Seis

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20 de Abril de 1841, Inglaterra. (16h)

Pouco menos de uma hora depois do seu tão cansativo parto, Arabela retoma a consciência ainda exausta, onde se encontra ainda no quarto de hóspedes e ao olhar para o lado ela avista as serviçais com expressões tristes, sua dama de companhia extremamente abalada sentada na cadeira ao lado da cama, enquanto a parteira preparava alguma coisa de costas para ela.

Sem entender o motivo de tanta tristeza então incerta, pergunta:

— O que houve? — Sua voz está fraca e arranha a sua garganta.

Água.

— Aqui, Senhora. — Sussurra uma das serviçais, jamais olhando em seus olhos. — Beba.

Ainda meio perdida com todos os acontecimentos, ela se senta na cama, com certa dificuldade e apenas bebe a água de bom grado. E então, ela se da conta de algo. Cadê o seu bebê?

Olhando para todos os lados a procura dele, ao mesmo tempo em que a serviçal do seu lado fica tensa e Claire, sua dama de companhia abaixa a cabeça e da uma baixa fungada.

— Onde está o meu bebê? — Pergunta, depois de não encontrá-lo.

Ninguém responde. Então, notando o silêncio ela pergunta novamente, agora ficando mais nervosa, no fundo ela deveria ter uma noção do que estava acontecendo. — Está dormindo?

Silêncio.

Por que estavam todas quietas?

O que diabos a parteira estava fazendo de costas para ela?

Sem resposta, Arabela olha para serviçal do seu lado, com o copo d' água ainda nas mãos calejadas que tremiam. Cansada de todo aquele suspense, ela esbraveja:

— Olhe para mim!

Temerosa, a pobre garota da mesma idade que Arabela, olha para a sua senhora. — Responda-me.

E então, sem saídas ela acena com a cabeça, em sinal positivo, suspirando de alívio, Mrs. Taylor anui ao mesmo tempo em que Claire começa a chorar baixinho, trazendo o seu desespero e ansiedade novamente.

— O que está acontecendo? — O desespero acaba tomando conta dela. Cadê o bebê dormindo? — É uma menina, não é?

— Não. É um menino... — Sussurra a dama devastada. — Me desculpe.

Ela se levanta, se afasta e fica encostada nas grandes janelas que mostram o jardim.

— Digam-me então, por que essas expressões? — Grita. — Ele está dormindo não está? Cadê ele?

Então, a parteira se manifesta pela primeira vez.

— Ele está dormindo, Mrs. Taylor. — Suspira e vira-se com um embrulho em seus braços. — Eternamente, senhora...

— Me desculpe, mas ele não resistiu. — Sussurra, falando pausadamente como se estivesse conversando com uma criança.

Arabela paralisa. O mundo a sua volta gira, sem rumo. O tempo para. O dia perde a sua cor. Os pássaros antes felizes param de cantar. Sua vida perde o sentindo. O seu coração se parte em pequenos pedaços.

Tudo se torna silencioso, enquanto a parteira caminha lentamente com o pequeno bebê sem vida em seus braços e, parando ao lado da cama em que ela estava, sussurra.

— Me desculpe, mas ele faleceu. — Trêmula entrega a criança para a mãe que parece paralisada. — Parou de respirar... — Sussurra explicando e se afasta.

Tremendo, segura o pequeno embrulho em seus braços. Então, o olha. Tão pequeno. Tão indefeso. Tão lindo...

Não...

Não...

— N-não.. Não.. Não... — Sussurra ao mesmo tempo em que uma lágrima solitária escorrega pelo seu rosto, acariciando, como se quisesse confortar o seu coração partido.

— Meu bebê... — Passando a mão em seu pequeno rosto pálido, começando a esfriar-se, e a sua ficha cai. — Não!!!

Então, em meio ao silêncio angustiante, ouvem-se os mais dolorosos dos dolorosos gritos de dor e depois, o choro mais triste jamais ouvido. O choro de uma mãe que perdeu o seu bem mais precioso.

Uma mãe que tinha tudo, mas acabou perdendo. No momento em que o entregou ao mundo...

Traga-o de voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora