Dois

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20 de Abril de 1841, Inglaterra. (15h37)

Dor. Dor e mais dor.

Era isso que a pequena Arabela sentia, "Por que tinha que doer tanto?", ela se perguntava.

Deitada em um quarto de hóspedes de sua casa, já que não houvera tempo de levá-la aos seus aposentos, rodeada por uma parteira, sua dama de companhia, Claire, e mais três serviçais postas para realizar qualquer desejo dela. Arabela tentava tirar forças do fundo do seu interior para que o seu bebê nascesse.

Ela desconfiava de que alguém a metros de distância poderia escutar o seu grito, mas não ligava, só queria que tudo isso acabasse e o seu filho viesse ao mundo. Com apenas 8 meses de gestação, segundo os seus cálculos...

Algo não estava certo, ela sentia. Seu bebê estava vindo antes do tempo e as expressões das outras mulheres no quarto a angustiava. Ela estava nesse processo há tempos, desde um pouco depois do seu desjejum. Bela já se encontrava extremamente fraca, dolorida, sem paciência, e para piorar, não havia ninguém de sua família por perto.

Seus pais e suas duas irmãs mais novas moravam a alguns quilômetros de distância de sua propriedade, e seu marido estava em algum lugar a trabalho, mesmo tendo sido enviado há tempos alguém para avisá-lo ele ainda não havia chegado, e ela desconfiava que ele não viesse tão cedo.

Vinhedos acima de tudo.

Até da família.

❋❋❋

O tempo se passava e nada. Suor escorria livremente em seu rosto misturando-se com as lágrimas. Ela já estava no seu limite, não tinha mais esperanças de que conseguiria pôr o seu filho neste mundo.

Em meio aos seus lamentos, orações angustiadas, palavras de incentivos da parteira e um leve aperto em sua mão de Claire, Arabela, com a última força que lhe restava, sussurrou para o seu filho:

— Por favor, bebê...

Então, coberta pelo próprio sangue, deixou ser levada para a escuridão da inconsciência, após escutar o mais baixo e agonizante choro...

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