28 de Outubro - parte 3

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Pouco tempo depois, chegamos à casa de Arthur. O rapaz, ainda abalado, se trancou no quarto. Devia ter ficado chateado por eu não mostrar empolgação com o fato de a nossa união ser importante. Na verdade, até eu estava confusa.Aquilo tinha me surpreendido.

       Precisava tomar um banho, mas a preguiça de preparar a banheira me tirava a vontade. Então decidi ir até a sacada intitulada de PARIS. Tirei minhas roupas ficando apenas com uma lingerie preta. Em seguida mergulhei na piscina para arejar a cabeça. O contato com a água fria foi um grande alívio. Eu parecia uma panela fervendo que precisava de uma torneira para se esfriar. Após algumas braçadas, descansei encostada na beira da piscina.

      Meus pensamentos giravam como um pião, ideias fervilhavam em minha mente. Queria paz por uns segundos. Mergulhei, buscando-a no fundo da piscina.Talvez no silêncio das águas meus pensamentos pudessem cessar. A água me dava uma sensação de relaxamento. Desprovida de sons, permaneci na posição até o ar existente em meus pulmões acabar para assim subir à superfície. O problema foi quando quis subir. Algo me impedia. A água parecia cimento, não me permitindo dar impulso. A falta de ar foi me deixando tonta, fazendo meus sentidos ficarem confusos. Abri minha boca involuntariamente. Aquilo piorou a situação. Tinha vontade de tossir. Entrei em choque. Não tinha forças para me debater. Ao deixar o cansaço vencer, fechei os olhos e tive uma visão.

     Via-me completamente molhada repetindo as frases de Arthur perante aporta do escritório trancado. Notei que a visão não era uma qualquer. Aquilo era uma visão do futuro.

      O peso nos ombros afrouxou. Abri os olhos, ao mesmo tempo as asas. Subi em uma velocidade incrível, como a de um jato militar. Caí esbaforida na superfície, na beira da piscina, tentando puxar o máximo de ar possível para os pulmões. Tentei levantar, mas sem ar era difícil ter forças. Logo a respiração voltou ao normal. Em seguida, fiz minhas asas me levarem ao corredor do escritório da mãe de Arthur. Molhei a casa inteira no caminho. Mas não me importava. A visão não tinha sido à toa.

      No corredor vi pela primeira vez um porta-guarda-chuva. A varinha para acionar o encantamento só podia estar lá. Despejei tudo no chão na esperança de achá-la. Foi inútil. Desesperada, peguei um dos guarda-chuvas, batendo-o com força na parede em um momento de fúria. Parei para respirar tentando enxergar com clareza o local. O guarda-chuva quebrado mostrava uma parte danificada,na cor de mogno. Mogno significava madeira polida. A varinha estava dentro do guarda-chuva.

W for the witches who exist in the world. I is the intelligence that theypossess. C the courage in facing the danger. C is the conscience in seeing the goodand A for adore god, the goddess and all its creatures. Wicca is my life. Wicca ismy home.

     A porta abriu de mansinho. Uma luz branca fantasmagórica surgiu. Tive receio de entrar, mas era melhor seguir minha intuição.

Hoje descobriria tudo.

Ou quase tudo.

      Quando decidi entrar, empurrei a porta. A luz surgia no fundo do escritório.Levei um susto ao ver que de fato a luz saía do corpo de uma mulher plasmada à minha frente, me olhando como se aquela cena fosse a mais normal possível. A vontade era de gritar. Ou seria correr? Os traços físicos da mulher me lembravam Diana. Também Arthur. O mesmo tom de pele, o mesmo cabelo escuro bagunçado. Aquele ser fantasmagórico deveria ser a mãe do rapaz.

 – Vai ficar muda para sempre, Melanie Aine? – perguntou em uma voz distante, metálica, o ser indefinido à minha frente.

     Espantada, perguntei como sabia meu nome e o que exatamente era. Sabia sobre fantasmas. Não acreditava que um ser tão evoluído como a mãe de Arthur poderia ter se tornado um. Apenas os não evoluídos vagavam pela Terra.

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