Capítulo 3

462 61 14
                                    


A cena não era crível na cabeça de Hande. Nunca em todos esses anos de sua vida, acreditaria que estaria em um quarto de hotel, com uma tesoura na mão, cortando o cabelo de Kerem Bürsin, o super agente cuja vaga ela estava ocupando. Mas estava. De início parecia tudo desconfortável, começando por vê-lo de roupão de banho, tentando não ficar vermelha e distraída. Depois, por vê-lo sem barba, o que já deixava o seu rosto mais visível e a situação mais complicada para Hande. E por último, estar tão próxima dele, a ponto de sentir seu coração batendo, enquanto cortava mecha por mecha. Em silêncio começou e em silêncio continuou, tentando pagar sua promessa de ajudá-lo e sair o mais rápido dali.

Mas ao que parecia Kerem tinha outros planos.

- Então, seu nome é Hande. Você é nova no MIT. O que mais devo saber sobre você? - disse para quebrar o silêncio entre ambos.

- Que eu tenho uma arma na minha cintura e uma tesoura no seu cabelo. - seu sorrisinho debochado para o espelho fez Kerem sorrir.

- Ok, eu deveria me sentir intimidado, então? - provocou.

- Você se sente intimidado? - provocou de volta.

- Não, mas eu quero saber porque te enviaram para me resgatar.

- Não me enviaram.

- Uhm. - por essa ele não esperava.

- Quer dizer, nós recebemos uma ligação anônima sobre um comércio ilegal sendo feito por aqui e que talvez pudéssemos encontrar quem estávamos procurando mas, não tínhamos certeza de que você estava aqui. Foram seis meses de buscas feitas por Kivanç e Beren, essa podia ser mais uma pista falsa.

- Então você ter me encontrado foi um acaso. - concluiu com o rosto um pouco preocupado em como as coisas aconteceram.

- Infelizmente - sussurrou.

- O que? - Ele tentou entender se tinha ouvido certo.

- Sim, foi. Eu queria chegar no andar de cima como elemento surpresa, assim como eu e Beren tínhamos combinado, mas eu vi as mulheres e as crianças e você. Não podia deixá-los ali e fingir que nada aconteceu.

- Eu agradeço por isso, Hande. - a voz de Kerem era sincera. - Sabe, nos velhos tempos, talvez eu tivesse feito diferente de você, se estivesse no lugar. Eu provavelmente soltaria aquelas pessoas, sim. Mas depois continuaria o mais rápido possível para o plano combinado. Mas você ficou, me ajudou a sair, assim como aquelas pessoas. - Ele pausou, olhando para a imagem dela no espelho, esperando que ela captasse o significado de suas palavras. - Quero dizer que esse lado humano seu, me parece ser algo que deve manter, apesar das minhas críticas anteriores. E sim isso é um agradecimento por salvar minha vida, serei eternamente grato.

Hande ficou vermelha imediatamente e agradeceu por ele estar de costas. Mas logo se lembrou que o espelho não ocultaria seu rubor de Kerem.

- Obrigado, agente Bürsin.

- Por favor, me chame de Kerem. - sua voz era forte, certa, feliz em dizer o próprio nome em voz alta.

- Kerem. - Ouvir a voz de Hande dizendo seu nome era melhor ainda.

- Agora vai me contar como foi parar no MIT? - tentou voltar ao assunto principalmente para conhecê-la melhor.

- Por que está tão curioso sobre isso? - agora era ela quem estava curiosa.

- Por que sim. Se você entrou nesse meio tempo, quero saber porquê. - deu de ombros fingindo não ter tanto interesse assim.

- Uhm. - eu entrei à seis meses. Antes estava no departamento de arquivos em Ancara.

Partners in CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora