høur 2

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"Não existe elevador para o progresso com poços de preconceito"
LEUSSE, DE CHARLES

Já tinham se passado uma hora e quinze minutos. Noah não ia aguentar mais só ficar batendo com os dedos no ritmo de alguma música aleatória que não saia de sua cabeça. Ele necessitava falar.

Sempre foi assim, desde criança. Noah Urrea simplesmente detestava qualquer tipo de silêncio, almejando sempre manter uma conversa no ambiente. Isso parecia impossível com Sina, no entanto.

A menina gótica estava com os olhos negros bem fechados, de maneira que Noah realmente pensou que estava dormindo. Até ela começar a se ajeitar demais, e sua respiração parecer forçada. Talvez ela estivesse acordada, afinal!

— Sina! — Noah murmurou ênfase, quase certo que a emo estaria acordada. Nenhum sinal. Noah começou a duvidar de sua certeza. — Sina?

Passaram-se alguns segundos, até que um grunhido foi ouvido dos lábios rosados da moça. — Se eu me fingir de morta você vai embora?

Noah ignorou a pergunta, animado que afinal não estava teoricamente sozinho naquele cubículo escuro e abafado.

— Fica quieta. Vamos jogar um jogo! Eu tô entediado...

Ele esperava um fora tipo "Fodase", "Quem perguntou?" ou até mesmo um "Vai jogar na pqp", mas Sina abriu um pequeníssimo sorriso cansado.

— Sorte sua que estou de bom humor e entendida... Que jogo você quer jogar?

Noah ficou extasiado. Não só com a repentina gentileza de Sina, mas tembém pelo sorriso lindo que tinha exibido. Nossa, se um sorriso desse já quase fez Noah desmaiar, imagina só um sorrisão com todos os dentes?

— 20 perguntas! Eu faço uma pergunta, aí você responde e tals! Vai ser divertido. — Ela acenava com a cabeça freneticamente. Sina revirou os olhos, com um meio sorriso nos lábios.

— Ugh. Ok. Você começa.

Noah já estava todo animado. Talvez não fosse tão ruim ficar preso naquela porcaria de elevador velho afinal. Tirando a falta de banheiros. E a falta de comida. E a falta de pessoas. E a falta de ar livre. E a falta de sinal. E a falta de sol.

Bem, ok, talvez não fosse pra tanto...

— Cor favorita?

— Vermelho. — Sina respondeu certeira, o que deixou Noah um tanto confuso.

— Na real? Não é preto? — Ele checou as roupas de Sina mais uma vez. Não tinha uma cor sequer que não fosse preta, cinza, branco ou metálico.

— Por que diabos ia sair usando minha cor favorita por aí? Guardo para momentos especiais. — Sina respondeu, revirando os olhos novamente.

— Ok. Sua vez.

Sina nem teve que pensar. — Música favorita?

— Iris do Goo Goo Dolls.

Noah nem curtia muito a banda. Ele sabia que essa música era um clichê. Mas o significado dela e tudo que tinha por trás... Ele sempre ficava emocionado ouvindo e cantava em alto e bom som, quer estivesse no meio da rua ou em casa.

— Boa escolha... Achava que ia gostar de algo bobo, estilo Now United.

Noah ficou ofendido. — Now United não é bobo!

Talvez Sina não estivesse errada afinal...

— Ai meu deus, você é totalmente um desses fãzinhos! — Sina riu pela primeira vez, e Noah não conseguiu conter o sentimento que aquela era uma das risadas mais bonitas que já ouviu. Um tanto rouca devido à sua raridade, mas linda e contagiante. O garoto daria tudo para ouvir essa risada de novo.

— E você deve curtir essas músicas que doem os ouvidos. — Respondeu, dando a língua.

— Corretíssimo. Não muda o fato que o seu favorito deve ser o Noah.

Noah guinchou, ficando cada vez mais ofendido. Sina o considerava um clichê eterno. — É a Sina!

— A loirinha? Ela parece meio chatinha... Nem sei como pode ser minha xará... — Sina bufou, fingindo estar entediada para irritar Noah ainda mais. Não funcionou.

— É que você não entende sua beleza interior. Não importa. Minha vez de perguntar... Filme favorito?

— Pulp Fiction. — Noah sorriu. Poderia não ser um de seus filmes favoritos, mas com certeza era uma obra de arte. — Ex namorada?

O menino corou um pouco, mas respondeu sem pestanejar. — Nunca tive uma. — Sina arqueou as sobrancelhas. Noah decidiu ignorar. — Primeiro beijo?

— Zack Malik. Embaixo das escadas do ginásio. — Um menino... Bem, aquilo certamente fez o sorriso de Noah se manter em seus lábios. — Primeira crush?

— Ahn... — Ele teve que pensar um pouco. Tinha uma garota do seu bairro que ele era bem xonado e a Britney foi a deusa da sua pré-adolescência, mas primeira crush mesmo só uma. — Princesa Leia.

Os olhos de Sina brilharam, Noah só não sabia dizer o porquê. — Sabia que você era hétero, só não sabia que era um nerd.

Noah corou um pouco. — Cala a boca que todo mundo curte Star Wars. Como cê sabia?

— Suas vibes não LGBT são muito fortes. — Sina respondeu de maneira misteriosa, piscando na direção de Noah. O garoto mais alto só sabia corar.

— Ok. Último beijo? — Ele perguntou, interessado. Tentando tirar os olhos de Sina de si.

Sina perdeu o meio sorriso instantaneamente. Seus olhos se tornaram opacos. Ela começou a brincar com as unhas pretas e um tanto roídas. — Um mês atrás... Não foi muito legal...

Noah se sentia um idiota por ter perguntado algo que poderia ter um nível tão pessoal e que obviamente meio que acabou o humor de Sina. — Ah... Ele é um idiota.

— Não, eu que sou. — Sina declarou, olhou para cima e lançou um sorriso fraco para Noah. Noah certamente estava intrigado. — Bem... ideias políticas?

Noah deu de ombros. Seus pais não curtiam muito política, então não era muito ligado no assunto, mas já tinha algumas opiniões formadas. — Sei lá... Eu curto o ministro de agora, se é isso que cê tá me perguntando.

Noah notou no momento que proferiu as palavras, que só tinha piorado a situação. Sina congelou, perdeu até o sorriso fraco, e olhava para ele de maneira crítica.

Ela tossiu antes de falar, claramente desconfortável. — Mas... Ele também é contra os direitos LGBT...

Noah franziu a testa, não entendo o motivo de Sina citar aquele dado. — Bem, mas eu não sou mais que um hétero. Eu sou só um cidadão londrino.

Sina bufou e revirou os olhos, mas não insistiu no assunto. — Se você diz... Próxima pergunta?

Noah não sabia que ela pretendia continuar no jogo após suas duas mancadas épicas, mas, pelo jeito, era realmente uma maneira de não se entediar.

— Nome todo?

Sina riu alto por um momento. Parecia que estava acontecendo algo muito engraçado que Noah não conseguia entender. Quando recuperou o ar, falou em alto, bom som, deixando sua raiva escorrer na voz.

— Sina Deinert. Também conhecida como filha de ouro desse prefeito homofóbico, racista, xenofóbico, babaca, que é Sebastian Deinert.

O jogo de 20 perguntas tinha acabado, mas pelo menos Noah entendeu a piada.

Então, estou com um pouco de dificuldades para alternar argumentos ou verbos que são totalmente diferentes da fanfic, mas aos poucos vai indo kk

E avisando que não quero ofender o pai de Sina, ok? Não militem para cima de mim, é só uma FANFIC!

Até o próximo capitulo! ❤

Xoxo luh 🎠

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