20 de Abril de 1841, Inglaterra. (10h)
O dia estava tão belo, tão calmo e reconfortante. Era uma daquelas manhãs tão belas que ninguém consegue ficar parado, e Mrs. Taylor era uma dessas pessoas.
Logo após o desjejum, com o seu esbelto vestido branco foi saltitante para os campos perto de sua residência para caminhar, algo que fazia todos os dias para colocar os seus pensamentos em seus devidos lugares.
Era algo relaxante para ela, sempre ia de manhã atrás de pequenas florezinhas para completar o seu adorável jardim e de tarde para apreciar o magnífico pôr do sol.
Depois de um tempo, encontrou as suas tão desejadas margaridas brancas, já estava ofegante e cansada. Os oitos meses de gestação estavam evidentes na sua barriga marcada pelo vestido, e por conta disso, a fadiga sempre vinha a impossibilitando de fazer muitas coisas, mas muito raramente ela se deixava levar, não conseguia ficar parada, era da sua natureza.
Quando estava se abaixando para pegar as mudas e colocá-las no cesto com terra, sentiu um forte incômodo na barriga, mas não ligou, deveria ter sido a posição que estava deixando o bebê desconfortável, por isso se apressou no processo e quando terminou levantou um pouco rápido de mais, com isso sua pequena pá acabou caindo no chão.
Assim que se abaixa para pegá-la, uma forte pontada no pé da barriga a faz soltar a cesta e depositar a mão no ventre com dor, por impulso.
— Bebê, o que está o incomodando? — Sussurra preocupada.
E outra pontada mais forte a faz soltar um grunhido de dor, involuntariamente.
Respirando profundamente, olha para a sua grande barriga e diz:
— Filho, você não pode nascer agora. — Acaricia a barriga. — Por favor, espera mais um pouquinho...
Outra pontada.
— Você é muito apressado rapazinho. — Sussurra carinhosamente. — Meu pequeno Ian...
Outra pontada, dessa vez bem mais forte e então um grito salta dos seus lábios.
Essa é a sua deixa, com um grande esforço, ela pega a cesta com as florezinhas e segue caminho de volta para casa, parando de tempos em tempos, toda vez que uma dor gritante a invade. Assim que chega nos portões da residência, outra pontada mais forte ainda a faz gritar de dor.
Então, muitos empregados correm em socorro a sua senhora já fraca por conta das fortes pontadas de tempos em tempos. Já sabendo o motivo de tudo isso, uma das serviçais tira a cesta de seus braços e se apoia em Bela.
— Vamos. A senhora precisa entrar. — Fala levando Bela que apenas assente.
Mas, no meio do jardim ela para, e com a voz um pouco fraca fala:
— As florezinhas. — Seu olhar busca seu cesto nas mãos de um dos empregados.
— Não se preocupe, irei plantá-las para a senhora. — Sorri para ela.
Era evidente que todos a adoravam. Era uma senhora muito carinhosa com todos e sempre os alegrava com a sua doçura. Então, quando foi agradecê-la seu sorriso se tornou uma careta com mais uma pontada aguda que a fez perder o equilíbrio. Os serviçais que estavam de prontidão, logo a socorreram e levaram-na ao quarto de hóspedes mais próximo.

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Traga-o de volta
Historia Corta1840. O que uma mulher pode fazer em 1840 a não ser comandar uma residência e cuidar dos filhos? Filhos... Ah, filhos... A maior dádiva de muitas mulheres, um pedaço seu correndo pelos campos, brincando por toda parte e alegrando os dias dos mais...