Oblivion | b.e

28

Algo está diferente está manhã.

Eu sinto uma energia diferente na casa.

Eu sei que não está normal.

Jake sorri para mim, Maya brinca normalmente.

Mas minha cabeça parece estar em outra dimensão.

Sinto meu corpo leve, quase flutuante.

As coisas parecem estar acontecendo no modo automático, tão rapidamente que eu não consigo acompanhar.

As vozes ao meu redor parecem ecoar na minha cabeça.

Eu não consigo pensar direito.

Está tudo estranho demais.

Uma hora eu estou aqui e na outra, não estou.

Uma hora eu sou Samantha e na outra, estou vendo a Samantha.

Uma hora estou indo deitar com Maya e na outra, estou naquela casa.

Naquele quarto vermelho.

Aquelas pessoas estão lá.

Ás vezes estão conversando comigo.

- Billie.

É como se eu as ouvisse falando comigo mas eu não as vejo.

Maya brinca na cama ao meu lado.

Minha cabeça dói.

- Nós estamos aqui meu amor!

Alguém parece estar chorando.

Levo minhas mãos à minha cabeça, sentindo uma pontada forte na lateral.

- Billie?

- Billie, por favor. - O homem fala.

Eu reconheço sua voz.

É como se ele estivesse em uma lembrança.

Um parque, talvez?

- Filha?

Sim, definitivamente uma lembrança.

Ele me colocava para dormir.

Qual é o nome dele mesmo?

- Billie, nós estamos aqui com você. Nunca saímos do seu lado.

Essa é a mulher.

Aquela voz doce eu reconheceria em qualquer lugar.

As pontadas na minha cabeça se intensificam.

- Bil por favor, reage!

Reagir. Reagir a quê?

De onde essas vozes estão vindo?

Me viro para Maya.

Ela está me olhando.

Tento sorrir mas a minha cabeça dói muito.

Maya ri para mim, sua boquinha banguela e babada em um sorriso fofo que me faz derreter.

Minha cabeça dói.

Dói muito.

Tento focar minha visão na bebê sorridente.

Eu amo tanto ela!

Minha visão está embaçada.

Cada vez mais desfocada.

Tento me agarrar nos lençóis da cama mas não consigo encontrá-los.

Meu corpo parece flutuar.

- Batimentos acelerados.

Ouço um barulho irritante de máquinas.

O que está acontecendo?

O sorriso de Maya é a última coisa que vejo antes da minha visão ser tomada pelo clarão.