Memórias

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Ace's POV

Estava tentando proteger meu irmãozinho das garras daquele garoto quando Marco apareceu e começou a me dar sermão, da mesma forma que ele me dava sermão quando éramos mais novos, quem ele pensa que é? Meu pai? Ele se acha o grande protetor só porque é 5 anos mais velho e em vez de dar aula em colégio como eu ele já da aula na universidade.
-Marco, mas... - falei tentando contradizê-lo, mas fui interrompido rapidamente.
-Sem mas, Ace, vamos para casa, vou precisar da sua ajuda para fazer umas coisas. Luffy, talvez seu irmão não volte hoje, então não se preocupe, está bem?
O que? Como assim não volte hoje? Esse loiro oxigenado me paga. Senti Marco me puxar para longe do meu irmãozinho e do estúpido namoble dele, não acredito que meu irmãozinho esteja saindo com esse cara esquisito que só quer tirar a pureza e inocência dele, por que ninguém vê isso?
-Marco, me solta, vou arrebentar a cara daquele garoto.
-Ace, chega, se você machucar o Trafalgar vai ferir seu irmão, é isso que você quer?
-Não, mas eu não posso deixar que ele faça algo contra meu irmão.
-Se o Luffy quiser que ele faça algo não será contra.
-É óbvio que ele não quer, aquele garoto deve estar manipulando meu irmãozinho.
-Ace - ouvi Marco respirar fundo e me olhar sério, seu olhar penetrante parecia invadir totalmente minha alma - eu sei que você está fazendo isso para protegê-lo, mas você tem que entender que ele não é mais uma criança indefesa, ele está fazendo as escolhas dele e você não deve interferir, você gostou quando seu vô interferiu no seu encontro com Tatch?
-Eu... Não, não gostei... Foi tão irritante na época, mas se eu não tivesse ido...
-Você não teria quebrado a cara? Bom, Ace, sinto te informar, mas quebrar a cara faz parte da vida - senti o braço de Marco envolver meu ombro e pude ver que já estavamos próximos à saída - se Luffy tiver o coração partido por causa de Law você se intromete e fica ao lado dele dando seu apoio de irmão.
Assenti e mantive meu olhar baixo, não gostava nem um pouco de lembrar dos meus casos amorosos, desde muito novo tinha grandes problemas em me envolver em romances ou sair com outras pessoas, no fim sempre acabei machucado e despedaçado.
-Desculpa, Ace, sei que Tatch pode ser assunto delicado para você - o que era aquilo nos olhos de Marco? Uma certa tristeza? Parei de andar e segurei seu rosto entre minhas mãos para olhá-lo melhor, por poucos segundos pude notar a tristeza que estava ali aos poucos se transformando em surpresa - o que foi, Ace? Decidiu que vai me beijar? Fique a vontade - Marco fez um bico e eu senti meu rosto ferver com a brincadeira de Marco, soltei o rosto dele e voltei a andar.
-Deixa de brincadeira, Marco, eu não saio por ai beijando qualquer um.
-É mesmo? Não é o que eu me lembro de quando você ainda era adolescente.
-Aquilo foi... Uma fase ruim - comentei cruzando os braços irritado - Tatch tinha acabado de me contar sobre Izo e o quanto eles estavam apaixonados e iriam ficar juntos, enquanto eu não tinha sido o escolhido...
-Ace... Você vai ser o escolhido, deveria dar uma chance para outras pessoas, quem sabe alguém do seu convívio?
-Quem, Marco? Ninguém quer sair comigo nos últimos tempos - suspirei e vi Marco pegar a chave do carro para abri-lo - e sempre que eu saio com alguém essa pessoa me troca mais rápido do que trocar de roupa, aconteceu com Tatch, com a garota que eu sai no colégio, com uma outra na faculdade, um cara que conheci no bar da faculdade...
-Talvez você devesse tentar olhar seus amigos com outros olhos, Ace - Marco abriu o carro e a porta para que eu entrasse - tenho certeza que entre eles tem alguém que nunca te trocaria.
-Vou tentar, Marco - sentei no banco do passageiro e Marco fechou a porta ao meu lado, vi Marco dando a volta e entrando pelo lado do motorista - mas como tem tanta certeza disso?
-Bem... palpite - respondeu Marco ligando o carro e saindo do estacionamento - você é um cara legal, Ace, você é bonito, inteligente, engraçado e tem um charme que só você tem, você nem parece se esforçar para encantar as pessoas.
-Obrigado por dizer essas coisas para me animar e massagear meu ego.
-Estou falando sério, Ace, você nunca reparou nas pessoas te olhando? Hoje, por exemplo, vi tanto outros professores quanto alunos te olhando e não com um olhar de "quero ser amigo dele", mas com um olhar de desejo, de caçador vendo sua presa.
-Às vezes você vê demais, Marco, ninguém me olhou assim.
-Ace, você realmente não consegue perceber esse tipo de coisa né? Por isso se envolveu com gente que não sentia um terço do que você sentia por elas - Marco parou o carro no farol e virou seu corpo para mim, pude ver seus olhos diferentes, um misto de raiva, tristeza e algo que não sei explicar - eu queria que você olhasse para mim, Ace, só pra mim, assim como eu olho só pra você - as palavras de Marco me deixaram sem palavras, pude sentir as batidas de meu coração falharem, minha mente repetia as palavras dele e minha visão parecia desfocada por um sentimento estranho e confuso.
Minha mente só voltou a esvaziar-se quando os lábios de Marco se juntaram aos meus e tudo pareceu sumir ao meu redor, só estavam Marco e eu naquele momento, só nos dois ali naquele carro nos beijando.
-Marco... - chamei-o ao nos afastarmos e vi uma expressão triste em seu rosto que apertou meu coração - Marco, por que está triste?
-Ace, você nunca percebeu? Ou fingiu não perceber?
-Como assim? Perceber o que?
-Que eu sempre fui apaixonado por você, desde a época antes de Tatch até agora, foi difícil para um caralho ver você beijar outras pessoas, namorar outras pessoas que não te davam a menor bola, foi difícil passar as noites conversando sobre seus problemas amorosos, eu queria ser o seu problema amoroso, na verdade eu quero ser o seu problema amoroso, eu quero ser a pessoa que fica na sua mente desde a hora que você levanta até a hora que você vai dormir.
-Marco, eu não sabia, desculpa, como eu sou idiota, eu realmente, me desculpa - meu coração batia tão desesperadamente que pensei que fosse pular de meu peito, senti minha garganta ficar seca e meus olhos se encheram de lágrimas, como eu pude ser tão idiota de não ter percebido esses sentimentos que agora borbulhavam dentro de mim?
-Ace, desculpa, não quis te fazer chorar, eu disse algo errado? Me desculpa, eu não queria te machucar falando essas coisas.
-Marco, eu... Me leve pra sua casa, eu quero, na verdade, eu preciso entender isso que eu estou sentindo - deixei minhas lágrimas rolarem pelo meu rosto e senti-me estúpido por todas às vezes que estavamos juntos e quis beijá-lo, mas não o fiz por medo de estragar nossa amizade, por todas as vezes que sua imagem vinha em minha mente e eu tentava sair com outras pessoas para tira-lo dali, me envolvi em tanta coisa que me machucou...
-Ace, por favor, me desculpe, eu não quis te ofender, te magoar ou nada do tipo... Não queria te fazer chorar.
-Marco, não foi sua culpa, eu que sou um completo estúpido, me desculpa, eu não percebi, na verdade, eu não quis perceber porque eu... Tive medo, medo de te perder, de destruir nossa amizade, eu guardei e escondi de mim esse sentimento que existe dentro de mim...
-Chegamos, Ace, vamos conversar lá em casa, vou te fazer um chá - Marco acariciou minha bochecha molhada de lágrimas e me beijou suavemente.
Saímos do carro e entramos na casa de Marco, sentei-me no sofá enquanto Marco ia para a cozinha preparar algo para a gente. Pouco tempo depois ele voltou com um bule de chá e alguns biscoitos. Servi-me do chá e peguei alguns biscoitos, estavam tão gostosos e pelas formas bizarras dos biscoitos tive certeza de que fora Marco que os fizera.
-Então, Ace, eu... Acabei jogando tudo que eu sentia em cima de você do nada, acho que foi repentino demais, desculpa, eu não quis te assustar nem nada.
-tudo bem, Marco, eu só fiquei um pouco confuso... Não pelo que você me disse, mas pelo sentimento que veio a tona dentro de mim. Eu gosto de você, Marco, há muito tempo, desde que eu deixara de gostar de Tatch, você se tornou muito importante pra mim, você estava ao meu lado, cuidou de mim e eu me apaixonei por você aos poucos, mas eu não queria te afastar, nem te perder, então eu guardei esse sentimento para mim e o sufoquei o máximo possível.
-Ace, você é tão bobo por ter escondido isso - Marco falou com um tom carinhoso - mesmo se eu não pudesse retribuir seu sentimento que tipo de amigo eu seria ao te dar as costas em seu momento mais vulnerável? - senti os dedos de Marco tocarem gentilmente meu rosto e seus lábios roçaram os meus suavemente - eu amo você, Ace, se você puder me dar uma chance eu prometo que será diferente dos seus outros relacionamentos.
-Eu amo você, podemos tentar... Ir devagar?
-Claro, vamos devagar, Ace - Marco sorriu e selou nossos lábios rapidamente - quer casar comigo?
-Marco! - respondi jogando uma das almofadas nele, ele sempre tinha alguma frase para me provocar - talvez eu queira, mas quem sabe mais pra frente.
-Acho que já é um grande passo, você nem negou meu pedido, quando devo comprar as alianças?
-Marco, deixa de ser bobo, não vamos nos casar agora, vamos com calma, um dia de cada vez.
-Tá bem, mas quando quiser aceitar meu pedido ele estará no ar - Marco grudou seus lábios nos meus e senti seus braços envolverem minha cintura em um abraço carinhoso.
Passei meus braços em volta do pescoço de Marco e o puxei para deitar no sofá comigo, nos beijamos por longos minutos e sentia as mãos de Marco acariciando minha cintura e a puxando contra si, o volume entre suas pernas fez meu corpo tremer em um misto de medo, reprovação e excitação, senti os lábios de Marco se curvaram em um sorriso quando soltei um suspiro de surpresa ao sentir sua mão descer para o meio de minhas pernas.
-Estamos indo devagar para você? - Marco perguntou sussurrando em meu ouvido.
-Marco... Eu... Não sei se estou preparado para ir mais além - falei enquanto sentia o medo tomar conta de meu corpo e fazê-lo tremer, vi os olhos de Marco ficarem preocupados e seus braços me puxaram para sentar em seu colo.
-Ace, tem algo que ainda não me contou? Não tem problema se não estiver preparado, podemos ficar só nos beijos.
-Marco... Na faculdade eu... Sai com um cara e foi horrível - senti minhas lágrimas descerem descontroladamente enquanto as memórias daquele dia me invadiam dolorosamente - na verdade tinha saído com ele e uns amigos para beber, não era um encontro nem nada do tipo, mas para ele parecia que era, ele tentava me beijar e passar a mão em mim sempre que podia... E quando eu já estava bêbado ele me levou para a casa dele... Eu tentei fugir várias vezes, mas ele era mais forte que eu, o corpo dele era pesado e eu não consegui fazer nada... Foi horrível - chorei copiosamente abraçando Marco, a dor daquele dia voltou a minha mente e meu corpo tremia sem parar.
Marco me aninhou em seu peito e acariciou meu cabelo, seus toques gentis aos poucos começaram a acalmar meu corpo e senti meu coração um pouco mais leve por ter falado sobre aquilo que tanto me machucara.
-Marco, eu sei que você estava esperando algo a mais e... Sinto muito, não consigo tirar esse medo de dentro de mim.
-Ace, olha pra mim - ao ouvir o pedido de Marco o olhei e ele segurou meu olhar - eu estava esperando a maior rejeição da minha vida, ter meus sentimentos correspondidos já superou todas as minhas expectativas - sua mão desceu para o meu pescoço e ombros voltando a subir para o pescoço em movimentos lentos - pouco me importa se vamos transar ou não, só de estar aqui com você já é mais do que eu sonhei.
-Marco, obrigado - abracei Marco e o beijei sentindo o sabor de minhas lágrimas se misturaram ao sabor de Marco, aquele sabor viciante de biscoitos recém feitos.
-Eu sinto muito, Ace, por tudo que você passou e sentiu, não vou permitir que façam isso de novo - Marco me abraçou mais forte e pensei que em algum momento Marco conseguiria nos fundir em um só.
Marco me pegou em seu colo e foi para o quarto me deixando na cama e deitando-se ao meu lado logo em seguida, seus braços envolveram minha cintura e seus lábios capturaram os meus em um beijo lento e gentil. Continuamos a nos beijar até adormecermos envolvidos um no outro.

como iria te esquecer?Onde histórias criam vida. Descubra agora