Prólogo

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Istambul

Uma batida forte na mesa. Uma batida impaciente, frustrada, preocupada.

Ahmet estava frustrado. Coçando a barba, já com vários fios brancos, em uma forma de expressar seu nervosismo, horas olhando para as paredes de sua sala, horas olhando para o vazio nos olhos do filho, Kivanç. Apesar de sua audição abafada, pelo turbilhão de pensamentos, no fundo, Ahmet conseguia ouvir os vários toques do telefone, diversas pessoas tentando lhe contatar, saber o que realmente aconteceu.

- Pai... - Kivanç chamou com a voz uns décimos mais grave. "Era embargo em sua voz?", Ahmet se perguntava.Antes que pudesse concluir algo, duas batidas na porta de vidro e puxador de aço cromado, e já não estavam mais sozinhos.

- Senhor Ahmet, sinto muito, mas os superiores querem mais detalhes sobre o que aconteceu com o...

- Está bem, Elcin, eu atenderei. - interrompeu sua secretária antes mesmo que mencionasse o nome.

- Pai, nós precisamos mandar outra equipe de buscas, isso não pode ficar assim! - Kivanç parecia mais controlado, mas não menos preocupado.

Ahmet o encarou, puxou o telefone e fez gesto para que esperasse. Kivanç suspirou, desistindo da conversa. Preferiu se pôr em silêncio e sair. Mas não sem demonstrar sua verdadeira insatisfação pela omissão do pai, ao bater a porta sem gentileza.

- Senhor Kivanç, eu posso fazer alguma coisa para ajudar? - Elcin realmente estava preocupa com os patrões, que desde o telefonema das nove, nunca tinham estado tão angustiados.

O sorriso pequeno, de lado, confirmou para Elcin que não havia muito o que fazer.

- Elcin, ligue para Kadir, chame-o aqui, agora. E se o velho sair, me deixe avisado, por favor. - Ele não olhava mais para a secretária quando disse a última parte. Seu olhar triste estava na porta de vidro que acabara de bater.

- Sim, senhor. - Elcin se despediu, preferindo deixá-lo sozinho, antes que mais alguém entrasse em colapso naquela agência.

(...)

- Kivanç. - Kadir chamou na porta, mas não bateu.

- Kadir. - O aceno era rápido, de quem tinha pressa e precisava de uma resposta rápida para as milhões de perguntas que passavam em suas expressões. - Preciso de uma nova equipe de busca, não importa para mim o quanto irá custar. - Mesmo sentado em sua cadeira, Kivanç parecia tudo, menos confortável.

- Kivanç, seu pai não permitiu uma nova busca. - Kadir cruzou as mãos, em falsa obediência. Talvez, se Kivanç não fosse um bom observador, esse personagem poderia convencê-lo, mas para o azar de Kadir, esse não era o caso.

- Não me importo. Eu quero uma busca minuciosa em todo o local do ataque e quero os melhores nesse caso Kadir, somente os melhores.

- E o que eu faço se o seu pai vir me desautorizar?

-Diga para falar comigo, diretamente.

- Certo. - Kadir apertou os lábios, incerto, mas preferiu acatar a ordem de seu superior, mesmo que o matasse chamar de "superior" uma pessoa que tinha a mesma idade e nunca trabalhou tanto quanto ele para estar naquela posição. No entanto, um dia esperava conseguir o mesmo cargo, as mesmas vantagens, se soubesse jogar com as peças certas. Afinal, se Kadir poderia ser comparado à um animal, uma cobra seria uma perfeita analogia. Quieta, sorrateira, esperando o momento mais vulnerável para atacar.

Antes que Kadir pudesse chegar à porta, Beren já estava com parte do corpo para dentro da sala, sem importar permissões. Kadir, abriu a boca para relatar o abuso, mas foi interrompido antes mesmo de dizer algo.

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