Don't Leave Me

Uma aliada

Depois de muito tempo que Kook havia ficado sentado naquele balanço e apenas por não aguentar mais com seu próprio peso o garoto voltou para casa. Naturalmente seu pai estava dormindo quando ele chegou e o lugar se encontrava em um breu completo, evitando qualquer barulho subiu até seu quarto, talvez o único lugar no mundo em que ele se sentia realmente seguro.

Jungkook se despiu da roupa molhada e entrou no banho quente, ele estava tão exausto mentalmente e fisicamente que se sentou no piso do chuveiro, encolheu suas pernas abraçando as mesmas e recostando sua cabeça sobre seus braços, ali ele chorou tudo que ainda restava para chorar, a água quente caia sobre suas costas lhe causando uma leve sensação de relaxamento.

"Eu não queria, eu realmente não queria estar me sentindo assim... o que é que eu faço agora? Como vou seguir daqui pra frente? Sabendo que a pessoa que eu estava amando me usou e que certamente continuaria me enganando até conseguir concretizar seu plano "- As lágrimas do garoto e a dor que ele sentia em seu peito jamais poderia ser explicada em palavras.

Seus pensamentos ferviam com flashes do que ele tinha vivido ao lado do rapaz, o primeiro dia em que ele notou a existência do outro, a ida até o hospital, a noite no hotel, as mensagens de carinho, o bilhete no dia de seu aniversário... a noite em que eles passaram juntos e sem aguentar mais um segundo daquilo ele sussurrou para si mesmo:

- Eu realmente te amei Taehyung...

Ele finalmente criou coragem o suficiente para sair daquela posição e terminar de fato seu banho, logo após se enrolando na toalha de maneira quase que infantil, Kook deixou o banheiro. Já no seu quarto ele brevemente observou seu reflexo no espelho, seu rosto inchado por tanto chorar, era possível ver algumas olheiras que se formavam ali, dando de ombros e sem se importar nem um pouco com sua aparência o garoto vestiu qualquer roupa que encontrou e se sentou na cama.

"Para ser sincero eu queria dormir e não acordar mais". Ele pensou e concordou consigo mesmo em um balançar de cabeça.

Se esticando até o móvel ao lado da cama Kook pegou o seu celular, inconscientemente na esperança de ter algo ali mas nada havia, o que não era de se surpreender. Ele apenas desligou o aparelho, jogou dentro da gaveta e jurou não encostar nele até o dia seguinte. Naquele momento ele só queria paz e sua própria companhia, apagou a luz do quarto e se jogou na cama olhando para o teto, respirando cada vez mais fundo aos poucos ele adormeceu.

Há uma certa distância dali, Taehyung dentro de seu apartamento estava em completo desespero, a raiva de si mesmo e angústia eram tantas que sobrou para as xícaras de sua casa que agora se encontravam em pedaços no chão. Cambaleando e com a visão embaçada pelas lágrimas ele se moveu até seu ateliê, dando de cara com a enorme tela que tinha pintado com rosto do outro, caminhando até ela e ficando muito próximo Tae esticou seus dedos e tocou levemente o rosto que estava pintado ali, as lágrimas corriam involuntariamente sobre seu rosto.

- Me desculpa! - Ele dizia em um sussurro. - Me desculpa... eu tentei te explicar... eu tentei. - Falando sozinho e com a voz completamente embargada pela emoção ele continuou dizendo. - No começo era tudo um plano, eu assumo minhas intenções eram outras mas... mas você foi me conquistando aos poucos e quando me dei conta já estava entregue a esse sentimento que eu não conhecia até então... e eu amei sentir isso, eu amei esse sentimento e não queria te perder mas como eu iria te contar algo assim? Como eu iria te dizer a verdade sem te perder? - Ele dizia como se esperasse uma resposta daquela imagem. - Você foi e é a melhor coisa que aconteceu na minha vida... por favor me perdoa... me perdoa! - Ele implorava cada vez mais se entregando ao completo desespero.

O rapaz se ajoelhou diante da imagem e ainda em prantos tirou o celular do bolso, imediatamente abriu na conversa de Jungkook e começou a digitar mas logo parou, pensou um pouco e decidiu que ligar seria a melhor opção. Teclando os números com a mão trêmula ele tentou uma, duas, três... oito, nove... doze vezes mas todas com a mesma resposta.