Parece que nós costumamos demorar em perceber o óbvio. Pra você família sempre foi família. Mamãe sempre foi mãe. Papai sempre foi pai. Até o momento jamais lhe ocorreu que um dia eles deram seus primeiros passos. Tiveram seu primeiro dia de aula e tiveram seus amores encantados. Tiveram sonhos e fases. E que eles também precisaram de cuidado e atenção. Para você sempre foi mamãe, e o papai. Como se já tivessem nascido assim. Mas a verdade é que você cresceu e agora enxerga as coisas como eles, não é? O mundo já não se parece tão pequeno. Você já viu mamãe, que sempre se mostrou tão forte, chorar. Papai tem tido um olhar cansado. Como se o Ártico fosse pequeno perto da vastidão dos seus pensamentos.
Hoje mais do que nunca você é quem sente vontade se segurá-los no colo, e dizer que vai ficar tudo bem. Porque, quando eles diziam isso, ficava. Você também deseja ter esse superpoder. Como se quisesse perguntar: Posso segurar sua mão agora?
Quando você está ao lado deles fica tão feliz. Para você é o suficiente. Eles te ensinaram que amar nada mais é do que ouvir com prazer histórias que pouco ou nada te interessam. Mesmo que você já as tenha ouvido muitas vezes. Mas ao ouvir todas essas histórias você percebeu que papai e mamãe não são apenas aqueles que secaram suas lágrimas, vivendo toda sua vida por ti, mas sim pessoas que transbordam pela teimosia de te querer com eles até o fim. Porque amor solo não se sustenta.
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CRÔNICAS - Ecos da imaginação
Non-FictionEdições são sempre necessárias. Isso vale para um livro, tecnologias, reformas e a mente. Mas talvez seja bem mais fácil atualizar um livro que tenha sido escrito há duzentos anos atrás do que rebobinar a nossa pequena mente de 20, 40 ou 60 anos. ...