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Segunda feira, 08 de Maio de 2017

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Segunda feira, 08 de Maio de 2017

Madrid, Espanha

Alexis Hernandez


Sei que estou acordada, mas não diria com clareza que estou viva. O meu corpo inteiro está dolorido e não consigo mexer as minhas pernas e nem os meus braços, estou fraca demais para isso, por mais que eu me esforce mas não consigo. Tento levantar, o que é inútil, abro os meus olhos mas a claridade me cega e volto a fechar. Quando tento abrir novamente sinto algo macio tocando a minha mão e o meu braço, meu peito começa a bater mais forte e sinto medo. Medo por não saber quem está me tocando, e se for o Marcos? Ou aqueles outros dois homens? Sinto algo molhado escorrer pelo meu rosto, estou chorando, chorando de medo.

Quero puxar a minha mão, me afastar de quem está me tocando, mas, como já disse, estou fraca demais. Forço os meus olhos e enxergo sombras e vultos, o que me parece ser uma mulher, cabelos compridos e... Começo a me concentrar no seu toque, e suponho que seja a minha mãe. É a minha mãe. Eles me encontraram, estou a salvo. Eu estou segura. Volto a chorar mais ainda, eu estou salva, não estou mais em um lugar abandonado e... A minha boca não está mais tão seca como antes, e não sinto como se o meu estômago estivesse me comendo de dentro para fora.

Duas vozes diferentes falam coisas que não consigo compreender, estão misturadas e é como se o meu ouvido estivesse entupido. Quero dizer que eu não estou entendendo nada, quero perguntar onde eu estou, e não conseguir fazer nada disso, só faz com que eu queira chorar ainda mais. E é o que eu faço, o toque na minha mão é suave, carinhoso mas causa dor. Dói pois tudo o que eu senti nos últimos dias foi medo, dor e raiva. Não sei o que motivou o Marcos a fazer isso comigo, ele sempre foi tão carinhoso e amigável comigo, era como se fosse um tio, ou até mesmo um pai. Ele e o Tony eram os meus anjos da guarda, eu confiava neles de olhos fechados. Mas após o Marcos se mostrar alguém tão diferente, não sei mais em quem eu posso confiar.

O toque macio é substituído por uma mão mais grossa e maior, uma mão masculina, seria o meu pai? Eu gostaria que fosse, mas não sinto nenhuma ligação do toque dele em minhas lembranças, diferente do anterior que tenho quase certeza que seria da minha mãe. É algo mais familiar. Fecho os meus olhos sentindo dor e cansaço. Ainda escuto vozes, e me esforço novamente para identificar quem é.

Consigo finalmente abrir os meus olhos, não por completo, apenas uma parte, o bastante para que eu veja os meus pais na minha frente, a minha mãe está praticamente deitada em mim, então ela me abraça e começa a massagear os meus dois braços, toca o meu rosto como se estivesse limpando algo, talvez esteja tentando secar as minhas lágrimas.

― Você... Eu... Alexis... Segura. ― São as únicas palavras que consigo identificar, não sei o que a minha mãe quis dizer, talvez esteja dizendo que eu estou segura, o que traz um alívio enorme ao meu coração. Tento apertar a mão da minha mãe mas tudo o que eu consigo fazer é mexer os meus dedos por alguns milímetros, mas acredito que foi o suficiente para ela sentir pois no mesmo segundo ela me aperta mais forte contra o seu corpo e solto um gemido baixinho de dor, e ela afrouxa o peito. ― Está tudo bem. ― Ouço entre uns zumbidos.

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