Capitulo 1

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Era uma manhã de domingo enquanto eu ajudava meu pai com o preparativo do almoço da igreja para os moradores. Coloquei a travessa de arroz branco sobre a mesa exposta ao gramado, senti a brisa bater contra meu corpo movimentando meus cabelos e sorri, ao caminhar em direção ao meu pai quê conversava com a família Bennet, um carro branco estacionou na garagem, não era como nossas caminhonetes velhas que carregavam feno e galinhas, era bonito, diferente. Dele desceu o homem mais lindo quê eu já vi, tinha óculos escuros escondendo seu olhar, usava terno tal como meu pai, será que ele era pastor? Em seguida uma mulher desceu de terno também e caminharam juntos até meu pai. Apressei-me para ouvir tal conversa.

— Pastor — Sua voz era grossa, e ao me olhar senti todo meu corpo estremecer. — Moça.

— Olá senhores — Meu pai riu apertando a mão de ombros e dando-lhes um abraço apertado — Bem vindo a nossa cidade, juntem-se a nós no nosso almoço com a graça de Deus!

— Claro — A mulher sorriu e quando ele tirou os óculos escuros o chão sumiu, seus olhos eram do azul mais lindo, como o céu. Ele sorriu dentes brancos e alinhados, os céus. — Sou Cristina — Ela estendeu sua mão e sorriu, o sorriso tão branco quanto o do rapaz.

— Sou Harrison — O rapaz sorria e colocou as mãos nos bolsos da calça.

— Ah! Me chamo Antônio, porém podem me chamar de Pastor — Riu — Esta é minha filha, Angel. — Ele puxou-se e por um momento achei quê meu braço fosse deslocar.

— Olá — Sorri sem mostrar os dentes, estavam igual milho de tão amarelos. — Quer que eu mostre a mesa que eles ficaram papai?

— Claro querida, irei conversar com os Clarkson, com licença. — Meu pai saiu orando por ai e eu fui andando até a mesa que estava livre e apontei.

— Fiquem a vontade já volto com o almoço — Caminhei até as crianças dos Bennet, Caio e Lia. — Olá amores — Abaixei-me beijando ambas as bochechas. — Com fome?

— Sim titia — Sorriam ao perceber que foram um coral. Acenei e fui até a bancada de comida pegando dois pratos e pondo em uma bandeja, em seguida voltei a caminhar até o senhor bonitão e a moça bonitona. Contava meus passos mentalmente e respirava fundo para não cair no gramado e passar um enorme vexame. Coloquei os pratos sobre a mesa e não os olhei, quando senti duas mãos me abraçarem por trás, e quando virei-me era Dylan. Ri.

— Olá Dylan — Sorri beijando sua bochecha.

— Como vai pequena? — Ele sorriu bagunçando meu cabelo desfazendo minha trança perfeita quê passei horas a frente do espelho.

— Vou bem! Vá atrás de suas motos e deixe minhas tranças em paz! — Com certeza a esta altura eu já fazia careta, pois o sol via direto em minha face.

— Ficas tão linda assim — Riu e pegou uma maça da fruteira que se espalhava pelo gramado, afastou-se rindo.

Idiota.

— Eu ouvi isso! — Ele riu cumprimentando meu pai, fiquei vermelha.

— Bem, com licença — Sorri para o casal e fui andando pelas mesas servindo-as.

*

O almoço foi um tremendo sucesso, estava a noite enquanto eu jogava os pratos plásticos no saco de lixo, passei meu pulso no rosto evitando quê os fios caíssem sobre meu rosto. Em vão. Assoprei para cima frustrada. Meu pai teve que  levar Lia ao médico de uma cidade a quilômetros daqui porque ela se empanturrou de empadinhas e agora estava soltando empadinha até pelo nariz. Crianças! Abaixei-me para pegar um copo quando olhei o bico de dois sapatos sociais, ergui meu olhar e encarei Harrison sem o paletó e as mangas da blusa erguidas até o cotovelo. Ele me encarava com o cenho franzido.

— Olá Senhor Harrison — Fechei o saco e o pus de lado.

— Não tem medo de ficar aqui sozinha a noite? E cadê todas as pessoas do almoço para lhe ajudar? — Ele perguntou pegando um copo do chão e colocando em outro saco. Ri.

— Não se preocupe, aqui não tem perigo! — O olhei enquanto sorria e ele apenas maneou a cabeça. Ele me ajudava a arrumar os pratos dentro dos sacos — Então, onde vão ficar?

— Precisava falar com o pastor sobre isto. — Ele deu de ombros — Eu tinha ideia quê isto era pequeno, mas não tinha ideia quê aqui não havia um hotel! Nem celular aqui pega! Como você sobrevive?

— Costume — Respondi apenas, assim que terminei de recolher tudo Carl apareceu levando tudo a caminhonete. — Olá Carl.

— Olá menina — Ele me deu aquele sorriso enquanto voltava a fumar seu charuto — Sua comida estava deliciosa hoje Angel!

 — Quê bom que gostou Carl — Ri e acenei ao vê-lo partir.

— Você cozinhou aquilo tudo? — O olhei e assenti — Então, quê lugar há aqui para eu ficar?

— Onde você e sua esposa estão? — Ele apontou para o carro e Cristina mexia no celular — Há minha casa, creio quê não haverá problemas. Ele assentiu. Fui andando até minha caminhonete e entrei. — Me siga. — Dei partida e dirigi devagar até minha casa, assim que estacionei na garagem e desci o olhei descer com a moça, abri a porta da sala e Mike veio correndo até mim. — Oi garotão! — Alisei seu pelo.

— Bem, qual o quarto? — Cristina perguntou impaciente — Esse salto está me matando!

— Aqui — Subi as escadas e Mike acompanhava-me, era um São Bernardo um tanto, elétrico. — Fiquem a vontade. — Observei ambos entrarem e fechei a porta descendo para a sala, assim quê deitei no sofá a porta da sala se abriu.

A construção de um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora