Capítulo 3

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Segundos se passaram sem que ele dissesse nada, apenas a observando com um olhar indecifrável. O tique-taque do relógio antigo que havia na sala era o único som entre eles. Daniella estava inquieta com aquela espera, pois, se só havia duas opções, não deveria ser tão difícil para que Alex escolhesse. Pelo menos em teoria. Mas, considerando o quanto ele deveria ser orgulhoso, não era de se estranhar que estivesse demorando tanto para dar sua resposta.

— Dani? — A voz de Jason veio do corredor que ligava a sala de estar a de jantar, e pouco tempo depois ele apareceu. — Ah, você está aí. Eu pensei ter ouvido sua voz e vim confirmar. — Daniella estranhou o tom constrangido com que ele falou ao vê-la com Alex. — Já vai para o Haras?

— Vou, sim — respondeu ela. — Inclusive, até convidei nosso hóspede para conhecê-lo. E, por sinal, você ainda não me respondeu. Vai ou não?

Alex deve ter compreendido o jogo de palavras que ela usara — ao mesmo tempo não deixando Jason a par de seus planos, e também o pressionando por uma resposta —, pois engoliu em seco antes de dizer:

— Vou.

— Vejo você mais tarde, Jason. — Dani começou a caminhar em direção à porta, entretanto, quando percebeu que Alex não a seguira, virou-se novamente para encará-lo. — Eu já estou de saída, se você não percebeu, riquinho. Anda logo!

Claramente contrariado, ele andou até onde ela estava e a acompanhou em silêncio até sua caminhonete. Porém, quando a viu abrir a porta do motorista e gesticular impaciente para que ele se juntasse a ela dentro do carro, não segurou a língua.

— Se pensa que vou a algum lugar com você nesta coisa, está muito enganada!

Coisa? Ele havia chamado mesmo sua caminhonete de coisa?

Já em fúria, Daniella saiu do carro avançando na direção em que Alex estava.

— Você chamou minha caminhonete de coisa? — indagou com as mãos na cintura.

— E ainda fui gentil. Isso é uma lata-velha que provavelmente só pega no empurrão.

— Ninguém insulta meu bebê e sai impune! — bradou ela, erguendo a mão para lhe dar um tapa, mas, antes que pudesse atingi-lo, Alex segurou seu pulso.

— Nem pense nisso, caipira.

— Solte meu braço, seu... seu jumento!

— Jumento? — repetiu ele, chocado. No entanto, pouco depois começou a rir e soltou o braço dela. — Quem xinga assim?

— Eu xingo. E você é um jumento sim — Daniella disse, com a expressão fechada. — Agora, trate de entrar no carro e de preferência calado! — Quando ele não se moveu, ela repetiu: — Agora. — Com mais ênfase.

Alex entrou contra a sua vontade, mas não ficou em silêncio, como ela gostaria. Já estava aturando muitas ordens daquela caipira para permitir que ela mandasse também no que falava. Além do mais, ele não perderia uma oportunidade de importuná-la se pudesse. Olho por olho, dente por dente. Daniella estava lhe incomodando, portanto, ele a incomodaria também.

— Sabe, eu não entendo por que você está tão interessada no que faço ou deixo de fazer aqui na fazenda. Elizabeth é quem deveria estar cuidando disso, mas você parece muito determinada a tomar conta desse assunto. Por que, Daniella?

Ela apertou o volante com mais força, os nós dos dedos ficando brancos enquanto buscava por algum controle. Jamais revelaria o verdadeiro motivo.

Desafiando Regras [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora