12. meu eu interior

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Me responda uma coisa: o que te faz se apaixonar por alguém?

Beleza? Personalidade? Sorriso cativante? Gostos em comum? Forma de pensar ou de agir? Ou você acredita que apenas a presença silenciosa daquela pessoa lhe faz sentir aquelas famosas borboletas no estômago?

Yoon Jeonghan, o homem que era pra ser meu maior inimigo, acabou se tornando meu maior amor, e com seu jeito misterioso, imprudente e irônico de ser, fez com que eu descobrisse como é amar alguém novamente, mesmo depois de eu ter meu coração calejado por relacionamentos e paixões anteriores. Sim, eu estava ciente de que tudo aquilo que eu sentia por ele era em vão. Jeonghan não sentia o mesmo por mim, e eu fui enviado já sabendo daquilo. Eu me preparei o máximo que pude para não cair em suas armadilhas de amor, e como eu temia, acabei sendo pego e trancafiado na prisão que é amar um homem que, por mim, eu nem sequer deveria chegar perto.

Irônico, não?

Meus olhos não conseguiam parar de fitar o contato de Jeonghan salvo em minha agenda do celular. Meu consciente em uma eterna confusão sobre o que fazer, sendo que as opções eram meramente óbvias e poucas. Já era tarde da noite quando cheguei da agência depois de precisar me esquivar para não ser visto por Boo Seungkwan. As duas garrafas vazias de cerveja sobre minha mesinha de centro, indicavam que eu já estava pra lá de bêbado, considerando que sempre fui muito fraco para ingerir bebidas alcoólicas. Infelizmente aquilo era preciso, até porque eu estava – mais uma vez – nervoso por conta de Yoon Fucking Jeonghan. Meu fígado e minha gastrite já se esganiçavam em decorrência de todo aquele álcool fazendo efeito em meu organismo. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o celular, e meu coração disparado como um carrinho de Fórmula 1.

Agora, a pergunta que não quer calar: realmente valeria a pena todo o meu esforço por Jeonghan?

Eu poderia muito bem tentar me esquecer dele e ir correr atrás de alguém que gostasse verdadeiramente de mim. Alguém que, involuntariamente, não me obrigasse a fazer muitos sacrifícios para o conquistar ou simplesmente tê-lo em meus braços por um momento

Alguém que não me transformasse como Yoon Jeonghan transformou.

Mas eu precisava tirar aquelas dúvidas por mim mesmo, e, como meu pai dizia: "eu já estava com a faca e o queijo na mão." Então, por que não arriscar, certo?

Apertei no comando para discar o número do golpista, deixando no viva-voz quando iniciei a chamada. Meu nervosismo longe de cessar, e quanto mais eu ouvia o "bip" da chamada em espera, mais minhas esperanças se secavam e as paranóias dele ter descoberto tudo sozinho antes mesmo de eu contar, se faziam mais presentes. Foi quando me preparei para desligar o telefone, que uma voz mais firme que a de Yoon atendeu o celular. Meu desespero aumentou.

Celular particular de Yoon Jeonghan. Quem gostaria?

Soltei um leve pigarreio, a fim de disfarçar minha voz grogue.

— Oi. Aqui é Joshua Hong, o investidor de ações. Com quem eu falo?

Kwon Soonyoung. Ao seu dispor.

Uau. Parece que ganhei um mordomo, e ainda de quebra, assassino.

— Olá, Soonyoung. Preciso conversar com Jeonghan. Ele está disponível agora? É um assunto de urgência.

Vou chamá-lo, senhor Joshua. Só um momento. Com licença.

— Obrigado. - Ditei rapidamente antes que Kwon passasse a ligação para Jeonghan.

Enquanto eu esperava (im)pacientemente pelo golpista, pude ouvir sussurros e risadas vindos do outro lado da linha. Eles pareciam estar em um lugar bem movimentado, e com isso, deduzi que Yoon tinha uma outra companhia além de Kwon Soonyoung e Jeon Wonwoo. Senti um leve desânimo ao ponderar tal possibilidade.

Joshua! Quem é vivo sempre aparece. Por onde andou? Por que fugiu daquele jeito no restaurante? Você está bem? Por que sumiu repentinamente? Eu senti sua falta, sabia?

Boiola, eu diria.

Confesso que fiquei até um pouco atordoado pela quantidade de perguntas vindo daquele homem. Eu não estava preparado para ouvir aquilo, mas a única frase que fez meu coração palpitar e um sorriso bobo moldar meus lábios, foi: eu senti sua falta. Aquilo parecia tão real e ao mesmo tempo tão falso.

— Respira, Jeonghan. Eu estive ocupado resolvendo uns assuntos da bolsa de valores, nem tive tempo de me divertir, ent-

Quer dizer que eu sou apenas uma diversão pra você, Joshua? Aposto que nem pensou na minha proposta. - Yoon me interrompeu, com desespero estampado em seu tom de voz.

Ele ainda se lembrava da proposta de namoro...

— Pois saiba que eu pensei, sim. Liguei porque quero te encontrar justamente para te dizer minha resposta, e para fazer uma confissão. É até engraçado. - Ri, recebendo risadas do golpista.

Então tudo bem, Joshua. Pode me encontrar amanhã no parque? Eu te mandarei a localização e a hora pelo aplicativo de mensagens.

— Okay. Nos vemos amanhã, Yoon Jeonghan.

Não se atrase. Eu vou contar cada segundo até poder te encontrar novamente. Beijos, Joshua! - Terminou, mandando um beijinho antes de finalizar a chamada.

Conquistador barato jogando cantada barata. Foi por isso que você se apaixonou, Hong Jisoo?

Foi, sim.

Eu já reconheci que me apaixonei por ele. Eu sorria como um idiota enquanto olhava um ponto fixo qualquer. Só que dois problemas fizeram o sorriso bobo se esvair.

Primeiro: como eu chegaria até Jeonghan, sendo que eu não tinha roupas de grife e aquele carro foi emprestado pelo governo?

Segundo: se eu contasse para ele que o conheci apenas com o propósito de o investigar, mas acabei me apaixonando, ele acreditaria ou mandaria seus capangas me matarem?

Valia a pena dar minha vida por Yoon Jeonghan?

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