Noany+ | Noah estava na rua e longe de sua casa, faltavam 30 minutos para a noite de purificação nos EUA, não tinha outra opção a não ser bater na porta das pessoas para pedir abrigo durante a noite, depois de ser rejeitado em varias casas, em uma d...
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Noah POV
A amizade de Any e de Sabina me lembra as minhas amizades, inclusive, já estou com saudades deles faz uma semana que não os vejo. Sou um cara que consigo fazer amizade com todo mundo, mas tenho as pessoas que confio mais e que sei que sempre estarão lá me ajudando.
O clima nesse porão estava ótimo, estava bem leve. Quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto bem com Any ao meu lado e mais eu melhoro minha amizade com o casal.
- Com o que você trabalha Pepe? - Perguntei
- Sou jogador de futebol, ainda não represento times grandes mas eu tô no caminho - Respondeu
- Interessante, acho incrível pessoas que jogam bem futebol, porque eu sou péssimo
- Ah qual é? Aposto que não é tão ruim assim
- Sim, eu sou, mas não muda nada, sei que os esportes não são para mim. Sou ruim em todos
- Nossa, vamos levantar essa auto-estima meu anjo? - Sabina falou e eu dei risada
- Relaxa, sou realmente péssimo em esportes mas sou bom na música, então tem um certo equilíbrio na vida
Olhei para meu lado e Any estava pensativa e olhando para o nada. Ela tinha entrado em algum tipo de transe ou algo do tipo, estava me preocupando por que faz um tempo que ela está assim.
- Any, você tá bem? - Perguntei à tirando de seus devaneios
- Estou sim, só estava pensando em algumas coisas, nada demais - Ela respondeu
- Entendi - Respondi desconfiado da resposta dela
Conheço Any a pouco tempo mas sei reconhecer quando algo está incomodando alguém, mas não vou insistir para ela falar o que houve, sei o quanto isso é chato.
- Eu só quero sair daqui - Sabina falou com a voz arrastada
- Todos nós, Saby - Any falou
- Que saco, porque que essa merda de noite tem que existir? - Sabina perguntou
- Simples, porque no expurgo as pessoas matam umas as outras e no dia seguinte consequente tem menos pessoas no país, milhares de pessoas mortas. Sendo assim o governo não tem que gastar tanto dinheiro com uma população grande, então o dinheiro que gastariam com a nossa população inteira, irá metade para o bolso deles. - Any respondeu
- Lembro que no dia que decretaram que iríamos ter essa noite, eu chorei de ódio - Falei
- Eu acho difícil o governo voltar a trás dessa decisão de expurgo - Pepe falou
Assentimos e ficamos em silêncio, provavelmente estão todos pensando sobre o assunto.
É difícil viver em um país assim, para mim ainda é um choque que isso esteja acontecendo, mesmo depois de quatro anos, eu ainda espero acordar e tudo ser um pesadelo e que o país continua o mesmo, sem expurgo e sem nada dessa loucura.
Estava preso em meus pensamentos quando sinto Any me cutucando e perguntando
- Que horas são?
- São seis e meia da manhã - Falei olhando para o relógio que estava em minha direção - Falta meia hora para sairmos daqui - Falei sorrindo de canto
- Eu nunca saio quando a sirene toca - Any falou
- Por que?
- Eu espero pelo menos umas quatro horas, não quero sair e encontrar corpos em frente de casa. Sempre espero o caminhão que os recolhe passar.
- É, eu também não gosto de ver os corpos das pessoas mortas no meio da rua. Normalmente durante as manhãs, eu durmo, então nunca cheguei à ver.
- Sabe se sua família está bem? - Perguntou
- Não, mas espero que sim.
- Noah, me promete uma coisa?
- Outra promessa? - Perguntei rindo
- Sim, mas essa é seria - Falou sorrindo de canto mas logo ficou séria - Me promete que você nunca mais vai sair da sua casa brigado com sua mãe ainda mais na noite de purificação, se você fizer isso de novo, você pode se arrepender amargamente no futuro. Talvez dá próxima vez você nem volte para casa, não é sempre que você vai achar outra pessoa que te ajude como eu te ajudei, ou se você voltar para casa talvez não vai gostar do que vai encontrar. Não só com ela mas com qualquer pessoa que você brigar
Esse discurso de Any pesou demais em minha consciência, e sei que ela está certa. Ela continuou falando:
- Estou falando isso para o seu bem...Quando eu saí do Brasil, ainda estava brigada com minha mãe e uns dias depois minha tia estava conversando com ela por telefone, então ela contou que tinha sido assaltado e eu me senti mal porque se minha mãe tivesse morrido naquele assalto, a minha última lembrança seria da nossa briga. No mesmo dia que contou isso, eu mandei mensagem para ela e fizemos as pazes. Não cometa mais esse erro.
- Eu prometo que não faço mais isso, sempre que eu sair de casa, eu vou estar de bem com todos - Falei sorrindo de canto - Obrigado, por isso.
Ela sorriu de volta, meu olhar se perdeu no sorriso dela, ele me passava paz, de uma maneira que eu não entendia como.
Aparentemente ela notou meu olhar nela, porque virou seu rosto que estava corado para o casal. Queria entender porque Any tem esse efeito sobre mim.
