03. o mais novo milionário

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TIC TAC

TIC TAC

O barulho do ponteiro de um relógio nunca havia me deixado tão nervoso antes. Marcava vinte e uma horas e trinta minutos, ou seja: faltava meia hora para eu começar uma missão com êxito ou parar com meu corpo nas mãos de um médico legista. Eu não sei o porquê de tanto nervosismo, já que fiz missões muito mais difíceis que essa, como aquela em que tive que lidar com um sociopata, ou quando precisei me disfarçar de atendente de hotel para investigar um caso de assassinato e de tráfico de drogas no local. Pois é, a única missão que eu ainda não fiz foi salvar uma menininha pendurada em um prédio de trinta andares... Ainda.

— Você está lindo. - Seungkwan disse sorrindo para mim. O semblante calmo dele me trazia tanta paz, eu poderia estar no meio de um tiroteio, que eu estaria calmo. — Por favor, tome cuidado. - Ele encarou minhas orbes, ajeitando o nó da minha gravata vermelha, ou melhor, gravata do governo.

Eu sabia que por dentro ele estava se agonizando de preocupação, ele nunca soube disfarçar, por mais que seu sorriso acalmasse todos em sua volta.

— Fica tranquilo, okay? - Sorri de volta, apoiando minhas mãos em seus ombros.

Eu estava tão tenso quanto ele.

— Tudo pronto, Jisoo? - Seungcheol questionou ao aparecer na sala. — Uau. Sinto muito atrapalhar o momento dos pombinhos, mas precisamos ir.

— Ei, não somos pombinhos. - Rebati, meramente irritado. Pude ver os olhos de Choi arregalados com meu olhar de raiva sobre ele. Eu só não sabia se era de surpresa ou de ódio.

Eu sempre me senti incomodado quando se referiam a mim e a Seungkwan como um casal. Se não éramos namorados, então por que os outros faziam questão de falar isso?

— Desculpa, certinho. Agora vamos. - Respondeu. Estava sério, parece não ter gostado muito da minha resposta.

Mas felizmente cresci assim. Curto e grosso. Não mando recados e nem passo a mão na cabeça quando me incomodam, talvez seja por isso que tenho poucos amigos, aliás, tenho apenas um. Entretanto, está de bom tamanho. A amizade de Boo valia por trezentas de uma vez.

Caminhei com Seungcheol e Seungkwan até o estacionamento da agência, a cada passo que eu dava meu coração acelerava mais, pude sentir que eu morreria antes mesmo de chegar na boate. Depois de muitas discussões para saber quem iria dirigir o carro, no fim, Seungcheol preferiu ser o motorista, até porque eu estava nervoso demais para pegar naquele volante, se eu passasse mal dirigindo, era capaz de eu matar meu chefe e meu melhor amigo.
Seungkwan foi no banco de trás comigo, segurando minha mão que tanto tremia e suava enquanto eu encarava todos os prédios durante o curto caminho até a boate.

A propósito, não sei nem porquê fomos de carro, dava para ir caminhando e ainda de quebra aproveitar a noite.

— Chefe, por que estamos indo de carro? A boate não fica perto da agência? - Quebrei o silêncio, encarando o mais velho.

— É pra parecer que você é rico, Jisoo. Ah, e mais uma coisa: se apresente para Jeonghan como Joshua, assim evita desconfiança. Só pra garantir.

— Hm. Ok. - Franzi o cenho.

Eu estava levemente incomodado. Aquele meu apelido era apenas para meus amigos íntimos e para minha família. Por que eu teria que falar aquilo para um desconhecido?

— Chegamos. - Choi proferiu, puxando o freio do carro sedan que o governo alugou. Obviamente eu não iria até a boate com um daqueles carros pretos do FBI.

Eu respirei fundo, fechei meus olhos e os abri rapidamente, pude até sentir o cheiro de dinheiro vindo de dentro da boate.
Retirei meu cinto de segurança e abri a porta do carro. Logo pude ver a fachada daquele lugar, era de puro mármore, só aquilo já custava o preço da minha casa inteira e mobiliada. Saí lentamente do carro, como em cenas dramáticas de filmes de pop star. Tinha até um tapete vermelho para receber os clientes VIP. Seungkwan colou seu corpo ao meu lado, mas mantendo o comportamento para não parecermos namorados, foi uma dica importante que Choi deu.

Nos aproximamos dos seguranças e demos nossos nomes para ele, e quando entramos... Minha nossa senhora, aquilo era mais um palácio do que uma boate normal. Tinha detalhes de ouro em quase tudo, os sofás de couro, a bancada de madeira maciça e brilhante, tudo brilhava tanto que doía meus olhos, mas infelizmente não tive muito tempo para ficar analisando o lugar.

Meu foco era Jeonghan, apenas ele.

— Procura de um lado que eu procuro do outro. - Boo falou em um tom mais alto por conta do som da música. Ele estava tão maravilhado quanto eu.

— Tudo bem. - Respondi na mesma altura, observando o lado direito enquanto eu caminhava com o mais baixo por aquela aglomeração de pessoas suadas bebendo e dançando como se não houvesse amanhã.

Logo veio em minha cabeça de que onde estávamos, definitivamente não era a parte VIP da boate. Mas, uma porta dourada me chamou muito minha atenção quando demos de cara com ela, tive a certeza de que era a parte que queríamos estar. Abrimos a porta e avistamos um ambiente mais calmo onde tocava uma música clássica em volume consideravelmente mais baixo que a outra parte da boate, a sala era ocupada por sofás vermelhos e rústicos, um tapete marrom, um balcão dourado que combinava com a porta, e cortinas de um laranja mais escuro para contrastar com o resto dos objetos da sala. Aquilo era... lindo. A sala era grande, espaçosa. Algumas pessoas isoladas conversavam em um canto, mas não eram nossos alvos.

Corri meus olhos pelo resto de toda a sala, e lá, bem no canto mais escondido do lugar estava ELE com seus dois cúmplices do lado, como Seungcheol disse. Meu coração logo disparou de nervosismo. Eu parecia ter acabado de sair de uma piscina por conta de tanto suor frio que escorria pelo meu corpo. Naquele momento eu pude negar todas as coisas do universo, mas uma coisa eu não podia negar:

Yoon Jeonghan era o homem mais bonito do mundo.

Eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos dele, eu parecia um jovem artista visitando um museu pela primeira vez, a propósito, Jeonghan também era uma obra de arte de valor inestimável.
Uma pena ele ter seguido rumos comprometedores para sua vida, e também seria uma pena ver aqueles cabelos loiros e aquele belo par de olhos castanhos atrás das grades.

Uma leve vertigem se fez presente em mim quando os olhos dele se encontraram com os meus. Ele me encarava de um jeito tão estranho, ele me comia com os olhos, parecia querer arrancar pedaços de mim com os dentes. Queria me devorar da forma mais violenta possível. Eu sentia que tudo em mim estava caindo.

Inclusive minha pressão. A única coisa que senti antes de apagar foi os braços de Seungkwan segurando meu corpo.

Eu havia desmaiado de nervosismo.

the spyOnde histórias criam vida. Descubra agora