Capítulo 43

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— Chocolate?

— Chocolate a melhor coisa do mundo. — Sammy estava na cozinha, mexendo algumas coisas na panela, apesar da sua desculpa em dizer que era para seu avô, e sabia que ele estava verificando se eu estava bem.

Lea voltara pra cidade, aparentemente ela não estava muito feliz, e muito preocupada com minha decisão, porém, agora eu só queria esquecer isso.

— Você me lembra meus amigos. — Ele esperou que eu dissesse se isso era algo bom ou ruim. — Eles são as melhores pessoas.

— Então por que está os evitando? — Dei de ombros, apoiando meu rosto na mão e encarando o quadro dourado do lado oposto do cômodo.

— Acho que do mesmo jeito que precisei de um tempo daquele lugar, eles também precisavam de mim, já os enchi demais com meus problemas, nem eu me aguento mais.

Ele se virou pra mim, se apoiando na mesa e me olhando duvidoso.

— É tipo culpa de sobrevivente? — Ergui as sobrancelhas em duvida. — Eles estão passando por fases difíceis, e acha que está sendo um problema pra eles. — Concluiu. — Me fale um pouco sobre eles. — Disse ao desligar o fogão.

—  Tem a Hina, ela é minha melhor amiga desde que me lembro, podíamos ser as excluídas mas tínhamos uma a outra, quando ela mudou de escola ficou bem complicado, embora nunca tenha desistido de mim.

Ele arrumava o doce enquanto eu falava, demonstrando a maior atenção possível.

— O Lamar entrou do nada, nunca pensei que ele faria parte da minha vida como faz hoje.

— Ele é o carinha que te ajudou quando você descobriu?

— Sim... — Sorri ao lembrar. — Ele foi um doce, mas desde que a Sina entrou na vida de dele, ele parece distante...— Ele se sentou em minha frente me encarando. — Não quero ser a amiga chata que estraga as coisas pra ele.

Sammy sorriu carinhosamente, assentindo.

— Tem meus irmãos, eles são os melhores, apesar de tudo, me apoiaram a todos os segundos em todas as merdas que aconteceram na minha vida.

— Parece sentir falta deles.

— Sinto, mas gosto de não ser o encosto, que está sempre pesando na vida deles. Apenas quero seguir como puder, vou os rever logo, mas não agora.

Um silêncio pesado se colocou entre nós.

Era como se falar sobre eles acabassem comigo, as vezes eu só conseguia pensar em como tudo havia se encerrado, talvez minha atitude tenha sido a pior com eles, eu deveria ter me despedido, porém, só conseguia pensar em Bailey, no bebê, e em como aquilo me machucou.

Acho que após tudo, a ficha da minha atitude finalmente caiu.

— Você deveria escutar a Lea. — Sammy falou de repente, me tirando dos meus pensamentos. — Sobre voltar.

Neguei, apenas pensar nessa possibilidade é um pesadelo que não quero adicionar a minha longa e interminável lista.

Droga de consequências...

Sammy abriu a boca para falar mais alguma coisa, quando meu celular soou, atendi imediatamente.

— Lea?

— Hey, já cheguei na cidade, achei que deveria te avisar.

— Eu imaginei que já tinha chegado aí. — Afirmei, senti sua voz tremer. — Você está bem?

— Shiv, você tem sido como uma filha pra mim, por isso eu quero cuidar de você da melhor maneira, mas se não se dá a chance eu preciso o fazer por você.

Franzi o cenho confusa, a companhia soou, Sammy se preparou pra ir atender, mas eu neguei.

— O que você fez?

— É pelo seu bem.

Senti prender a respiração, levantei devagar, ainda com o celular no ouvido, e só parei em frente a porta.

Eu não devo abrir, repeti diversas vezes a mim mesma, neguei meu coração acelerado.

Ela não teria feito isso comigo, eu confiei tanto.

Pus a mão na tranca, e depois na maçaneta, sentindo o fio de voz sumir assim como o ar quando a visão de Bailey apareceu em minha frente.

— Te achei...

Nota Mental: Não dá pra brincar de pique-esconde com a vida, ela sempre vai te achar.

***

Minha Estúpida Forma De Te Odiar_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora