CLAWS - Meu Inferno Pessoal - Série MC Black Panthers - Livro 3 (DEGUSTAÇÃO)

TRÊS

Boa tarde, lindezas!!
Tem capítulo novo?
Não. Tem dois capítulos 😊
Espero que gostem 🖤

CLAWS

A claridade atravessou a janela e invadiu o quarto, me despertando do sono. Tentei me mexer, mas a dor nas minhas costas me impediu. Merda!

Meu corpo estava moído depois de dormir sentado por algumas horas.

Alonguei os braços, o que fez vários ossos estalarem como se estivessem fora do lugar. Esfreguei os olhos, lutando contra os raios do sol bem na minha cara. Inferno! Eu devia estar ficando velho mesmo.

Fiquei de pé, Carolyn ainda dormia tranquilamente. Ela tinha sido trazida para o quarto no dia anterior, após passar um tempo em observação. A cadela perdeu muito sangue e teve que ser monitorada antes da transferência.

Fechei a cortina para impedir que a claridade da manhã alcançasse a cama e a despertasse. Parei ao lado dela, admirando seu belo rosto pálido. O lençol cobria seu corpo e uma faixa branca envolvia parte do ombro direito, braço e peito. A mesma sensação ruim cutucou minha coluna.

O perigo ainda estava por perto.

Deslizei a mão por seu cabelo sedoso, tentado a beijar seus lábios ressecados. Imagens dela, de nós dois, invadiram minha mente se misturando a outras mais antigas que não deveriam me incomodar tanto, mas incomodavam profunda e intensamente mesmo que eu não quisesse.

Quando conheci Emma na escola ela tinha apenas dezesseis, dois anos a mais do que Carolyn quando entrei pela primeira vez na sede do Black Panthers. Elas ainda estavam na adolescência e começavam a despertar para a vida adulta, no entanto, não poderiam ser mais diferentes. Tanto em suas personalidades como na maneira de lidar com os problemas.

Uma era o frio aconchegante, calmo, apaziguador.

A outra era o fogo intenso, inquieto, desafiador.

Enquanto Emma crescia dentro de uma bolha protetora, aprendia a se comportar como uma boneca de porcelana submissa, educada para enfeitar vitrines chiques e vivia diariamente o sonho idealizado de uma família feliz, Carolyn conhecia de perto o lado escuro do mundo sob a proteção de um grupo de motoqueiros insolentes, era irritantemente consciente de que havia sido usada como forma de pagamento pelo pai e transbordava medo, carência e rebeldia.

Duas vidas impostas a mudanças radicais. Duas vidas tomadas à força e injustamente por aqueles que deveriam guiá-las em segurança, corrigir suas falhas com palavras de incentivo e demonstrar com bons exemplos todas as causas e suas consequências. Mas foram manipuladas e conduzidas por mãos abusivas para caminhos indesejados por motivos puramente egoístas.

Emma confiava cegamente nas pessoas que a manipulavam, não enxergava a maldade nem que ela estivesse debaixo do seu nariz e acreditava que a sua família nunca iria decepcioná-la.

Carolyn jamais confiaria novamente, pois aprendeu da maneira inversa que família se constituía através de sentimentos verdadeiros, que respeito deveria ser conquistado e o sangue que ligava geneticamente as pessoas não fazia qualquer diferença quando você precisava de ajuda.

E eu tive o prazer de amar a alma dessas duas mulheres em momentos distintos da minha vida de merda. Com Emma descobri a pureza, a inocência e a ingenuidade do primeiro amor, mas também conheci a fundo o poder da ganância, da inveja e, principalmente, do dinheiro.

Carolyn despertou o animal selvagem que habitava dentro de mim e que havia aquietado depois de ter sido gravemente ferido, quase morto. Foi ela quem iluminou meu caminho quando tudo que eu mais precisava era continuar vagando na escuridão e ainda que dezenas de tatuagens cobrissem seu corpo, suas roupas enganassem quem não a conhecesse de verdade, e sua boca atrevida afastasse qualquer um que tentasse enxergar além das muralhas que ela construiu para se proteger, seus olhos me pediam coisas que eu não poderia lhe dar, e pior, talvez jamais pudesse.