the spy

02. missão impossível

Minhas pernas tremiam freneticamente como em um tique nervoso, enquanto eu esperava Seungcheol chegar na sala para mais novidades sobre a tal missão.

Apesar de eu não gostar muito desse meu trabalho, as missões que faço são boas o suficiente para fazer com que eu não me demita de uma hora pra outra. Sim, eu estava nervoso para saber o que eu tinha que fazer, já que eu era a peça chave dessa agência, eu me sentia como aquela cartinha na manga para capturar alguém. Eu esperava adrenalina, eu gostava daquilo, era o que me mantinha vivo.

Quando Seungcheol finalmente entrou na sala, meu coração disparou. Ele não pronunciou uma palavra até chegar perto do grande quadro branco e ao descobrir, revelou diversas fotos de três homens, mas a que estava no centro era sempre a foto do homem principal de todas as missões. Nem sempre este "personagem" principal é o assassino ou o fora da lei, já houve casos em que era a vítima, mas bem, ele não tinha muita cara de vítima. O chefe da agência encarou todos naquela sala, mas eu em específico, claro. O olhar dele queimava sobre mim, fazia eu me sentir como um pequeno grão de areia em uma ampulheta, ele podia me fazer de gato e sapato se quisesse, e eu tinha que fazer o que ele me mandasse sem questionar.

Seungkwan também estava nervoso, batia uma caneta sobre a palma de sua mão, fazendo um barulho que já estava começando a me irritar. E do seu lado, Lee Jihoon, o carinha mais gente boa e mais inteligente daquela agência, ele teclava tantas vezes naquele teclado do notebook que eu me perguntava como aquilo ainda não havia quebrado.

— Bem. - Seungcheol pronunciou, chamando toda a minha atenção para ele. — Vocês tem uma missão muito importante, talvez a mais difícil de todas, mas vai valer a pena quando a completarem, e espero que façam isso com êxito. - Continuou, andando de um lado para o outro em frente ao quadro branco, e quando parou, colocou seu dedo indicador sobre a foto do homem que mais me chamou a atenção. — Esse cara aqui é um criminoso. O nome dele é Yoon Jeonghan, ele é o maior filho da puta de Nova York, vive dando golpes em homens ricos, isso além de seu histórico de roubo e cúmplice de diversos assassinatos.

— Chefe. O que eu tenho a ver com essa missão? - O questionei, torcendo para que Choi não me xingasse.

O mais velho apenas encarou minhas orbes, passou sua língua sobre os lábios e chegou um pouco mais perto de mim com aquele seu olhar sério fitando até minha alma.

Meu suor já estava escorrendo pelas costas.

— Você vai precisar fingir, se comportar, falar como um homem rico. - Gesticulou, se sentando em sua cadeira de couro em frente a mim. — O governo vai bancar todos os seus gastos com roupas de grife e afins. Eu quero que você conquiste o Jeonghan. Você é um dos nossos agentes com as características perfeitas para chamar a atenção daquele desgraçado, já que o gosto dele é... Refinado para homens.

Eu não pude deixar de sorrir com o que Seungcheol me dissera, mesmo sendo um elogio indireto, ainda assim fiquei feliz com aquilo. Se qualquer pessoa entrasse naquele lugar, acharia que era uma agência de modelos, e não do FBI. Obviamente eu não era o único bonito de lá.

— E eu, chefe? - Pude ouvir a voz de Seungkwan atrás de mim, e de súbito, Choi se levantou novamente, agora encarando Boo.

— Você vai ser o parceiro do Jisoo pra essa missão. Não quero que pareçam como namorados, quero que se portem apenas como amigos. - O homem apontou para a foto do lado direito da fotografia do golpista. — Esse aqui é Kwon Soonyoung. Pode não parecer, mas ele é um dos assassinos de aluguel, e o braço direito do Jeonghan. Esse cara trabalha junto com esse daqui. - Botou o dedo indicador sobre a foto do terceiro homem. — O nome dele é Jeon Wonwoo, ele é o mais "clean" daqui, o histórico dele só tem um assassinato e um roubo a mão armada, ele é o mais civilizado entre eles. - Riu, voltando a nos encarar. — Vocês precisam tomar muito cuidado, por mais que não pareça, eles são tão perigosos quanto um serial killer.

— Sim, chefe! - Falei em uníssono juntamente com Boo.

— Vocês serão enviados amanhã às vinte e duas horas da noite para a boate mais luxuosa de Nova York. O Jihoon hackeou o celular do Jeonghan e encontrou algumas conversas dele com um dos amigos. Eles combinaram de virar a noite na boate, portanto, quero vocês atentos.

— Espere. - Boo proferiu. — Se o Jihoon conseguiu hackear o celular do Jeonghan, então por que vocês não mandam uns policiais lá pra prender ele e já era?

Eu realmente pude sentir a raiva do olhar de Seungcheol queimando no rosto do Seungkwan mas preferi ficar calado e só escutar a resposta do chefe, afinal, eu também estava um pouco curioso sobre isso. Não deve ser tão difícil assim pra prender a droga de um golpista, se fosse um psicopata eu até entenderia a dificuldade. Mas enfim, deve ter um motivo muito bom pra isso, Seungcheol era tão esperto quanto Jeonghan, ele sabia sobre tudo e todos.

E eu não iria me impressionar se ele soubesse até meus segredos mais secretos.

— O Jeonghan é inteligente, Seungkwan. Ele anda com diversos seguranças disfarçados, assim como nós. Eu preciso de vocês, em específico o Jisoo, para se aproximarem dele, e assim poderemos pegá-lo quando estiver sozinho. - Choi respondeu no tom mais simpático que conseguiu. Por algum motivo – estranho – ele estava mais dócil do que de costume.

Aquilo me deixava preocupado.

— Eu vou ter que beijar ele, chefe? - Eu questionei, apoiando uma mão sobre meu queixo.

Seungcheol riu em escárnio. Era como se eu tivesse feito a pergunta mais óbvia que ele já ouvira em sua vida.
As vezes me pergunto se eu pareço um bobalhão. Todos riem das coisas que falo. Será que eu pareço muito "certinho" para esse mundo de hoje? Não sei, mas de qualquer forma, não penso em mudar meu jeito por conta disso.

— Você vai ter que fazer muito mais que isso, Hong. - O mais velho respondeu sorrindo ladino, me fazendo engolir seco.

Minhas bochechas queimavam, e eu podia imaginar que meu rosto já estava no último tom de vermelho. Também pude escutar a gargalhada de Jihoon ao meu lado, aquilo me deixou mais envergonhado ainda.

Ok... Eu literalmente irei ter que transar com a droga de um golpista que ainda por cima se envolveu com uma caralhada de assassinatos.
Eu observei bem a foto de Jeonghan enquanto eu ponderei aquela ideia diversas vezes em minha cabeça. Ele realmente estava muito bonito na fotografia, mesmo estando distraído. Por um momento pensei em como ele seria pessoalmente.

Bem, mas até que não seria tão ruim transar com ele.

Mas claro, irei fazer tudo isso somente pelo FBI.