livre sobre a mesa de madeira em que o telefone se encontrava. ― Oh, querido. Estou falando com a Rosé 

― E precisa fazer todo esse barulho? ― Sehun encostou-se em uma parede livre, encarando sua esposa com um ar um tanto desconfiado.

― Sinto muito, vou tentar falar mais baixo. ― Cobriu a parte inferior do telefone, como se não quisesse que a pessoa do outro lado da linha ouvisse aquela conversa.

― Ótimo. ― Saiu em seguida, fechando a porta atrás de si.

― Que otário. ― Jennie resmungou, sentindo uma risada ficar presa em sua garganta.

― Poderia não falar assim do meu marido? Pelo menos não na minha frente, quero dizer... Na minha cabeça. ― Um suspiro pesado saiu de seus lábios, um tanto impaciente.― Você entendeu o que eu quis dizer.

― Claro, claro. ― Novamente, uma risada veio, alta em seus ouvidos. ― Acho que tenho que acordar mais cedo amanhã. Pagar contas, essas coisas que ricos não fazem.

― Quer dizer que... Já tem que ir? ― Mordeu os lábios com certa força, sentindo-se um tanto solitária por ter que deixar sua única companhia agradável ir embora.

― Eu sei que vai sentir saudades, mas o que posso fazer? A vida é cheia de responsabilidades. ― Um barulho soou alto, como se coisas metálicas caíssem ao chão.― Ah, droga!

― O que houve? ― Os olhos nebulosos se depararam com uma cena estranha, havia um bicho, parecido com um guaxinim, correndo pelos cantos da casa bagunçada. 

― Você mora aí?

― Ah, não olhe pra isso! ― A visão de Jisoo ficou escura, ela cobriu os olhos. ― Não é tão ruim quanto parece, não quando você se acostuma.

― Eu não me acostumaria a viver em um lugar como esse. ― Riu baixinho, sentindo se um pouco mal por dizer algo do tipo.

― Cada um tem o que merece, é o que diz o ditado... E o que minha mãe falava, também. ― A Kim parecia ofegante, como se corresse por toda a casa. ― Nos vemos depois.

― Nos vemos depois... ― A "conexão" foi perdida. 

Jisoo agora se sentia pequena dentro daquela mansão, uma corrente fria embalava sua pele, a deixava mais melancólica e ciente de seus erros. Não queria sair dali, muito menos encarar um marido que já não a amava como antes. Os pés a levaram em direção à porta, as dobradiças, muito bem limpas, sequer fizeram barulho. Os olhos castanhos passearam pelo cômodo, descobrindo que seu marido já não assistia mais nada na sala, o que a fez seguir para o quarto.

― O que Roseanne queria com você? ― A voz rouca e grave a fez ficar assustada, afinal, o quarto estava completamente escuro, no breu.

― Estávamos conversando sobre sapatos e sobre a vida na união matrimonial. ― Mentiu. 

Nunca foi tão próxima da Park, até pelo motivo da garota não ser muito aberta à diálogos.

― Hum, essas coisas fúteis que mulheres conversam. ― Sehun deu de ombros, acendendo o abajur cor de creme localizado ao lado da cama. ― Venha deitar, já está tarde.

― Já não tenho nada para fazer, de qualquer forma. ― Seguiu em direção ao banheiro, tirando a calça de moletom e a blusa de alças para logo substituir aquelas peças por uma boa camisola de seda, confortável. ― Como foi seu dia de trabalho?

A garota dos meus olhos {ADAPTAÇÃO JENSOO}Onde histórias criam vida. Descubra agora