No meu quarto há uma cama box de casal encostada na parede do lado direito, perto de uma janela fixa de formato retangular.
As paredes são todas pinceladas por um tom de roxo e o cômodo não é grande e muito menos minúsculo. Contém uma cama, um guarda-roupas, uma mesinha de estudos ao lado do guarda-roupas e uma abertura fechada por uma porta de madeira que leva ao meu banheiro.
Caminho até a cama de algodão e deito-me de barriga para cima, firmando os olhos no teto cheio de pinturas desbotadas de estrelas, casinhas e anjos. Estou tão nervosa que não consigo deixar meus pés sequer um instante parados. Se aquieta, Valentina, não é como se você fosse virgem!
ㅡ Você lembra de quando a gente voltou a se falar? ㅡ indago, virando um pouco o rosto para o lado no interesse de ver Emily sentar de pernas cruzadas na cama. ㅡ Você tinha sido adotada recentemente, as coisas das cartas tinham sidos esclarecidas e cê tava com menos raiva de mim.
ㅡ Eu não tava com raiva de você, besta! ㅡ empurra meu ombro, finalmente se deitando ao meu lado e também encarando as pinturas no teto. ㅡ Tá bom. Talvez só um pouquinho.
Emily e eu nos conhecemos no orfanato Luz Lunar daqui da cidade. Quando cheguei lá, tinha acabado de perder meus pais e só possuía seis anos. Não tinha parentes próximos para me adotar e não é como se eu tivesse muita escolha para onde ir. Já Emy, diferente de mim, praticamente "nasceu" ali dentro.
Desenvolvemos um laço afetivo forte nos primeiros trezentos e sessenta e cinco dias que passamos juntas, entretanto o destino quis nos separar.
Aos sete anos fui adotada. Mas antes disso, selamos uma promessa: enviar cartas uma para outra igual nos filmes e livros. Todos os dias.O grande problema dessa ideia boba e fofa foi minha mãe adotiva, que escondeu todas as nossas setecentas e trinta cartas. Nunca entregando as minhas para ela e muito menos as de Emily para mim.
Dona Hadria queimou mais de seiscentos bilhetes no decorrer dos dias, deixando apenas algumas para trás por puro descuido. Descuido esse que se não existisse, nunca saberíamos da verdade.
Provavelmente não nos falaríamos mais, tendo em vista que minha versão mais nova ficou extremamente chateada com a ausência das respostas de Emily.
Com sete anos de idade eu não tinha celular ou acesso a outros meios de comunicação, pois minha mãe não permitia, e quando às vezes eu ligava para o orfanato às escondidas pelo celular de Hadria, Emy se recusava a atender-me.
O que essa menina tinha de tamanho não era o suficiente para portar seu orgulho, o transbordando para fora do corpo.
Já as cartas eram sempre enviadas por um "pombo correio" que o orfanato possui, esse é o apelido que demos para o rapaz que entregava diariamente todas as cartas das crianças adotadas ㅡ que se mantiveram na cidade. ㅡ para às do orfanato.
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Girls+Girls (+18) - NÃO REVISADO
Romance[NÃO RECOMENDADO P/ MENORES DE 18] Valentina nunca soube o que era prazer, seja em beijo ou na cama. Seus relacionamentos nunca deram certo pois a garota sempre demonstrava falta de interesse, como se sentisse ausência de algo. A cabeça de Valentin...