Lea estava parada, enquanto olhava pra mim, eu estava me sentindo exposta, travada, sem saber o que fiz. Lea não parecia brava, seja lá por qual fosse o motivo, mas ela estava com um olhar que nunca vi antes e isso me assustava.
Bailey parecia atento, mas em dúvida se deveria ficar ou ir embora.
— Isso está estranho, se você acha que eu estou brava pelo Bailey, relaxa... — Ela negou, vi um quase sorriso se formar em seus lábios. — Bailey?
Encarei o mesmo esperando por respostas, que não vinham, nunca.
— Estou ficando preocupada, aconteceu alguma coisa?
— Vocês precisam conversar, eu vou...
— Não. Pode ficar. — Indagou a mesma.
Bailey me olhou, sem abrir a boca e cruzou os braços.
— Lea? O que precisamos conversar?
Ela deu alguns passos nervosamente, seus olhos atentos como se visse a coisa mais importante de sua vida.
— Eu fui na casa dos seus pais. — Lhe encarei perplexa, por que ela havia ido lá?
— O que foi fazer? — Questionei completamente confusa.
— Achei que precisava falar algumas verdades pra eles, mas a Priscila abriu a porta. — Indagou quase sem piscar.
— O que minha mãe disse? — Vi seu olhar se dirigir ao chão com minha fala.
— Eu já lhe conhecia. — Pisquei algumas vezes, por essa eu realmente não esperava. — Nós nos esbarramos, a alguns anos, quando eu estava procurando a Rose. — Ela suspirou. — Na mesma época em que você foi adotada.
Franzi o cenho, encarando a mulher em minha frente, de repente algumas coisas vieram em minha mente, coisas que não poderiam ter sentido, certo?
— Ela se ofereceu para me ajudar. — A cada palavra, isso me deixava mais surpresa. — Três dias depois ela me disse que minha filha havia sido adotada por uma família desconhecida. — Engoli a seco, esperando até onde essa história iria parar. — Ela me jurou que essa era a verdade.
— Por que está me contando isso? — Levantei da cadeira.
— Eu tinha uma caixinha, de música, que tocava a melodia da minha música favorita dos Rollin Stones.
Quebra-cabeças, eles são cheios de peças, de todos tamanhos e formas, apesar de uma bagunça cansativa, quando todas as peças estão no lugar, isso nos trás uma bela imagem. Acho que a vida é como um quebra-cabeça, de certa maneira.
Primeiro pensei no "R" da caixinha de música, depois em meus pais, aqueles que cuidaram de mim até acharem que não poderiam me apoiar. Pensei na fita que nunca finalizei.
Bailey me encarou com carinho, enquanto uma lágrima escorria pelo meu rosto.
— De repente foi como se tudo se encaixasse. — Falou com os olhos brilhantes. — Você é a minha filha.
Neguei, sentindo um nó na garganta.
— Isso é impossível. — Sussurrei. — Você... Não... Isso não... — Eu me sentia em choque. Como se todas as células do meu corpo gelassem e meu cérebro não aceitasse esse fato. Ou não quisesse.
Bailey se aproximou, tocando meu ombro.
— Hey. — me afastei, eu não conseguia pensar direito.
— Eu sei que é um choque, mas eu nunca me senti tão feliz na minha vida. — Ela disse com os olhos tão marejados quanto os meus. — Era você o tempo inteiro. Eu te encontrei...
Eu já não controlava as lagrimas que rolavam sem parar.
Eu conseguia sentir meu coração bater forte no peito.
— A pessoa que eu sempre achei que não me quis, que eu sempre pensei ter sido uma irresponsável sem amor, era você?
— Você sabe de toda a história, sabe a verdade. Precisa ficar calma, isso não fará bem ao bebê.
— Ficar calma? — Olhei para Bailey. — Você sabia e não me contou? — Perguntei indignada.
— Desconfiava, enquanto procurei por você, mas quando ela me contou onde você estava, eu soube de toda a verdade. — Abri minha boca, enquanto lhe vi andar um passo em minha direção. — Precisa ficar calma.
— O destino fez isso, nos reencontramos.
Eu queria estar feliz, queria abraçá-la, agora que eu estava na mesma situação, eu sabia como era. Inicialmente foi o choque mas depois, foi como uma esperança singular, não antes experimentada.
— Eu não deveria ter te contado agora.
Eu queria dizer que não, mas em vez da minha voz, o que saiu dos meus lábios foi um gemido de dor alto.
— Shivani? — Bailey se aproximou imediatamente.
Coloquei a mão na barriga, enquanto sentia outra pontada. Senti o líquido avermelhado escorrer entre minhas pernas, me deixando em pânico.
— Não, não, não...— Eu repetia constantemente, enquanto tudo ficava em câmera lenta.
Bailey correndo para pegar as chaves, enquanto Lea me segurava, entre gemidos e visão turva, meus olhos pararam na caixinha de música do lado oposto da sala, enquanto flashs consecutivos abordavam minha mente com a mesma delicadeza de uma furacão.
De todas essas lembranças, estavam eu e Bailey desde o dia na festa, até hoje. E em seguida minhas conversas incessantes com ela. As roupas, a briga com meus pais, eu, sentada na janela acariciando a barriga redonda.
Que talvez agora estivesse indo embora para sempre.
Nota Mental: Uma vez li, em uma revista, uma frase gravada, eu não sei de quem era, ou do contexto, mas ela ficou guardada em minha mente "A vida é uma despedida constante do que somos agora para o que vamos ser adiante."
***
Final chegandooo, vocês acham que foi o triste, feliz ou uma mistura dos dois?
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Minha Estúpida Forma De Te Odiar_ Shivley Maliwal
Fiksi PenggemarShivani Paliwal é o tipo de garota que acredita em amor, doce e estudiosa não é nada popular, o que a torna um alvo fácil de outros alunos. Bailey May é um jogador de futebol popular, típico badboy, com um grupo de amigos nada convencional. Em uma...