Capítulo 4
Kerem fora o primeiro a acordar. Não tinha dormido de maneira tão profunda como antes do pesadelo, então os primeiros raios de sol que atravessavam as janelas, não custaram para despertá-lo. Assim, ver a luz do sol entrar pela janela, sentir uma cama confortável em suas costas, ar puro, roupas decentes no corpo, era como ser humano outra vez. Nas poucas horas em que estava no mundo "normal", se pegava sempre fazendo paralelos, estranhando toda e qualquer sensação que antes lhe era comum. Não era ingênuo de pensar que o submundo onde fora trancado tinha ficado para trás, porque fisicamente poderia ser verdade, mas psicologicamente, não. Seus dias atormentados sempre seriam uma sombra por trás de todo o seu ser. Teria que aprender a lidar com isso, era o que Kerem pensava. Sabia que a vida que escolhera não seria fácil e não estava disposto a deixá-la. Por isso mesmo, cogitou a possibilidade de terapia, mas não com os psicólogos do MIT. Um civil, que pudesse lhe ajudar com seus problemas do passado, também.
De repente, os pensamentos de Kerem foram deixados de lado, ao sentir o colchão se mexer, devagar. Olhar para o lado e ver Hande, dormindo, fez com que ele também sentisse algo estranho, mas dessa vez não algo que tivesse experimentado antes. Estava muito curioso para saber mais daquela garota ousada. Também para saber o que tanto a deixava travada quando estava perto dele, como se algo realmente a incomodasse. Pensou em perguntar, mas sentia que ela não falaria assim, tão fácil.
- Que horas são? - ela perguntou, encarando Kerem com um dos olhos aberto. Ele percebeu que a encarava por tempo demais e por isso, afastou o olhar para outro canto do quarto.
- Pela luz do sol, parece ser próximo às 9 da manhã. - sua cabeça fez gesto em direção à janela.
- Desculpa, eu acabei pegando no sono aqui. - ela começou a se levantar, ajeitando sua roupa do dia anterior.
- Não tem problema, você estava me fazendo um favor, eu agradeço. - Nesse momento, procurava o olhar dela, outra vez.
- Que tal deixar os agradecimentos de lado e ir tomar café? - disse se levantando da cama e mudando o rumo da conversa. -Você deve estar com fome.
- Não sei o que é um café decente à meses. - ele ponderou. Gostando a ideia de ter uma vida normal outra vez.
- Eu imagino. Se não quiser sair do quarto, posso pedir café pelo serviço de quarto. - ela apontou para o telefone da mesa de cabeceira.
- Você quer pedir café na cama - ele pausou com um sorriso malicioso - pra gente? - agora sua voz, seu olhar, eram completamente divertidos.
Hande arregalou os olhos e começou a corar.
- Não, eu estava dizendo para você. Tenho certeza de que Beren está me esperando de qualquer forma.
- Eu tenho certeza que ela não está te esperando. - Kerem disse baixo, enquanto saía debaixo dos lençóis e se levantava. - De qualquer forma, irei tomar café com vocês no restaurante.
Hande concordou com a cabeça e olhou para os próprios pés.
- Se você não se importar, eu preciso ir para meu quarto.
- Claro que não me importo, já fez demais por mim.
- Está bem, até mais. - antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, como uma rajada forte de vento, Hande saiu pela porta e a bateu atrás de si.
No corredor, Hande tentava encontrar uma explicação lógica para dar a Beren sobre seu sumiço, mas todas pareciam bem ridículas, até mesmo a verdade. Pensou que talvez fosse melhor dizer nada. No entanto, a preocupação de Hande em buscar desculpas se anulou ao ver a amiga sair de um quarto, que não era o delas. Ela poderia pensar que a amiga já estava de pé, trabalhando, mas Beren vestida somente com uma camisa social, na ponta dos pés, com cabelos desgrenhados, não era uma Beren trabalhando.
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Partners in Crime
FanfictionAncara, capital da Turquia, lar de Hande Erçel e de seus sonhos de ser livre. Sempre sonhou com o dia em que seria promovida a espiã em campo, sairia do "arquivo" e iria para a sede em Istambul. Finalmente, depois de muito tempo e trabalho duro, é...