Capítulo 4

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Em um dos pequenos chalés, nos arredores do centro da aldeia, na área de baixo. Com um jardim de flores cintilantes, que ao anoitecer, ilumiavam a área junto aos Twink's, pequenas criaturas com asas que brilhavam como chamas, que viviam nos arredores das árvores de Wenkael. No chalé, com uma pequena janela de vidro, com madeiras velhas e desgastadas pelo tempo, vindas dos caules de salgueiros e figueiras, a vó de Gwen, encarava os dois Lorioran com uma sobrancelha erguida e aquele olhar severo e tenebroso de ameaça. Os olhos âmbar, ganhavam um tom laranja quando ela se tornava irritada. Quase avermelhados. Naquele momento, o mais intenso dos laranjas ardia em suas íris como cobre. Como brasas de forjas abrasantes.

Aqueles olhos severos, sempre a lembravam o quanto a mulher poderia ser aterrorizante irada.

Gwen e Skye não a tinham informado sobre sua jornada no bosque, ou que enfrentariam a criatura.

Nem mesmo tinham palavras naquele momento, diante seu olhar fulminante, que alternava para os dois, até a cabeça da criatura no chão, no vão do portal, que transpirava o pior cheiro que se podia imaginar.

Gillyn Briffyn era alta, como a maioria das Lorioran de sua idade, que por sinal, era um mistério para todos.

A avó de Gwen deveria ter uma quantidade inestimável de anos, porque quando um Lorioran chega em sua forma mais velha, é quando se viveu por tempo demais. Apesar que a mulher, com um porte magro e longo, possuía um olhar tão forte e decidido, com longos cabelos loiros, cacheados, enrolados em cipós em uma longa trança que caia até sua cintura.

O rosto possuía linhas de expressões, desde aos cantos dos olhos ao semblante sério franzido.

Ela não disse uma palavra a eles, outrora, aqueles olhos flamejantes pareciam os engolir.

Vovó, eu posso explicar. — Gwen arfou, se pronunciando enfim. Skye pareceu engolir em seco, os olhos travados em Gyllin.

A Lorioran mais velha ergueu um dedo. Aquilo foi o suficiente para que, qualquer justificativa que Gwen montara, se perdesse no olimpo de sua mente.

— Não, nada do que disser vai aliviar minha ira, sua criança tola e imprudente. — A voz grave e severa atingiu ela como um pontapé. Em um instante, quis choramingar diante aquele tom ríspido. Detestava decepcionar sua avó, entretanto, não se arrependera do que fizera. Fora por ela. Por seu povo. — O que vocês estavam pensando? Pela luz! Vocês poderiam ter morrido!

— Mas não morremos. Estamos bem, e o melhor, é que conseguimos matar a besta! — Abriu os braços, levando um para trás de si, indicando a cabeça horrenda ao chão.

Gyllin pestanejou.

— Estão vivos por uma benção, por muito pouco. Nada mais. Gwen, você saiu para enfrentar uma criatura do fosso! Não consegue entender isso? — Gyllin nem olhava mais para eles, massageando a cabeça como se para afastar uma dor irritante, fitando as paredes marrons. — A custo de quê? Você não só arriscou sua vida, como a de Sky também!

O Lorioran estremeceu.

— Gyllin eu...

— Não. Eu sei. — Sua vó cortou as palavras de Skye. Ambos entenderam seu significado. Que mesmo que Gwen o tentasse impedir, ele estaria com ela. Sempre esteve e sempre estaria.

Gwen fitou sua avó, erguendo o queixo, o olhar decidido e determinado. Ela não conseguia acreditar no que ouvira. Sua vó, que sempre lhe ensinou a defender os outros, como seu avô, ao qual Gillyn nunca falava, apenas que havia sido um Lorioran forte que lutara até o fim por seu povo na guerra.

Sua avó, que sempre lhe instruiu a ser bondosa e não permitir que emoções ruins a invadissem. Durante seu século de existência ajudando seu povo, Gwen executou todos os ensinamentos de Gyllin.

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