22. Confiant

67.9K 3.9K 15K
                                    

Já estava tarde quando Harry chegou em casa e estava tudo silencioso, nenhuma voz de criança, repreensão, vozes de desenhos animados, brinquedos ou Marta cantarolando.

Harry tirou os sapatos e o blazer antes de deixar um longo e trêmulo suspiro escapar por seus lábios, bocejando logo em seguida e indo até a sala. Ele passaria reto para o corredor até as escadas, mas encontrou Jay sentada no sofá o observando e sorrindo ao ver que Harry a havia visto.

- Tudo sob controle, querido? - Ela perguntou extremamente cansada, o sotaque arrastando em todas as palavras e apesar do sorriso ser pequeno ele refletia em seus olhos. Harry sabia que Jay estava cansada, mas feliz por estar tudo bem com o filho.

- Tudo certo, Jay. O médico disse que Louis terá alta assim que as taxas dele estiverem normais novamente e ele estiver devidamente hidratado, não vai demorar. - Harry respondeu indo sentar ao seu lado e ela pôs a mão em seu joelho para apertá-lo fracamente, ainda sorrindo.

- Não sei como um médico se deixa chegar ao ponto que Louis chegara. Não se alimentando direito, tomando remédios para dormir, trabalhando em horários absurdos. Ao menos essa crise toda o fez cair na real. - A mulher disse e Harry assentiu, segurando arduamente outro bocejo.

- Espero que nos próximos dias as coisas melhorem e voltem ao normal. - Harry disse quase em um sussurro, tentando gravar as palavras na própria mente. - Anne sente saudades do pai. Meus filhos sentem saudades dele.

- Eu quase morro ao ouvir Taylor chamando Louis de dadee. Vocês deveriam ter me dado um aviso, estão sendo muitas emoções. - Jay falou em meio uma risada e Harry sorriu.

- Louis criou um vínculo especial com Tay desde que ele tinha seis, quase sete meses. Ele sente que o Lou também é pai dele já que agora começa um desenvolvimento e entendimento melhor das coisas. Bom, se ele chama Louis de papai é porque se sente seguro, eu fico feliz por isso. - Harry não sabia se estava somente pensando alto ou falando mesmo, o sono fazendo suas pálpebras pesarem um pouco mais. - Eu também me sentiria nas nuvens se Anne me chamasse de papai.

- Ela gosta muito de você Harry. - Jay respondeu apertando novamente o joelho de Harry parecendo querer assegurar daquilo e ele sorriu.

- Eu também gosto muito dela. Desde que Anne entrou em nossas vidas a Amy aprendeu a se comportar melhor, falar mais baixo, arrumar o que ela bagunça... As vezes... Aprendeu a proteger melhor o irmão e se aproximou mais de outra pessoa além de mim, assim como se aproximou do irmão também. - Harry disse orgulhoso da filha e de Anne, sorrindo imaginando que as duas provavelmente estão agarradinhas dormindo em sua cama.

- Desde que Anne conheceu a irmã ela aprendeu a se proteger melhor dos outros, tirou um pouco o medo dela de falar com as pessoas, ela agora toma banho sozinha e recusa nossa ajuda, escolhe a roupa que quer usar, não usa mais fraldas e jogou fora todas as mamadeiras que tinha lá em casa com Lou. Eu achava que ela estava criando uma personalidade graças ao pai como se ela finalmente estivesse aprendendo com ele, mas fora Amelie. Sua filha é bem decidida Harry, ela está ensinando Anne a crescer sem nem saber disso, eu achava que os danos causados pelo abandono da mãe dela no lar fossem ser longos e até irreversíveis, mas Amy está provando que não ajudando a maninha.

- Elas são duas crianças maravilhosas. - Harry sorriu e Jay assentiu também aumentando o tamanho de seu sorriso.

- Eu vou deixar você ir, já coloquei todos para dormir com ajuda da Marta que é um anjo. - Jay disse já levantando e Harry fez o mesmo, abraçando-a e deixando um beijo em sua testa, tentando descobrir como agradeceria ela e Marta por serem tão... Tão.

- Obrigado Jay. Eu não sei como agradecer por tudo o que você anda fazendo. - Ele murmurou desligando a televisão que estava no mudo por algum tempo. - Se precisar de mais cobertores ou qualquer coisa pode me avisar. As meninas estão bem?

Our Common TiesOnde histórias criam vida. Descubra agora