Capítulo 2

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         Pov's Mirela

        — Opa, opa, opa – Disse a inspetora do colégio me impedindo de sair sozinha da escola. – Mi, hoje é a sua tia que vem te buscar.
  
       — Oxi, mas ela não me falou nada quando me trouxe... – Estava confusa, pois minha tia nunca vinha me buscar. Nos últimos 3 anos, eu ia embora sozinha para casa.
 
      — Parece que ela tá aqui por perto e resolveu vir te buscar hoje. Mas, enfim, tá na minha hora de almoço. – Ela se esquivou e beijou a minha bochecha. – Tchau, Mi!
  
     — Tchau Laninha. – Dei um sorriso singelo.

       Laninha me conhece desde pequena, assim como todos deste colégio. Eu estudava aqui desde que me conheço por gente.

       Ela me ajuda muito. Quando ficava triste, quando era menor, por não ter ninguém para dar meu presente dos dias das mães, era ela quem me consolava. Óbvio, minha tia é uma mãezona, sempre cuidou de mim como se fosse filha dela, mas ela não é a minha mãe. Na verdade, eu nunca soube como e nem quem era a minha mãe. Só sei que a titi é (é assim como eu chamo a minha tia) irmã da minha mãe, e que de longe ela era diferente da minha tia.

      Logo escutei um som estridente de uma buzina. Era a minha tia. Ela realmente veio me buscar.

    — Miiii, entra no carro logo!!! – Ela gritou, pois, estava do outro lado do portão.

        — Oiiii, titi. Florzinha do meu jardim!!! – Fui correndo, entrei no carro e abracei a minha tia.

        — Vamos para casa fazer o almoço ou almoçar fora?

        — Vamos fazer. Aliás, você faz! Eu amo a sua comida, titi.

       — Olha a exploração... – Disse com voz de vítima e com a carinha de boneca que só ela tem.

         Chegamos em casa, fizemos o almoço, conversamos muito e fizemos mil e outras coisas. Já disse que ela é a minha tia favorita? Tomara que a tia Sofi não escute isso. Ela é bem ciumenta. Falando sério, minha titi, tia Sofia e a minha bisavó me dividem como se eu fosse um chocolate. Não tenho vó e nem mãe, contudo, hoje não me faz falta.

        O porteiro interfonou e disse que subiria com um correio. Não demorou nem 1 minuto para a campainha tocar. Ele era rápido mesmo.
  
        — Mi – Me entregou um envelope –, é para sua tia, entrega para ela.

        – Ok, obrigada, Sr. João.

        Sou meio curiosa e acabei olhando antes de entregar para a minha tia.

        Era uma carta avisando as divisões do Reino de K.

         Quando minha tia casou com o Max, ela passou a ter direito ao reino, mas como se divorciaram, precisavam dividir o reino entre ele, a titi e também o Betinho.

         — Tia, toma – Entreguei o envelope já aberto –, é para você. É lá da Alemanha avisando da divisão do Reino lá.
       
          Ela pegou o envelope e leu com calma. Pelo o que conhecia a minha tia, não aceitaria uma divisão, até porque, a mesma não queria esse mundo para si. O sonho dela sempre foi ser cantora, nunca foi ser uma rainha.

         Eles se separaram, quando eu ainda era criança, no entanto, como sou precoce, já entendia que as coisas não andavam bem para o lado dos dois fazia muito tempo. Me lembro do Max, mas nem tanto. Minha tia gostava dele; gostava muito, mas não o amava de verdade, e todo mundo sabia disso.

        — Eai? – Olhava para o seu rosto buscando alguma reação.
  
       — Eai, pipoquinha, que eu não vou aceitar. Você acha mesmo que eu vou aceitar essa proposta malucodoida? – Colocou a mão na boca repreendendo a sua expressão. Segundo ela, queria deixar de falar os bordões antigos. Ela já era adulta e marura, e queria mudar alguns hábitos. – Eu quero conquistar tudo o que eu sonho COM O MEU DINHEIRO, e não do meu ex marido. Eu hein...

      — Isso mesmo tia, girl power!

      — O que é isso? – Fez uma expressão de que não havia entendido nada.

    — Significa "poder feminino", ou seja, quer dizer que você é uma bela feminista.

    — Ah, gostei, hein – Fez o gesto com as suas mãos. Minha tia sempre foi expressiva.

    — Mudando de assunto, hoje convidei a Brunetute para vir aqui.
       
    — Opa, dia de fofoca das velhas! – Disse em um tom sarcástico.

    — Olha, você nos respeita miniatura de adolescente. Você só tem 14 anos, pera lá.
  
    — Sou quase adulta, tá? – Abri a porta e anunciei a minha saída. – Vou escutar música no meu fone. Fuiii

     20:20 PM

     Tava sem nada para fazer, então, resolvi sair do quarto. Se eu ficasse pelas próximas duas horas no meu quarto com fones de ouvido, sairia de lá surda.

    Minha tia estava conversando com a Bruna, e eu como sou curiosa, resolvi escutar escondida. Para elas sou "criança demais para esses assuntos".

      — Flor, vem cá, não querendo apressar ninguém, mas não pintou nenhum companheiro depois o Max?
     
     — Sinceramente, não. Sei lá, tô sossegada sozinha, morando com uma infernal adolescente de 14 anos em um apê, conquistando as minhas coisas sem nenhum apoio. Resumindo, vivendo por mim mesma.
    
     — Acho foda a maneira como você vive a sua vida. Eu acho super necessário as mulheres serem independentes, sabe? – Deu mais um gole de vinho e mudou de assunto. – Sei não, hein, Flor. Muitas das vezes, eu acho que o Fred ainda tá vivo...

      — Nossa, Bruna, de novo esse assunto. – Deu outro gole no seu vinho.

     — Flor, vem cá, você não acha estranho a forma que o Fred, supostamente, morreu, não? – Titi parou para refletir. – Nunca apareceu o corpo do meu irmão e nem se deram o luxo de procurar direito. Algo me diz que em algum lugar desse mundo, o Fred procura pela gente.

    — Nossa, Brunetute, até arrepiei aqui. – Realmente, ela estava arrepiada. – Se for verdade, eu ficaria feliz, sabe? Seu freezer sempre foi e sempre será o grande amor da minha vida. Nunca ninguém foi e nunca será que nem ele. Nem mesmo o Max conseguiu me dar tantos arrepios que nem ele.

    — Ok, me poupe dos outros depoimentos e de detalhes desses arrepios... – Titi começou a rir e ela voltou ao assunto. – Mas, mesmo assim, acho toda essa história muito estranha e mal contada.

Floribella | 3° Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora