Capítulo 32 - I'm gonna hold you, like I'm saying goodbye

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Ficar sentada na sala de espera do hospital era de longe a coisa mais agoniante que eu já havia passado. Meu pé mexia inquieto, eu devia estar lá fazia cerca de duas horas, mas parecia que uma semana havia passado. Enfermeiras passavam de um lado para o outro, mas tudo que eu queria saber era se Marcela estava bem. Com as informações do jornal, vim até o hospital e perguntei se o nome da paciente era Marcela Mc Gowan. Tive que mentir, dizendo que era minha namorada, para a mulher me colocar na lista de visitas. Minhas mãos tremiam. Por sorte, Paulinho conseguiu ir lá para casa cuidar dos gêmeos. Ele e o Hall eram ótimos padrinhos, eu tinha que admitir isso. Me levantei, pela milésima vez, para buscar água. Enquanto enchia o copo, uma enfermeira chegou até mim.

— Com licença, você é a Gizelly Bicalho? — perguntou.

— Sim! — Respondi, eufórica. Por favor, enfermeira, diga que eu já posso ver minha garota. Por favor.

— Me acompanhe. — Ela pediu, notando minha ansiedade. — Ela está bem, tivemos medo de ser algo sério, fizemos alguns exames, mas ela é muito sortuda. Ela deslocou o ombro e quebrou uma costela. Levou uma pancada forte na cabeça com a queda, mas só conseguiu um pequeno corte na testa, levou 4 pontos. Fizemos exames, tivemos medo de ter algum dano maior. Ela está desacordada desde que chegou, achamos que agora é por causa dos remédios, ela pode acordar a qualquer momento. — Me apressei para caminhar ao lado dela, ouvindo cada palavra e registrando. Pelo menos ela estava bem. — Fique a vontade, qualquer coisa nos chame.

Entrei no quarto, com a enfermeira fechando a porta atrás de mim. Me aproximei com passos lentos, com medo de como veria ela naquela maca e de qual seria minha reação. Aos poucos, tomei coragem. Ela estava deitada, vestindo a roupa típica de hospital. Tinha a cabeça enfaixada e tomava soro, acho que perdeu certa quantidade de sangue porque a faixa na testa já mostrava certa quantidade de sangue. Mas já havia sido suturado, pelo que a enfermeira disse. Respirei fundo, me sentando ao lado dela. A pele estava ainda mais branco - apesar de eu achar que isso fosse impossível - e parecia num sono tão profundo. O ombro esquerdo lestava imobilizado. Peguei a mão direita dela e segurei. Estava gelada… Será que ela estava com frio? o ar condicionado da sala estava deixado a sala bem fresca.

— Oi, Marcela. — Falei, sem saber se ela iria me escutar. — Como você está? Eu tive que mentir para o hospital dizendo que você era minha namorada para eles me deixarem te ver…. São cinco da manhã, eu teria que voltar no horário de visita se quisesse te ver… Então eu disse que era sua namorada, e eles acreditaram porque eu estava desesperada com a possibilidade de te perder. — Suspirei, rindo de leve. — Eu nunca senti tanto medo quanto na hora que cheguei nesse hospital e perguntei por você. Sabe, Marcela, eu devia ter sido mais sincera com você. — Fiz carinho na mão dela, as palavras simplesmente saiam. — Eu devia ter te contado sobre tudo a respeito dos gêmeos, é só que… Você passou muito tempo fora da minha vida e eu tenho medo que saia dela de novo.

Respirei fundo, sentindo uma vontade repentina de chorar. Já que estava sozinha, me permiti derramar lágrimas. Eu sentia que tinha muita coisa para chorar. Eu amei aquela garota minha vida toda. Eu mal me lembrava de um tempo antes de amá-la. Ela sempre esteve presente na minha vida, sempre, sempre… Sempre foi ela. Porquê nós ainda tínhamos tanto problemas? Naquele segundo, segurando a mão de Marcela, eu acreditei em destino como nunca antes. Eu acreditei em alma gêmeas, acreditei em todos aqueles poemas de amor que me fizeram pensar que ninguém seria capaz de amar tanto assim. Mas era. Era porque eu amava uma garota naquela intensidade e me sentia uma tola por só me dar conta disso quando quase a perdi de novo. Marcela era o amor da minha vida, Mc Gowan era o nome que eu queria junto ao meu. Ela parecia uma adolescente irresponsável, mas era a minha adolescente irresponsável. Eu gostava, do jeito irritante, do riso fácil, das cantadas o tempo todo, das provocações… Gostava de como ela sempre levava uma blusa extra quando íamos no cinema porque sabia que eu sentiria frio. Gostava como sempre separava a pipoca dela da minha, porque eu gostava de muita manteiga e ela nem tanto. Gostava como ela ainda sabia tanto sobre mim.

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