O médico tinha acabado de fechar sua pasta e entregar uma receita para Hazal, deixando algumas instruções para cuidar de Kerem caso a crise voltasse, quando Kivanç apareceu desesperado na porta como quem tinha corrido uma maratona inteira. Seu primeiro olhar foi do primo deitando na cama, inconsciente, para Hande que estava sentada ao lado, fazendo um cafuné discreto, e depois para Hazal que também o encarava assustada.
- Obrigado, sr. Asli. Eu ligo se precisar de algo. - Hazal se despediu do médico, antes que Kivanç estourasse de vez.
O médico acenou para ambas as moças e deu um toque no ombro de Kivanç quando passou pela porta e se foi. Atrás de Kivanç estava Beren, tentando acalmá-lo com uma das mãos em suas costas.
- Hazal. - Kivanç começou a perguntar. É claro que estava assustado. Era a primeira vez que via seu primo assim.
- Calma, Kivanç. Foi uma crise de ansiedade. Está controlado. - Hazal se colocou na frente do primo.
Kivanç soltou o ar pela boca, tentando se acalmar.
- Por que deixaram ele sair, Haz? Ele tinha instruções dos médicos para não sair de casa enquanto não passasse por mais exames, mais visitas aos terapeutas. Ele estava sob efeitos de remédios! - O tom de Kivanç era triste, irritado e acima de tudo preocupado.
Beren nunca tinha presenciado tamanha consternação por parte de Kivanç e nem pensava que poderia ficar preocupado dessa maneira pelo estado de outra pessoa. Geralmente, o cara com quem ela lidava era o Kivanç divertido, mulherengo, de bem com a vida, sem lidar muito com as profundidades dos assuntos, uma pessoa que não se podia levar a sério. Aquele que estava na sua frente não era nada daquilo. Era preocupado, se importava com os outros e principalmente parecia querer proteger com unhas e dentes os seus.
- Desculpa, Kivanç. Foi comigo que ele saiu, não sabia de todas essas restrições e se soubesse, não teria deixado vir comigo. - a voz de Hande era miúda, de tão culpada que se sentia pela gravidade e proporção que aquilo se tornou.
Kivanç suspirou e encarou Hande.
- Não se culpe. Você não poderia saber. Mas ele sabia. A culpa é dele, que não obedece uma instrução. Nada.
- É Hande, não fique mal - Hazal se sentou na cama, segurando uma das mãos de Hande. - Meu irmão não obedece nada, ninguém. O Kivanç tem lá sua razão.
- Eu tenho sim e eu vou socar esse retardado, assim que ele estiver bem. - Kivanç bufou e olhou para o primo mais uma vez.
- Tá, acho que vocês precisam de um chá para se acalmarem. - Beren interveio, puxando a mão de Kivanç para a sua.
Kivanç notou o gesto e esboçou um pequeno sorriso diante da cordialidade. Apertou um pouco mais a mão de Beren e olhou para ela, de lado.
- Vamos tomar um chá, então. E deixar o Kerem dormir em paz. - disse olhando para Hande e Hazal, convidando-as.
- Eu já vou, podem ir na frente. Preciso falar com Hande um pouco. - disse Hazal sorrindo educadamente para Hande.
- Está bem. Vamos Beren. - Kivanç puxou Beren com ele, para fora do quarto de Kerem. Restando somente Hazal e Hande ali.
Hande estava um pouco tímida diante da irmã de Kerem, principalmente porque a tinha conhecido naquela tarde. Foi reconfortante quando Hazal a compreendeu e não fez muitas perguntas.
- Obrigado por ter trazido meu irmão em segurança. Sei que não se conhecem a muito tempo mas, salvou a vida dele mais de uma vez. Eu sou muito grata. - O olhar de Hazal era sincero, apesar de conter muita preocupação. - O Kerem é como o Kiv disse, impulsivo, não obedece muitas ordem, principalmente por achar o jeito dele sempre o melhor - ela riu nessa parte - Então nem sempre dá pra confiar que ele está cem por cento bem, entende? Por isso a minha frustração e a do Kivanç também. Não é culpa sua.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Partners in Crime
FanfictionAncara, capital da Turquia, lar de Hande Erçel e de seus sonhos de ser livre. Sempre sonhou com o dia em que seria promovida a espiã em campo, sairia do "arquivo" e iria para a sede em Istambul. Finalmente, depois de muito tempo e trabalho duro, é...