Cria de Favela (Sterella)

Capítulo 06

Narrador POV

Fatores determinantes de uma personalidade forte e persuasiva moldam Stéfani Bays todos os dias, em todos os momentos, gerando pensamentos retrógrados na cabeça da morena que viaja por todos os flashbacks possíveis de sua infância, algo que Stéfani finge não lembrar por constar como lembranças de um passado constrangedor. Ninguém durante todos estes anos conseguiu invadir a mente da Bays e muito menos o coração tão frio que mesmo podendo ajudar pessoas ao seu redor quando possível o faz apenas por sabedoria e discernimento de tudo oque passava a entender.

A mulher sentia a temperatura do corpo quente de Mirella em seus braços, poderia muito bem se desesperar ou buscar ajuda como qualquer pessoa faria, mas Stéfani descartou mantendo toda a situação sob controle com tranquilidade. A imensidão esverdeada do olhar intenso da Bays insistia em se manter sobre Mirella, analisando a garota desacordada e pacificamente a maior deixou a menor deitada com o corpo estirado sobre o sofá, caminhando rumo ao armário próximo ao banheiro onde guardava equipamentos de primeiros socorros. A serenidade transparece na feição calma de Stéfani que tratou de umedecer uma toalha limpa para passar sobre a face de Mirella afim te tentar acorda-la ao retornar ao local, se ajoelhando sobre o chão ao lado do sofá.

Stéfani nunca se viu na situação de ter que cuidar de alguém e em sua própria cabeça não se vê cuidando de Mirella e sim podendo apaziguar tudo. Se soubesse de quem a morena se trata e de onde ela vem sua visão com certeza seria outra, ela jamais aceitaria manter uma moradora de uma comunidade de classe social extremamente baixa e vítima da destruição que está prestes a causar em sua casa. A visão da Bays é crítica e maliciosa quanto as situações que envolvam seu trabalho e que coloque a si própria em risco. Mesmo não tendo o costume de receber visitas para hospedagem em sua residência a mais velha não poderia negar e dar motivos para que Mirella saia falando mal de si pelos arredores.

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O corpo quente de Mirella se contorcia contra o colchão macio da cama do quarto de hóspedes, jamais havia dormido de modo tão confortável em anos, com o cheiro agradável que invadia as narinas da menor cujo mantém seu corpo deitado sobre o lençol todo amarrotado devido as mudanças de posição durante o sono. A morena não poderia negar, os olhos esverdeados da Bays invadiam seu sono, assim como o perfume forte da mulher. A cena de horas atrás dominava a mente de Fernandez que mesmo adormecida sentia o efeito surreal e o misto de sensações no interior de seu corpo, sem sequer poder explicar a si mesma a verdadeira causa disso. Por um instante os olhos de Mirella se abriram e ergueu o tronco de forma repentina despertando levando uma das mãos até sua face.

- Caralho... - A menor murmurou olhando ao redor do ambiente escuro observando a luz do luar que refletia através da enorme janela do quarto que se encontra com as cortinas abertas.

- Sabia que uma hora você iria acordar. - A voz rouca e um tanto quanto tranquila ecoou pelo ambiente tomando a atenção de Mirella que virou o rosto focando a visão em Stéfani escorada sobre a batente da porta, fixando o olhar neutro sobre sua pessoa.

- Eu não queria te atrapalhar... - Mirella não fazia idéia do que dizer a dona do par de olhos esverdeados, apenas abaixou a cabeça se sentindo estranha pela situação.

- Não importa mais, não devemos nos lamentar por algo que já aconteceu. - Stéfani se pronunciou mantendo a postura tão fria. - Está com fome?

- É... N-Não - Gaguejou esfregando o braço esquerdo com a mão direita, receosa em falar com a Bays, apenas sabendo do que a mulher é capaz.