Capítulo 35 - Se for entrar, que seja pra ficar

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Notas do Autor

Mais tarde será postado o último capítulo.




Cuidar de criança era uma parada muito estranha. Com Gizelly ainda no hospital, voltei para casa de madrugada, encontrando uma Helena deitada no sofá, dormindo de qualquer jeito com a tv ligada em um desenho infantil, na mesinha de centro várias apostilas sobre piano. Sorri, fechando a porta atrás de mim e me aproximando dela, pegando ela no colo e subindo as escadas. Deixei ela dormindo na cama de casal da Gi, a cobri e fui dar uma olhada nas crianças. Entrei no quarto sem fazer barulho, mas vi Isis sentada na cama, parecia brincar com o ursinho.

— Ei, você devia estar dormindo. — Falei, me aproximando do berço e a pegando no colo, me sentei na cadeira que tinha ali do lado e aninhei ela no meu colo. — Está tarde, garotinha, você precisa descansar porque eu sei que você fica muito chatinha quando dorme pouco. — Falei, apontando o dedo para ela, como se brigasse. Ela segurou meu dedo e levou até a boca. — Você não me leva a sério, né? — Ri, começando a balançar na cadeira, determinada a fazer ela dormir.

Isis tinha olhos bonitos. Muito bonitos. Deixei ela segurar meu dedinho e comecei a embalar ela no braço, cantarolando uma musiquinha de ninar que minha mãe cantava para mim quando eu era menor. Imaginei quantas vezes Gizelly fez o mesmo ali, colocando as crianças para dormir. O pensamento me aqueceu o peito, tão bonitinho ela devia ficar fazendo isso… Não lembro em que ponto eu decidi ser mãe, mas ali, naquele instante, eu sabia que eu estava pronta para ser. Quando ela dormiu, a coloquei no berço e fui para cama, me deitando e pegando no sono logo de imediato, não sabendo que estava tão cansada.

Foi um resto de noite sem sonhos. Acordei com a luz batendo nos meus olhos. Helena já não estava na cama e eu ouvi barulho pela casa. Me levantei, indo tomar um banho antes de descer. Era oito da manhã, meu celular não tinha ligações. Me permiti tomar um banho longo, demorado, relaxando minha coluna que doía um pouco. Desci, tomei café da manhã com Lena e os gêmeos.

— Acho que vou para o hospital de novo, Paulinho vai vir para cá… — Comentei, vendo a mensagem que ele me mandou. Tinha o avisado um pouco antes do banho. — Consegue cuidar tudo aqui? Vou fazer ir ao mercado, comprar umas coisas e fazer uma sopa de legumes para levar para Gi comer hoje, a galera do hospital disse que era uma boa ideia. Vou fazer uma porção grande e levar para mais gente. — Decidi. —- Quer algo do mercado?

— Acho que maçãs, o Théo gosta de comer maçãs, bananas para a Isis, mais leite em pó, nescau eu acho que ainda tem….

— E para Helena, o que eu trago? — Perguntei, terminando meu capuccino e levantando da mesa.

— Acho que só um salgadinho para mim. Ruffles de salsa e cebola, está ótimo. — Ela riu, me passando a chave do carro.

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Quando cheguei no hospital com uma panela enorme de sopa carregado num carrinho que Thalita me ajudava a empurrar, todos me olharam como se eu fosse louca. Toda minha coleção de potinhos agora parecia útil: serviriam para as pessoas comer, com colherzinhas. Informei todos que pegaram a sopa para depois de comer, lavar o potinho e a colher e deixar na caixa de plástico que eu deixei ao lado da mesa de centro da sala de espera. Então, Thalita pegou uma parte da sopa e levou para as crianças enquanto eu e Daniela servia os outros doentes. Em poucos minutos estava entrando no quarto da Gizelly com um pote maior.

— Marcela? — Perguntou, vendo eu entrar.

— Bom dia, Gi. — Sorri. — Trouxe sopa para você. De legumes, bem nutritiva para te ajudar a melhorar e sair daqui.

— Você cozinhou para mim? — Ela perguntou enquanto eu me sentei ao lado dela.

— Sim, sem couve-flor porque sei que você não gosta. Tem mandioca, batata, cenoura, brócolis… Eu sei que a maioria das coisas aqui não são legumes. — Ri, pegando uma colherada.

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