Capítulo 3

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Skye foi rápido, atigindo um golpe na cabeça da besta, impulsionando seu corpo com brutalidade, fazendo com que Gwen entre ainda mais no leito do rio ao se afastar para trás, com tempo o suficiente de Sky remover a lançar em um estalo e enfiar outra vez, no monstro, que gritava e jorrava sangue sobre o corpo de Gwen abaixo.

Ele girou a lança no buraco perfurado, arrancando pedaços de carne, estralando ossos e cartilagem em um som horripilante unificado com os gritos demoníacos. Ela poderia jurar como viu os fios de veias sanguíneas se rasgando pela brecha na carne branca.

Em um gesto rápido, a besta tentou um último golpe, erguendo a garra contra a garota no chão. Gwen urrou, chutando a cabeça do monstro, enterrando ainda mais a lança, com a ponta vindo por completo para fora de sua boca. Havia uma enorme abertura atrás de seu crânio, por onde Sky puxou de volta a lança, chutando a besta para longe de sua amiga.

Deu passos para ela, girando a lança em sua mão, estendendo a outra para uma Gwen molhada, ofegante e coberta por sangue negro de monstro, que naquele instante, queria sufocar o amigo em um abraço. Ele havia salvado sua vida. Como sempre fizera. Um sendo o protetor do outro. Aquele que estaria lá quando o outro precisasse.

Mesmo quando ele se arriscou em um gesto tolo, quando atraiu a besta para si, tentando dar tempo para que Gwen saísse de seu declínio de horror.

— Fico feliz em ver que esteja bem. Mas não poderia ter chegado um pouquinho antes? — Gwen sorriu para ele, grunhindo um gemido, agarrando sua mão estendida e se permitindo ser erguida.

O garoto de cabelos loiros como mel, enrolados, que caiam por seu rosto jovem, mal cobrindo as orelhas pontudas e afiadas, sorriu para ela. Alguns filetes de gotas de sangue deslizavan por sua face, descendo pelo corte na testa.

Desculpe, acabei tirando um cochilo. — Ele ironizou, enquanto ela batia as mãos em suas roupas molhadas e removia a sujeira o quanto podia.

O casaco de pele de coelho estava em frangalhos. O sangue preto e podre da besta parecia ter grudado em suas vestes, portanto, ela fingia que não havia uma gota se quer daquilo em seu rosto, embora Skye a fitasse enojado.

— O quê? — Retrucou para o olhar dele.

— Você está com um cheiro podre. — Constatou, franzido o nariz, os olhos meio cerrados.

Ela rolou os olhos nebulosos.

— Ah, sério? Eu nem poderia imaginar.

— Deve ser porque esse cheiro não é muito diferente do seu, Gwen. — Skye não conteve um riso.

Gwen estava prestes a emendar um comentário sarcástico, quando um guinchar seco e rouco, quase inaudível, soou atrás deles.

Por um instante, tinham esquecido da criatura que estava a um metro deles. Que grande descuido.

A criatura se arrastava, a boca rasgada e sangrenta parecia conjurar palavras de ódio em uma língua antiga.

— Isso não é uma criatura comum de Eldar, não é? — Skye indagou, levando o olhar para ela. — Nao como as que Gillyn e os anciões dizem espreitar lá fora. Não é algo natural. É uma abominação da natureza. Isso é... Profano.

Gwen concordou.

— Queria não acreditar em minha conclusão.— Ele pareceu engolir em seco ao prosseguir. — Mas acho que é uma das bestas do...

Fosso. — Gwen concluiu por ele. O olhar firme ao confirmar suas próprias constatações sobre aquilo. — Provavelmente.

O olho oco intacto estava fixo nos dois Lorioran, parecera aumentar com a aura de ódio que vazava por ele. O outro ainda deslizava jorros de sangue pelo ferimento.

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