A linha entre o real e o imaginário

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Jisoo parecia um tanto confusa com a revelação que Jennie lhe fizera. Como apenas as duas poderiam estar no local se ela a viu bem ao lado da Kim? Doyeon estava lá e tinha a mais absoluta certeza daquilo.

― Ela estava lá e... Depois eu não sei o que aconteceu. ― As mãos foram em direção à cabeça, bagunçando o cabelo preto. ― Minha visão ficou turva e acho que desmaiei, mas isso não é motivo para não a ter visto!

― Acho que tinha muita coisa na sua cabeça, sem contar que levou um tiro na perna! ― Jennie a entendia, de certa maneira. Quem sabe quantos tipos de remédio deram para a mulher?

― Não, não. Doyeon estava comigo desde que eu cheguei lá. Ela me ensinou como não ser enganada pelos enfermeiros e também me ajudou a fugir. ― Buscou algum apoio, seu chão parecia haver sumido.

― Tem certeza disso? Olha, você pode estar confusa... ― Tentou acalmá-la, estendendo os braços para tocá-la, mas Jisoo recuou.

― Eu fui internada contra a minha vontade, Jennie. Eu definitivamente não estava louca. Sei muito bem o que vi e vivi! ― Agora, os dedos finos deslizavam por seu rosto, como se aquilo a pudesse ajudar.

― E é por isso que eu vim até aqui! Acabei por descobrir onde você estava. ― A encarou por poucos segundos, respeitaria o espaço que ela precisava.

― Por falar nisso... Foi muita coincidência que vocês tenham chegado bem na horada minha fuga. ― Por um instante, permitiu-se viver o agora. Jisoo parecia perdida na própria mente.

― Eu insisti para que Lisa viajasse ontem, bem cedo. ― Jogou o cabelo para o lado, verificando se ela estava tonta ou com algum sintoma que pudesse prejudicar a consciência. ― Assim que chegamos, deixamos nossas coisas na casa e partimos pra clínica. Eu queria poder ter uma noção de como era o lugar...

― Veio até aqui só por minha causa? ― Levantou a cabeça, os olhos castanhos esboçavam um misto de felicidade com gratidão.

― E por quem mais seria? ― Uma risada brincou entre as duas, mas logo foi interrompida por uma seriedade quase assustadora da parte de Jennie. ― Fiquei preocupada quando você sumiu da minha cabeça, eu já não podia te ouvir ou ver... Entrei em desespero!

― Jennie... ― Foi a única coisa que pôde dizer naquele instante, as palavras pareciam travadas em sua garganta.

― Não preciso que diga nada... Eu apenas quero curtir esse momento, em que posso te ver realmente de perto. ― Um sorriso foi surgindo nos lábios com a lentidão de uma tartaruga. ― E, uau, você é muito mais bonita pessoalmente.

― Você fala como se tivéssemos nos conhecido por redes sociais. ― As bochechas adotaram uma coloração avermelhada. Jisoo encolhia os ombros, envergonhada.

― De certo modo, é como se fosse. ― Deu de ombros e estendeu o braço, mas, desta vez, ela não recuou. As pontas dos dedos, meio ásperas, lhe tocavam a pele macia, pálida. Jennie podia jurar que aquela era a melhor sensação em anos.

― Obrigada por vir aqui. ― Os olhos se fecharam brevemente, como um sinal de deleitamento pela carícia. ― Obrigada por me livrar daquele pesadelo. ― Quando as pálpebras se abriram, lágrimas se acumulavam ali, como gotas de chuva em folhas côncavas.

― Eu sempre estive aqui. ― Soltou o ar por entre os lábios, o impulso de abraçá-la a arrebatou com tanta força que Jennie não se conteve, agarrando-a com os braços magros, resultado de muitos anos de má alimentação e falta de exercícios. ― Eu sempre estive... Aqui. ― Respondeu, baixinho, as mãos agarrando-se na camisa da morena. Jisoo, desde o momento em que conversou pela primeira vez com ela, desejava, ansiava pelo encontro. ― Não vou deixar que nada te aconteça, nada! ― Os dedos fino e frios, com algumas feridas já cicatrizadas, deslizavam por entre os fios de cabelo, encobertos por nós, pálidos e um tanto ressecados, mas aquilo não a incomodava, sequer se importava.

A garota dos meus olhos {ADAPTAÇÃO JENSOO}Onde histórias criam vida. Descubra agora