Trafalgar, seu desgraçado

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Acordei no dia seguinte me sentindo feliz e disposto, senti os braços de Marco envolta do meu corpo e olhei para seu rosto adormecido. Aproximei meu rosto do dele e beijei suavemente seus lábios, senti minha barriga roncar alto e me levantei com cuidado para não acordá-lo. Fui para o banheiro fazer minhas necessidades e escovar os dentes, após isso fui para a cozinha procurar algo para comer, coloquei agua para esquentar e vasculhei os armários em busca de coisas para fazer panquecas.
Achei algumas frutas e as piquei em pedacinhos bem pequenos, acabei achando mel também. Preparei a massa e as cozinhei rapidamente colocando em um prato. Cobri as panquecas com frutas e mel, peguei a agua e preparei um chá.
-Bom dia, Ace - ouvi a voz sonolenta de Marco entrar na cozinha e me virei para vê-lo andando em minha direção esfregando os olhos - você acordou cedo e está fazendo panquecas? Que bicho te mordeu?
-Engraçadinho, eu tava com mo fome - comentei colocando os pratos com as panquecas em cima da mesa - fiz para nós dois.
-Que gentileza, parece que arranjei um esposo muito prendado - senti a mão de Marco apertar minha bunda e corei instantaneamente - depois do café podemos voltar para cama, adoraria passar o resto do dia te abraçando e beijando.
-Marco, pare de me tentar, eu tenho que voltar para casa, Luffy não sabe se virar sozinho, deve estar passando fome.
-Podemos ir para sua casa, então - Marco beijou meu pescoço e seu hálito quente me fez arrepiar - vou adorar passar o dia com o meu esposo e meu cunhadinho.
-Marco, não estamos casados ainda - falei enquanto arrumava as duas xícaras com chá em cima da mesa - vamos comer um pouco antes de irmos.
-Bom, mas você aceitou meu pedido pra um momento futuro, então, estamos noivos - Marco sentou em uma das cadeiras e me puxou para sentar em seu colo - para que adiar o inevitável?
-Marco, você é impossível - comentei dando uma garfada nas panquecas e levando a minha boca, elas estavam muito boas - essas foram as melhores panquecas que eu já fiz.
-É mesmo? Quero provar - Marco abriu a boca e levei um pedaço das panquecas para sua boca - hm, estão muito boas mesmo, queria acordar todo dia comendo essas panquecas.
-Quem sabe, Marco, quem sabe - falei rindo da expressão de contrariado que Marco fizera - vou fazer sempre que puder.
-Ace, se mude pra cá, traz o Luffy, podemos viver juntos e comer panquecas todas as manhãs.
-Marco, estamos indo com calma, lembra? E além disso, meu contrato naquela casa vai durar mais um ano.
-Que droga, então, eu me mudo para lá, solução perfeita.
-Marco, não inventa, essa é uma decisão muito complexa para decidirmos agora por causa de panquecas e nem estamos namorando, seria estranho morarmos juntos logo de cara.
-Então vamos namorar ai não teria problema.
-Vou pensar - respondi colocando mais um pedaço das panquecas em minha boca, não podia negar que ter Marco na mesma casa que eu era um dos meus maiores desejos naquele momento, mas não podia me precipitar e acabar ferrando com tudo, aquilo tudo era muito recente para minha mente processar.
Terminamos de comer as panquecas e nos arrumamos para ir para minha casa, acabamos tomando banho juntos e Marco não tentou em momento algum fazer algo que avançasse do que fizemos na noite anterior, ele apenas me dava beijos e me abraçava, o que me deixou feliz por Marco estar cuidando de mim e se preocupando com o meu bem estar.
Após nos arrumarmos fomos para o carro de Marco, ele colocou uma música animada que estava tocando na rádio e seguimos cantando e conversando o caminho todo até minha casa.
Qual não foi minha surpresa ao abrir a porta de casa e dar de cara com Trafalgar Law usando uma calça de moletom cinza, a MINHA calça de moletom cinza, sem nenhuma outra peça de roupa além dessa, senti meu rosto ferver de irritação e andei a passos furiosos na direção do garoto abusado.
-Ace, eu peguei sua calça emprestada, espero que não se importe - disse o garoto com seu olhar irritantemente sem expressão e estava prestes a arrebentar a cara daquele garoto quando ouvi a voz de Luffy se aproximando.
-Bom dia, Ace, você voltou cedo - Luffy estava com uma blusa preta larga com o desenho de uma caveira, uma blusa que nunca tinha visto, e também usava uma cueca vermelha - pensei que fosse passar mais tempo no Marco... Ah, oi, Marco - cumprimentou Luffy sorridente.
-Bom dia, Luffy, Trafalgar - disse Marco sorrindo e fechando a porta atrás de si.
-Você é o cara de ontem - comentou Trafalgar mexendo em uma panela que estava no fogo - Marco, certo?
Enquanto Marco e Trafalgar falavam sobre alguma amenidade voltei meu olhar para Luffy observando aquelas roupas esquisitas que nunca tinha visto antes até chegar próximo a clavícula de Luffy vendo uma pequena vermelhidão no lugar, senti meu sangue subir tão rápido e andei até Trafalgar pegando em seu ombro e o virando em minha direção, quem esse garoto pensa que é pra tirar a pureza do meu irmãozinho?
-Olha aqui, seu desgraçado, eu vou acabar com você - falei irritado quase em um rosnado - eu disse para tirar suas garras do meu irmãozinho e da pureza dele, seu sem vergonha.
-Ace, se acalme - Marco segurou minha mão que já estava fechada em punho prestes a socar aquele garoto - achei que tinha decidido deixar a violência para trás.
-Não se intrometa, Marco, eu vou acabar com esse filho da puta, quem ele pensa que é pra fazer isso com o meu irmãozinho?
-Ace, solta o Tarao, ele não fez nada de errado - ouvi a voz sonolenta e chorosa de Luffy falar e senti minha irritação ser abalada - ele não fez nada que eu não quisesse.
-Luffy, o que está dizendo? Claro que ele fez algo errado, você só não percebeu isso porque ele fez algum tipo de magia pra te manipular.
-Ace! Eu não sou mais um bebê nem uma criança ingênua e manipulável - vi a expressão de Luffy ficar séria como nunca antes tinha visto - já sou grandinho para fazer minhas escolhas.
De repente senti meu mundo ser totalmente abalado, meu irmãozinho estava ali sério falando o quanto era dono da própria vida e senti uma mistura de orgulho com tristeza e preocupação, meu irmãozinho que vivia me seguindo e me imitando agora estava ali batendo de frente comigo.
-Luffy, você cresceu tanto - comentei o abraçando - quando foi que isso aconteceu? Até ontem era só meu irmãozinho ingênuo.
-Ace, está me deixando constrangido - disse Luffy com suas bochechas coradas e o abracei mais ainda sentindo toda a raiva anterior se esvair.
-Bem, parece que tudo terminou bem... - falou Marco se aproximando de nós dois e vi Luffy o encarar com um sorriso no rosto - já que estamos aqui, Luffy, o que você acha de eu e seu irmão namorarmos?
-Você e o Ace juntos? - meu Deus o que Marco estava fazendo??? - mesmo? Que legal, fico feliz por vocês, tava na hora do meu irmão arranjar um namorado.
-Que? Olha aqui, vocês dois, não estamos namorando - falei olhando para Marco - e você, que história é essa de tava na hora?
-Ora até eu arranjei um namorado depois que mudamos e você só ficava aqui em casa encalhado.
Aquelas palavras foram um tiro em meu coração, encalhado? Era assim que eu parecia? Um cara encalhado?
-Desculpa, não quis ser ofensivo - desculpou-se Luffy mexendo nos cabelos bagunçados.
-Que bom que está namorando, Ace, assim vai parar de pegar no meu pé - ouvi Trafalgar comentar e me voltei irritado para ele, não havia esquecido o que ele havia feito com o meu irmãozinho.
-Trafalgar, espero que esteja preparado para sua morte.
-Luffy, fiz seu café da manhã - Trafalgar colocou o que estava mexendo na panela em um prato e encheu uma xícara com café.
Trafalgar estava me ignorando? Certamente ele estava. Que grande desgraçado, comecei a andar em direção ao garoto, mas fui parado pela mão de Marco segurando meu pulso e me girando para ficar de frente para ele, pude ver seu olhar de reprovação e bufei irritado.
-Obrigado, Tarao, você é muito gentil - vi Luffy passar por mim e se sentar à mesa - uaau isso parece muito bom, Tarao.

-Ora seu pivete maldito - rosnei prestes a pular sobre o garoto de olhar desinteressado, mas fui interrompido pela campainha que acabara de tocar, virei-me em direção à porta e a abri, meu coração parou e senti minhas mãos gelarem ao ver quem estava na porta, era de longe quem eu menos queria ver - Teach, o que você quer?
-Olá, Ace - Marshall D. Teach abriu ainda mais a porta e dei alguns passos para trás me afastando dele - oh Marco e Law, não esperava encontrá-los aqui também.
-Teach - vi a expressão de Marco ficar tensa e suas mãos se fecharem - o que faz aqui, seu desgraçado?
-Ora, Marco, não está feliz em me ver?
-Como você tem coragem de perguntar isso depois do que você fez?
-O que eu fiz, Marco? Só dei uma ajuda para aquele velho partir, ele estava nas últimas mesmo.
-Seu filho da puta - vi Marco se aproximar irritado, mas foi parado pela mão de Trafalgar em seu ombro, os olhos do garoto pareciam enfurecidos, aparentemente Teach causara problemas para nós três.
-Teach, você tem muita coragem de aparecer aqui - vi Trafalgar passar por Marco e ficando de frente para Teach - você deveria estar na cadeia.
-Eu? Law, não me faça rir, você é o que menos tem moral para falar isso para mim - Teach riu aquela risada que me causava arrepios horríveis e me lembrava daquele dia do qual nunca mais queria lembrar - um assassino sádico como você não tem um pingo de moral para isso.
-Eu não sou um assassino e muito menos sádico - Trafalgar vociferou irritado segurando na gola da blusa de Teach - dê o fora daqui antes que eu arrebente a sua cara.
-Realmente ameaçador, Law - Teach riu novamente e deu leves tapinhas no ombro de Trafalgar - DonFlamingo ficaria orgulhoso do bebê dele... - o punho de Trafalgar de repente estava socando o rosto de Teach que cambaleou para trás com o impacto e cuspiu um pouco de sangue - você resolveu matar com as mãos agora, Law? Que evolução.
-Cala a boca, eu não matei ninguém.
-Não? Bom, que pena que você foi encontrado do lado daquele garotinho morto, pobrezinho, você foi muito cruel, Law.
-Seu filho da puta - Trafalgar tornou a socar Teach que dessa vez conseguiu desviar - eu não o matei.
-Ah sim, foi parar lá por acaso após uma cartinha desse garoto pedindo para encontrá-lo, lugar errado, hora errada.
-Como você sabe da carta? - Trafalgar soltou a gola da camisa de Teach o encarando - foi você, ninguém sabia da carta.
-Ora que perspicaz, mas não fui eu quem matou aquele garoto, eu nem teria o porquê fazê-lo - Teach deu de ombros - e o plano saiu melhor que o planejado, graças à você.
-DonFlamingo, foi ele, vocês estavam juntos nessa para me incriminar.
-Se você fosse um bom garoto como o esperado não precisaria ser punido - Teach colocou sua mão em torno do queixo de Trafalgar e o ergueu para olhar em sua direção - muitas coisas poderiam ter sido evitadas se você não fosse um bisbilhoteiro bocudo.
-Vocês mataram meu amigo pra me castigar, eu vi ele morrer na minha frente e eu não consegui fazer nada para salvá-lo - a voz de Trafalgar parecia trêmula e pude ver seu corpo tremer - eu tentei de tudo para ele ficar vivo.
-Foi de grande utilidade suas tentativas, cirurgião da morte - Teach sorriu debochado e dessa vez Trafalgar acertou em cheio a boca do mais velho - a cena parecia mais de um assassinato do que qualquer coisa - continuou Teach limpando o canto da boca pela qual seu sangue escorria.
-Tarao - vi Luffy se aproximar de Trafalgar e abraçar seu braço o puxando para trás.
-Quem é esse garoto bonito? Seu namorado? - perguntou Teach e vi sua mão se aproximar de Luffy e dessa vez foi o meu punho que acertou a cara dele.
-Fica longe do meu irmão - falei sentindo meu corpo tremer de raiva, tudo o que eu queria era socar aquele desgraçado até a morte - não vou permitir que toque nele com suas mãos imundas e pervertidas.
-O que é isso, Ace? Ciúmes, é? Ainda me lembro do seu rosto me implorando para parar, uma gracinha, adoraria ver aquela expressão de novo. Deveria ensinar essa sua expressão assustada para Law, não é tão divertido quando a outra pessoa não esboça reação nenhuma.
Dessa vez foi Marco quem se aproximou de Teach o socando sucessivamente e depois o puxando pela gola da blusa antes de jogá-lo contra o chão.
-Você não se cansa de ser um grande desgraçado? Além de matar o velho ainda tentou acusar um garoto de assassinato e estuprou meu namorado, Teach, eu vou te matar.
-Seu namorado? Que coincidência, nunca imaginei que vocês tinham algo.
De repente ouvi o som de sirenes se aproximando e vi a expressão de Teach mudar, ele tentou fugir, mas Trafalgar o derrubou com um chute e logo a polícia estava ali o prendendo e colocando-o na viatura.
-Law, obrigado por ligar, viemos o mais rápido possível, estão todos bem?
-Estamos, obrigado por vir, Penguin.
-Não há de quê, é o nosso trabalho, bom, tenho que ir, até mais, Law.
Vi o garoto observar a viatura partir e o vi se sentar no chão próximo a porta, seu olhar parecia vazio. Sentei-me ao seu lado enquanto Luffy sentava-se do outro lado e Marco à sua frente. Havíamos muito o que conversar, mas no momento apenas ficamos ali juntos tentando processar tudo o que havia acontecido.

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