— Você pode se abrir comigo, se quiser. Confie em mim.
Aquela era a frase que ela sempre quis ouvir da mãe desde que se nomeou adolescente aos 14 anos de idade. Ela queria ter tal liberdade para expressar os seus sentimentos e gostos sem ser julgada pela mãe catequista. Mas Ellen apenas percebeu que essa frase deveria sair de sua boca agora, com a filha no quarto olhando para os seus objetivos com nenhuma emoção.
A pianista não estava triste. Mas também não estava com raiva. Ela passou semanas sem ir para a escola pensando em como tinha sido enganada e manipulada em sua vida. De começo, os pais tomavam conta daquele espaço, mas com o passar dos meses na nova cidade, o manipulador foi o seu próprio primeiro namorado.
Deveres não a importavam tanto, Tommy sempre trazia as novas atividades mas obviamente, todas as respostas das questões estavam tão erráticas que ela mal se dava o prazer de abrir o seu caderno cheio de post-it. Sua vida virou uma completa bola de neve, mas não era drama de ex-namorados: era a bolha que ainda a perseguia no passar dos dias.
Heather estava certa. Rodrick estava certo. Annelise, apesar de todo visual deslumbrante, ainda atraia a antiga de qualquer forma. Aquilo não estava sendo um problema, mas agora era tudo que Anne mais se culpava.
Era domingo, último dia da semana e mais grandioso para a família Burfield. Os domingos de manhã sempre se resumiam em ir para a igreja como bons cristãos que eram. Depois que a filha mais velha entrou na banda dos outros três garotos, ela tinha esquecido daquele cotidiano e ignorava. Mas agora, mais do que nunca, ela queria voltar a sua rotina.
A adolescente poderia admitir que por toda a caminhada para a igreja, sentia medo de ver a pessoa mais indesejável do momento. Mas quando as portas já estavam abertas, apenas Susan, Frank, Manny e Greg ocupavam a segunda fileira. Além de ser um grande grosseiro, Rodrick também faltava aos eventos de igreja como um bom delinquente que era.
O culto, apesar de seus típicos devaneios, foi algo bom para a garota tentar colocar a cabeça no lugar. O pastor local havia dito, entre tantas mensagens para os cristãos ali presente, que "uma memória pode ser difícil de ser esquecida, mas quando ela finalmente desaparece, nós nem sequer damos conta em como um dia ela foi significante em nossa vida". Apesar de qualquer coisa, ela queria que todas lembranças sobre Rodrick fossem esquecidas. Cada beijo, cada abraço, cada sorriso. Tudo que um dia pareceu real, agora a mostrou a superficialidade.
Entre tantas circunstâncias de deixá-la ainda mais triste, ainda havia uma luzinha em seu coração amargurado que sempre a animava todas as tardes depois do horário da escola. Tommy era, com toda a certeza, essa pessoa.
Ele era o tipo de cara que independente de qualquer coisa que possa o impedir de sorrir, ainda continuaria enérgico e animando a vida de seus amigos. Nos últimos dias, ele arrancou tantas risadas de Annelise contando sobre os seus encontros secretos — que não eram nada secretos — com o Louis que a fizera rir mais do que em 5 anos.
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O (NÃO) Diário de Rodrick Heffley
RomanceTodo mundo já ouviu falar do Diário onde Greg Heffley desabafa sobre sua vida de "banana" e ganha toda a atenção. Mas... E o Rodrick? No início do ano escolar, onde é visto incrível para uns e um fracassado para a maioria, Rodrick Heffley e os membr...