14. [insira uma música de corno aqui]

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A luz forte do Sol quase cegava meus olhos logo de manhã.

Eu pisquei diversas vezes, atordoado, sem saber muito bem onde estava. Encarei meu corpo sob a coberta, apenas um short me vestia. Olhei para o lado, e o lugar na cama, que era para ser de meu mais novo namorado, estava ocupado por lençóis brancos e travesseiros. Cocei meus olhos ao me sentar na cama, pousando minhas costas na cabeceira. As janelas de vidro, tão transparentes, que eu nem ao menos conseguia ver meu reflexo. Era a típica – e bela – vista da cidade de Nova York, e se eu ousasse me aproximar do vidro para ver as pessoas lá embaixo, já saberia que a maioria delas estaria com celulares nos ouvidos e uma maleta na mão, ou até segurando aqueles copos comuns de cafés comprados. E, como sempre, todos atrasados para o serviço. Tão rotineiro e clichê.

Revirei meus olhos.

— Bom dia, meu amor! - A voz fininha de Jeonghan ecoou pelo quarto banhado de cores frias. Eu observei o homem vindo em minha direção, vestia apenas uma calça de moletom. Seus cabelos molhados o deixavam milhões de vezes mais bonito. Seu sorriso não saía de seu rosto delicado, e a pele branquinha de seu torso desnudo parecia brilhar.

"Como pode ser tão lindo assim?" Me perguntei, aliás, eu não parei de me perguntar isso desde que o vi pela primeira vez.

— Bom dia, Jeonghan. Eu te amo. - Sorri, sem nem mesmo me importar que deixei aquilo "escapar".

Já não era mais segredo, digo, para mim.

— Eu também te amo. - Se sentou sobre a cama, ao meu lado. Ele me encarava. Mas o olhar dele não era mais daquele golpista que só queria pegar meu dinheiro e foder uma vez comigo para depois me abandonar em um quarto qualquer de um motel barato.

Era um olhar diferente, que eu nunca tinha visto antes. Me parecia um olhar de um homem apaixonado, ou pelo menos disposto a se apaixonar. Parece que eu tirei a sorte grande.

— Por que acordou tão cedo? - Olhei a hora em meu celular que estava sobre o criado mudo e voltei a fitar Yoon. — Ainda são sete e meia.

— Me desculpe, meu amor. Eu preciso resolver uns assuntos, vou tomar café com o dono de uma franquia de imóveis. Estamos pensando em fazer negócio.

— Nem vai tomar café comigo. - Abaixei a cabeça. Eu realmente estava triste. Nada mais daquilo era um teatrinho para o espionar e pegar informações, era real, mas tão incerto.

— Ei, não fica assim. - Pediu. Eu o senti seu corpo próximo de mim, e um beijinho estalado foi dado em minha bochecha. — Prometo que vou almoçar com você, é coisa rápida.

Meu coração palpitou só com aquilo.

— Bom, tudo bem. Também vou ter algumas coisas para resolver, e depois marcamos para almoçarmos em algum restaurante.

— Perfeito! Então você me av-

O toque de celular interrompeu sua fala. Eu olhei para meu aparelho e não era o meu que tocava. Yoon se levantou da cama, a procura da direção do toque, e quando o achou, seus olhos se arregalaram quando viu quem o ligava. Ele me encarou com espanto em sua expressão, e só assim atendeu o telefone.

Eu deveria me preocupar?

— Dokyeom? Bom dia. Está marcado nosso café da manhã? - Deu uma pausa. Provavelmente prestava atenção no que esse tal de Dokyeom falava. — Sim. Então tudo bem, eu desço em meia hora. Tchau. Um abraço.

Vi Jeonghan correr de um lado para outro, a cada cômodo que ele entrava, saía com uma peça de roupa. Por fim, acabou vestindo a clássica camisa preta, calça social e sapatos. Lindo, como sempre.

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