4. EMILY

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Quando comecei a gostar de alguém? Quando percebi que gostava de meninas? Céus, quando comecei a pensar em Tina me beijando, andando de mãos dadas comigo, dormindo ao meu lado com a mão na minha cintura?

Talvez tenha sido a partir do momento que Valentina entrelaçou nossos braços e me levou até uma cobertura para não pegarmos chuva. Duas crianças recém conhecidas, fodidas da cabeça, deixadas em um orfanato. Ela tinha perdido os pais a pouco tempo, mas estava ali, ajudando em vez de ser ajudada.

Ou talvez eu tenha me apaixonado quando ela fez massagem na minha mão e pulso por causa de um machucado causado em uma partida de voleibol. Não. Me apaixonei antes disso.

Nos conhecemos desde quase sempre. Fomos criadas no mesmo orfanato e por sorte adotadas com apenas um ano de diferença. O que permitiu que nossa amizade durasse mesmo depois do afastamento. Convencendo nossos pais, fomos para as mesmas escolas. Então nossa amizade apenas se fortaleceu.

Mas a verdade é que eu gosto da Valentina antes de tudo isso.

Meu afeto surgiu quando ela me protegeu das demais crianças do orfanato de fazerem bullying comigo, mesmo sendo novata e ficando mais suscetível a humilhação depois disso. Quando me abraçou e disse que eu não ficaria mais sozinha, meu eu mais novo desejou nunca mais sair daqueles braços, e olha que odeio contato físico.

Desejei passar o resto da minha vida com ela. Imaginei nosso casamento. Duas meninas iguais às princesas da Disney em seus vestidos rodados e cheios. Essa era a ideia fantasiosa que eu possuía de nós.

Sempre amei o perfume forte e suave ao mesmo tempo que sua pele e cabelos tinham, contaminando por onde passavam com o seu cheiro.

Valentina parecia mais bonita que as outras crianças do orfanato para mim.

Amava quando a garota agarrava minha mão e caminhava comigo em volta da escola ou orfanato. Amava quando Tina me abraçava e ficávamos nós duas embaixo do cobertor esperando a chuva passar. Quando me protegia e quando eu a protegia também.

Depois que fomos adotadas, houve desavenças em nossa amizade que se estenderam por um ano completo. Não nos falamos por todo esse tempo, mas mantivemos a promessa de enviar uma carta por dia uma para outra, mesmo que as cartas nunca tenham sido lidas por nós.

Até que um dia, por acaso, nos encontrarmos em um supermercado um ano depois de eu ser adotada, com insistência da ruiva, finalmente planejamos visitarmos uma a outra e aos poucos nosso relacionamento amigável foi voltando ao normal.

E no dia do aniversário da Valentina de 13 anos, em uma noite de fogos a qual a ruiva usava vestidinho branco e tiara dourada, e observava o céu explodir em cores, sem som algum além dos murmúrios de pessoas próximas, nessa mesma noite tive a ousadia de abraçá-la e sussurrar no seu ouvido: ㅡ Case-se comigo por favor.

Demorei para raciocinar o que havia dito. Não conseguia me mover para afastar meu rosto de seu pescoço, o constrangimento pós impulso me consumia por inteiro.

ㅡ Claro que eu caso, Emy. Basta você me pedir quando formos maiores de idade. ㅡ riu.

Aquecendo meu coração e as bochechas com o som gostoso de sua risada. O que significava aquela risada? O que ela tinha dito era uma piada? Ou era sincero?

Nunca soube.

Nunca perguntei.

[...]

Daqui a alguns dias é o aniversário do Ben, ele acabara de complementar 19 anos e deseja comemorar com seus amigos e alguns colegas não tão íntimos, entretanto que sabem dá uma boa festa. Com muito contragosto de seus dois pais, o garoto conseguiu convencê-los a deixarem fazer a confraternização em casa.

Girls+Girls (+18) - NÃO REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora