I'am A Little Monster

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KONOHA — CAPITAL:

O corpo se revira em puro desespero, os gritos ecoam pelo porão ameaçando atravessar as paredes grossas de tecido reforçado e tijolos. Suas pernas chutam o ar querendo se livrar das amarras e enfim acabar com toda a dor. O som das costelas e dos ossos dos braços se quebrando, a cabeça batendo contra a maca de ferro e o sangue saindo pelo nariz, boca e ao redor dos olhos tornam a visão de tudo ainda mais aterrorizante.

Mas não para Senju Tobirama.

O homem observa sua cobaia agonizar em dor e até o último de seus berros de clemencia e desespero ecoar pelo porão. O corpo caim na maca com um baque seco e pesado. Se aproximando do mesmo, Tobirama coloca suas luvas e analisa o corpo da cobaia. Sem sinais vitais, o oco formado pelas costelas quebradas faz seu abdome afundar. O cheiro se torna ainda mais insuportável.

Tirando as luvas, Tobirama se afasta e ergue seu livro de anotações.

Uchiha Hyujin. 32 anos. Causa da morte: Escarlatina.

Resultado dos testes: Edo-Tensei o reviveu, mas a cobaia não sobreviveu por mais de dois muntos, agonizando e tendo hemorragia externa e interna durante o processo. Falha.

O homem chuta a mesa com suas anotações espalhadas. Já é a sua 27° falha este mês com a sua nova Graça, deveria estar dando certo. O Edo-Tensei deveria estar revivendo as pessoas e o mais importante: As mantendo vivas. Não as fazendo voltar a respirar e morrer miseravelmente segundos depois. A Graça deveria se sustentar, depois de anos e anos de testes, monitoramentos, experiências e aprimoramentos, a onde estava errando então?

Tobirama respira fundo e retira suas luvas, jogando-as na mesa, juntamente de seu avental de couro. Seu olhar caí da mesa para o corpo morto — Pela segunda vez —, sobre a maca ensaguentada. Deveria dar logo um jeito nele antes que o cheiro começa a se tornar ainda mais empertigante, se chegasse ao andar de cima, teria dificuldades em dizer que era um porco morto como da última vez. Apenas de imaginar o trabalho que isso dará, ele sente sua dor de cabeça retornar com tudo, o fazendo apertar os olhos e grunhir baixinho.

Deveria incendiá-lo logo.

No andar de cima, a fornada de biscoitos quentes sai do forno espalhando fumaça e o cheiro delicioso pela cozinha. Mebuki coloca a mesma com cuidado sobre a mesa de carvalho e com cuidado afasta a filha dos biscoitos, temendo que ela vá se queimar.

Sakura olha para a mãe com agitação no olhar, a mesma bagunça os cabelos rosados da filha e a afasta mais uma vez da mesa.

(Mebuki) Eu já disse que você tem que esperar eles esfriarem.

(Sakura) Mas quentes eles são muito melhores. — A pequena garotinha de seis anos diz com teimosia. — Eu quero comer eles agora!

(Tobirama) Se comer eles agora, vai ficar com dor de barriga. — Sakura vira o rosto para o pai, que para na entrada da cozinha e a olha sorridente. — Esqueceu como ficou quando comeu aquele bolo recém-saído do forno?

(Sakura) Eu sei. — Bate o pé. — Mas estou com fome.

(Mebuki) Você não está com fome. — Sua mãe ri. — Acabou de comer uma torta quase toda e perdi a conta de quantas maças comeu.

(Tobirama) Eu ainda posso ver as migalhas do recheio da torta em você. V Tobirama vai até a filha e se abaixa para limpar o canto da sua boca. — O que acha de irmos no centro, comprar alguns doces, enquanto os biscoitos esfriam?

Piece Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora