Prelúdio

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O jovem militar encarregado de cuidar da moça foi ver o baú. Velharia. Cadernos, agendas, velhos postais, folhas com anotações, palavras quase apagadas. Sabia que eram coisas pessoais e isso talvez ajudaria. Separou tudo com carinho. Ele leria tudo para ela. Havia muitos poemas. Intrigantes. O autor sempre assinava com iniciais.


Soneto Selvagem

Sabe como é olhar a face do divino? Já olhou as estrelas no escuro hoje?

Já sentiu as pernas tremerem diante uma cascata torrencial de fúria natural?

A beleza do que é selvagem é transcendente. Venerá-la para mim é vital.

Dancei com índios, cantei para as montanhas, queimei dinheiro. Quero que ela me deseje.


Ela e tudo que é benevolente ou ardente. Um mar de loucura ingênua.

Vou lutar pelos fracos. Fortes que oprimem são escória, força é caridade.

Pulso, sangue nas veias. A esplêndida vitória quando o vestido cai e ela se faz nua.

Sei que meus loucos são melhores, confio neles, no meu plano, na nossa verdade.


Vai e deixa fluir. Uma dança entrelaçada ao infinito.

Somos lindos, dignos, sabedores das coisas belas da razão.

Estou junto, no mesmo turbilhão, pulo de qualquer abismo.


Conheço bem quem faz o bem. As tantas janelas da alma que já vi.

Ensinaram-me a ver mais que a casca. Sei o pranto que tem no vão.

Quebrei os templos dos homens vis, doei o que tinham pra fazer jus ao que vivi.

B. W.

Uma Encomenda para um Novo MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora