Toque de Recolher

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Alguns anos se passaram, Hongjoong nunca mais viu ou soube notícias de Seonghwa. Ele tentava se manter ocupado o máximo possível: não queria lembrar daquele dia, saberia o que aconteceria, caso ele pensasse no último dia que eles se viram, iria querer correr até a floresta para procurar por Seonghwa. Mas ele precisava cumprir com a promessa que havia feito.

Hongjoong havia terminado seus estudos e arranjado um emprego em uma loja de conveniência. Trabalhava das oito da manhã até às cinco da tarde, seu chefe era um homem idoso, com uma barba comprida. Estava sempre com a cara fechada, não gostava muito de se relacionar com as pessoas. O homem folheava um jornal velho de alguns meses atrás, ele não gostava de ler jornais novos, não gostava das notícias atuais, preferia as antigas.

O garoto ajeitava umas das prateleiras da loja. Às vezes, ele olhava para o seu chefe se perguntando o motivo dele ser tão fechado com as pessoas ao seu redor.

ㅡ O que é? ㅡ perguntou o homem grosseiramente.

ㅡ Nada. ㅡ Hongjoong disse sem jeito. Constrangido.

ㅡ Arrume isso logo e depois pode ir. ㅡ disse homem.

Hongjoong estranhou. Ainda não eram cinco da tarde. Ele nunca foi um chefe que deixava seu funcionário sair antes do horário e isso lhe causará uma certa estranheza.

ㅡ Mas agora que é quatro e meia. O meu horário de trabalho ainda nem acabou. ㅡ disse Hongjoong se aproximando do balcão onde seu chefe folheava o jornal velho.

O homem colocou o jornal sob o balcão e olhou para Hongjoong. Antes que ele pudesse dizer algo para o garoto loiro com cabelos compridos, estilo mullet. Um homem com um chapéu entrou na loja ㅡ ele era o xerife daquela cidade pequena com quase dois mil habitantes, mas nesses últimos anos, os registros de pessoas desaparecidas aumentava a cada dia. Por causa desses desaparecimentos inexplicáveis, o xerife havia colocado o toque de recolher na cidade, ninguém poderia sair depois das cinco.

ㅡ Posso saber por que o senhor ainda não fechou a loja? É quase cinco. ㅡ questionou o xerife parando e colocando a sua mão na cintura e ajeitando o cinto de sua calça.

ㅡ Eu já vou fechar! Mas o garoto aqui, gosta de trabalho. ㅡ ironizou o homem se afastando do balcão.

ㅡ Hongjoong, vá para a casa! ㅡ disse o xerife. ㅡ Não é seguro ficar andando por aí sozinho! Vá para casa. ㅡ continuou.

Hongjoong assentiu com a cabeça e colocou algumas latas de comida enlatadas em cima do balcão e foi para a parte detrás da loja. Ele tirou o seu avental e colocou em algum canto e voltou para a frente da loja; se despediu de seu chefe, do xerife e se retirou.

O garoto saiu da loja e ficou olhando para a rua. Em frente, havia uma loja de acampamento e uma caminhonete vermelha, parada em frente a loja fechada. Ele não sabia como isso havia acontecido, alguns anos atrás, estava tudo bem; a cidade era tranquila. As pessoas andavam até tarde da noite, hoje, não podem mais sair depois das cinco. Hongjoong se afastou da loja em direção de sua casa, ele andava distraído, não viu quando um garoto alto se aproximou.

ㅡ Hongjoong! ㅡ disse o garoto sorrindo ao vê-lo.

Hongjoong olhou para o garoto assustado.

ㅡ O que você está fazendo aqui, Yunho? ㅡ perguntou Hongjoong após olhar para o relógio em seu pulso.

ㅡ Vim te buscar! Seus pais disseram que você ainda não havia chegado, então, peguei o carro de meu pai e vim ver se você ainda estava na loja. ㅡ disse Yunho apontando para a caminhonete vermelha parada em frente da loja de acampamento.

ㅡ Obrigado, mas posso ir andando. ㅡ disse Hongjoong se afastando. Yunho ficou parado vendo seu amigo se afastar.

Ele havia notado que Hongjoong estava estranho com ele, nestes últimos dias. Sempre inventava uma desculpa para não sair com ele, ignorava todas suas ligações e suas mensagens. Ele se questionava se havia algo relacionado com o que havia acontecido em uma festa que eles foram. Yunho havia beijado Hongjoong naquele dia. Ele resolveu ir embora, mas desistiu quando viu faltarem menos de cinco minutos para as cinco.

O que será que tem na lua, Seonghwa? (Seongjoong)Onde histórias criam vida. Descubra agora