6. EMILY

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Existem dois tipos de pessoas apaixonadas quando estão bêbadas.

A primeira é aquela que fica completamente romântica ao extremo. Grudenta.
A segunda é a que ao beber desperta o lado mais triste e realista que guarda dentro de si. No caso, percebe todas às vezes que foi trouxa e chora.

Eu sou as duas.

ㅡ Você tá tão bonita de undercut. ㅡ digo chorosa e embriagada no orelhão da esquina da casa de Ben. A festa ainda está em andamento, porém movida ao álcool prefiro ficar do lado de fora, sozinha. Já é a quinta, décima, sei lá que porra, da vez que ligo para o número de Valentina. Será que digitei o telefone errado? Não. Eu não erraria esse número nem de olhos fechados, bêbada ou que fosse. Só pode ser outra coisa, talvez o fato dela estar dormindo agora, por que são quatro da manhã? ㅡ Só cai em caixa postal... ㅡ choramingo apoiando-me na parte de dentro do orelhão, sonolenta. ㅡ Eu sei que disse pra você ficar comigo enquanto se descobre, mas acho que não consigo continuar com isso sem me machucar no processo. Sabe, eu sou apaixonada por você desde que a gente era criança. Então a ideia de só ser um teste, machuca, mas a ideia de não ser nem isso dói mais ainda.

Nesse momento o telefone acha-se molhado por minhas lágrimas silenciosas. Estou apreensiva com minhas próprias palavras.

ㅡ Só por favor não me afasta. ㅡ meus olhos ficam mais pesados, e minha visão cada vez mais embaçada. ㅡ Isso é falta de amor próprio, eu sei, mas não deixa de ser o que eu penso.

Encaixo o telefone novamente ao seu lugar e em seguida sinto um peso sobre meus ombros.

ㅡ Mas que porra-

E exatamente nesse momento que sinto meu corpo perder o resto do controle, junto com a força nas pernas, por pouco não me fazendo cair, sendo impedido somente pelo mesmo dono do peso nos ombros, que por sua vez segura-me.

ㅡ Nem pense em dar uma de bela adormecida comigo, porque eu te deixo cair. ㅡ viro o rosto um pouco para trás, reconhecendo a pessoa dona da voz; Dominique. ㅡ É perigoso ficar aqui sozinha, Emy. Ainda mais a essa hora.

ㅡ Que saco, não posso nem se quer ter minha sofrência lésbica em paz. ㅡ agacho, abraçando as pernas longas e ossudas, mas malhadas, de Nick. Quase dormindo ali mesmo.

ㅡ Já entendi que você não tá bem, vou levar você pra casa. Sorte sua que estou com as chaves do carro da Iara, aquela vadia rica. ㅡ ainda com os olhos fechados, agarrada a suas pernas, solto uma risada desengonçada e vergonhosa provavelmente. ㅡ Agora levanta daí!

Iara trouxe Dominique, seu namorado, e eu em seu carro para a festa. Por sorte, a própria Clarisse me emprestou sua moto para eu dar minha fuga até a casa de Valentina no início da festa de noite.

Dominique tenta arrastar suas pernas e falha, posteriormente dando pulinhos na tentativa humilhante de desgrudar do meu abraço.

ㅡ É sério quenga, tira seus braços daí por livre espontânea vontade ou, vou tirar você a tapas e chutes, e eu fiz as unhas, não me faça estragar elas!

Dito isso largo seus membros inferiores, entretanto continuo sentada na calçada em frente a casa enorme de Benjamin. Envolvo minhas pernas encolhidas com meus próprios braços e deito minha cabeça sobre eles, fazendo birra como uma criança sonolenta. Céus, eu bêbada é absurdamente vergonhoso e irritante.

Girls+Girls (+18) - NÃO REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora