Quase uma família

296 24 0
                                    

Law's POV

Ficamos ali sentados por um bom tempo, ninguém falara nada desde o acontecido, eu senti vontade de chorar, mas estava tão atônito que minhas lágrimas simplesmente não existiam.
Ter sido levado de volta ao meu passado ao qual queria esquecer era um choque maior do que eu poderia pensar, de todas as pessoas do mundo Teach era um dos poucos que eu nunca mais queria ver a cara. Felizmente havia sido rápido o suficiente para ligar para Penguin, um amigo que trabalhava para a polícia, assim que reconheci o nome e a voz do desgraçado.
Finalmente a minha agonia por saber que Teach estava à solta por ai se cessou e pude perceber que Ace e Marco também pareciam aliviados por Teach ter sido levada para trás das grades.
-Tarao, eu fiquei com tanto medo - ouvi a voz de Luffy sussurrar ao meu lado e o abracei, seu corpo tremia de encontro ao meu - achei que aquele cara fosse te bater.
-Está tudo bem agora, Luffy - falei o mais gentil que pude e beijei sua testa com todo carinho que eu podia - já acabou, aquele cara nunca mais irá aparecer.
-Trafalgar, de onde você conhece o Teach? - perguntou Ace ao meu lado, sua voz estava trêmula e pude ver que seus punhos estavam cerrados.
-Ele... É um dos sócios do meu tio DonFlamingo e eles são... Traficantes de tudo o que você possa imaginar - falei enquanto minha mão acariciava a bochecha de Luffy que ainda tremia ao meu lado - meu tio é bem influente então independente do que eu descobrisse ele permanecia intocável, ninguém da polícia me dava ouvidos, quem daria ouvidos para um garoto de 12 anos afinal? 
-E quanto ao assassinato?
-Isso, Bepo e eu éramos grande amigos, na verdade ele era meu único amigo na época - suspirei triste ao lembrar da cena de meu amigo morrendo em minha frente - recebi uma carta dele me pedindo para encontrá-lo em um lugar e quando cheguei lá ele estava me esperando, e de repente ele começou a passar mal, parecia que estava com falta de ar, achei que fosse alguma crise de asma ou coisa do tipo, ele caiu no chão e eu tentei fazer algo... Eu já queria ser médico na época e já tinha lido alguns livros ensinando primeiros socorros e coisas do tipo então tentei fazer um furo em sua traqueia para que ele voltasse a respirar, mas já era tarde demais, a polícia chegou poucos minutos depois e me levaram para a delegacia, logo descobriram que eu era sobrinho de DonFlamingo e me liberaram sem que eu prestasse depoimento algum.
-Eu sinto muito pelo seu amigo - senti os braços de Ace me envolverem e fiquei chocado com o carinho sincero que Ace estava me oferecendo.
-Obrigado, Ace - falei deixando minha cabeça apoiar no peito de meu cunhado e pela primeira vez senti que Ace de alguma forma havia me aceitado como um amigo e não mais seu inimigo mortal - e quanto à você, como conheceu Teach?
-Bem, foi na faculdade de matemática na minha cidade natal, nós saímos com alguns amigos para um bar e... Ele estava lá com uma ideia totalmente errada achando que aquilo era a droga de um encontro, quando eu estava bêbado demais ele resolveu me levar para a casa dele... Aquele desgraçado.
-Ele também te estuprou? Aquele filho da puta - senti meu sangue ferver de raiva, aquele desgraçado do Teach - ele não tem nenhum escrúpulo, aquele babaca.
-Também? Ele também fez isso com você? - concordei e abaixei o rosto, era muito humilhante me lembrar daquele dia - quantos anos você tinha?
-15 - respondi e vi a expressão de Ace ir de surpresa para uma irritação mordaz.
-Que filho da puta, aquele desgraçado teve coragem de fazer um absurdo dessas com uma criança - vi Ace se levantar - deveria ter socado mais aquele arrombado.
-Marshall D. Teach, sempre achei que aquele cara não prestava nem um pouco - vi Marco se levantar também e abraçar Ace de forma carinhosa - espero nunca mais vê-lo na minha frente outra vez.
-Você disse que ele tinha matado alguém, não foi? - perguntei e olhei que Luffy havia dormido encostado em meu ombro.
-Sim, meu chefe e pai adotivo Edward Newgate, ele era dono de um bar chamado bar do Barba Branca e Teach começou a trabalhar lá também, meu pai sempre tratava seus funcionários como filhos e ninguém imaginava que Teach fosse traí-lo e matá-lo por dinheiro, como não havia muitas provas para incriminá-lo Teach não foi preso na época, mas todos tínhamos certeza de que ele havia matado nosso pai.
-Eu sinto muito - falei e logo em seguida ouvi Ace repetir as mesmas palavras e o abraçar mais forte.
Permanecemos ali parados por um bom tempo até sentirmos fome e nos levantamos para cozinhar algo, Luffy se sentara na mesa e falava sobre diversas coisas tentando nos animar e felizmente estava conseguindo, aquele sorriso encantador do garoto fazia meu coração se encher de alegria e todas as minhas memórias horríveis eram ofuscadas pelo brilho animado que Luffy emanava.
Em pouco tempo estávamos nos divertindo e rindo juntos enquanto preparávamos macarrão à bolonhesa.
-Então, teve um dia que o Zoro ele se perdeu para chegar na escola, não que ele não se perca sempre, mas ele foi parar do outro lado da cidade, vocês acreditam? - comentou Luffy rindo alto e nós o acompanhamos, Zoro realmente não era nada bom em direção - tivemos que ir buscá-lo de ônibus, foram longas horas até voltarmos para essa parte da cidade.
-Zoro é um cara legal - comentei provando o molho, faltava um pouco de sal, acrescentei uma pitada e mexi provando logo em seguida, perfeito - fico feliz que tenha um amigo que te proteja sem titubear - falei lembrando do dia em que Zoro parecia pronto para arrebentar minha cara caso eu fizesse algo contra Luffy.
-Uhum, ele é um cara muito legal, espero que um dia ele encontre um namorado que o faça superar o Sanji - Luffy passava o dedo suavemente sobre a mesa vendo a marca que ficava na madeira - faz tanto tempo e as vezes eu vejo ele triste e eu sei que é por causa do Sanji.
-Zoro realmente gosta dele, faz o que? Dois anos? - Luffy concordou - as vezes eu queria conhecer esse tal de Sanji, para ver qual é a dele.
-Ele é bonitão, Zoro mostrou uma foto dele - Luffy comentou e olhou para minha cara fechada - digo, ele era feião, horrível, uma sobrancelha em espiral esquisita.
-Uhum - resmunguei desligando o fogão e indo pegar alguns pratos.
-Tá com ciúmes, é cunhadinho? - zombou Ace pegando os talheres e colocando sobre a mesa.
-Claro que não - retruquei o mais sério possível - por que teria ciúmes de um bonitão que meteu o pé pra sempre?
-Hm, sei, vou fingir que acredito.
Servi o macarrão nos pratos e Luffy ralou o queijo sobre a massa, logo estávamos os quatro sentados à mesa almoçando juntos quase como uma família. Sorri com a ideia de poder chamar aquele momento de almoço em família, em minha casa nunca tinha algo assim, Corazon sempre estava ocupado com o hospital ou alguma pesquisa, quase nunca comíamos juntos ou conversávamos.
-Ace~ você e o Marco já transaram? - ouvi Luffy perguntar e olhei para Ace que ficou vermelho.
-Luffy, q-que tipo de pergunta é essa? - Ace virou o rosto e ouvi Marco soltar uma risada curta.
-Nós ainda não transamos, estamos indo devagar - respondeu Marco.
-Tarao e eu também demoramos para transar - comentou Luffy como se estivesse contando que passeara no parque, senti o olhar de Ace sobre mim e senti meu rosto ferver.
-Então você realmente tirou a inocência do meu irmãozinho, Trafalgar Law - a voz de Ace parecia normal, mas seu sorriso indicava uma certa raiva e coloquei uma garfada do macarrão em minha boca para desviar a atenção.
-Tarao foi muito gentil - disse Luffy com a boca cheia de macarrão - ele até me fez uma massagem antes.
-É mesmo, hm? - Marco olhou para Ace e sorriu - talvez seja uma ótima técnica.
-M-Marco, cala a boca - retrucou Ace e vi que sua atenção não estava mais focada em mim e sua energia raivosa que ele dirigia para mim já não existia mais.
Comemos e conversamos sobre tudo o que viesse à nossa mente, após o almoço fomos para a sala e assistimos alguns filmes, fora um dia cheio de emoções diferentes ao qual eu não estava acostumado, mas que certamente seria mais comum do que antes, afinal, não tinha como ficar longe de Luffy por muito tempo e estar ali com Luffy, Ace e Marco era como se estivesse em um lugar para chamar de lar.

como iria te esquecer?Onde histórias criam vida. Descubra agora