Capítulo 7

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Bianca estava sentada no banco lendo um livro sobre a vida de Santa Clara, gostava muito da história de vida, da humildade e do amor tão desprendido dela e São Francisco. Fechou o livro e lembrou-se da noite anterior do pesadelo que teve e do tempo que passou ao lado de Rafaella, do seu carinho, cuidados e o que sentiu por estar tão perto e tão intima a ela...talvez Gizelly tivesse razão, talvez tivesse algo a mais ali e ela não havia percebido ainda.

-- Posso sentar?

Aquela voz tão conhecida e ao mesmo tempo tão esperada lhe tirou dos seus pensamentos.

-- Claro que sim – sorriu – Adoro ficar aqui, esse jardim é perfeito, quando eu cheguei foi a primeira coisa que me encantou – sorriu.

-- Eu também o adoro. Mas estava passando te vi e resolvi perguntar como você está.

-- Hoje estou bem. Eu gostaria de me desculpar por ontem, pela minha mãe, pelas coisas que ela lhe disse, pela minha reação e pela forma infantil que me comportei a madrugada – falou envergonhada.

-- Bianca – disse seriamente – Você não precisa se desculpar por nada muito menos pelo que sua mãe disse, quem deve pedir desculpas a você é ela que foi cruel e injusta, quanto ao seu comportamento ele foi compreensível eu apenas fiquei preocupada, mas respeitei o seu momento, quanto ao pesadelo, isso acontece com qualquer pessoa e claro que nos descontrolamos um pouco, não foi nada infantil e você não precisa se envergonhar disso, mas aquele episódio de ontem não poderá se repetir, sim, eu sou sua amiga e isso é honroso para mim, de verdade, mas eu não posso ter esse tipo de intimidade com as meninas Bianca, não posso dormir em seu quarto, dividindo a sua cama, não posso ficar te abraçando e te protegendo, não posso, e eu gostaria que você entendesse isso. Sei que foi um momento angustiante para você e se acontecer pode acionar a sirene, só não me peça para ficar com você – disse com o coração apertado.

-- Eu gosto de você Madre – disse com os olhos marejados.

-- Eu também gosto menina, gosto sim, mas não posso ser a amiga que você quer e da forma que gostaria. Já te falei que irei cuidar de você, que irei te proteger enquanto estiver aqui, mas não posso ser como você gostaria, não aqui, não você estando sobre a minha supervisão. Estou aqui sempre que precisar, se quiser conversar, só não poderei retribuir o seu carinho.

-- Tudo bem – disse tristemente – Eu entendo, mesmo assim muito obrigada.

-- Não fica triste Bianca, eu sou sua amiga e gosto muito de você, só não posso ser como suas amigas são com você.

-- Tudo bem, a minha estadia aqui será pouca mesmo, não irei lhe trazer problemas.

-- Não é questão de trazer problemas Bianca, eu...

-- Relaxe Madre, está tudo bem.

-- Eu preciso saber uma coisa Bianca.

-- Diga.

-- O que te fez vir pra cá, o que seus pais querem que você faça.

-- Não gostaria de falar sobre isso.

-- Mas eu quero e você irá me falar.

-- Madre...

-- Não irei sair daqui até que você me diga, preciso saber com o que eu estou lidando, a sua mãe declarou guerra a mim e ao convento e eu preciso me preparar de todas as formas.

-- Meu pai é um homem muito importante, além de ser desembargador é um grande empresário e há um ano que houve um rombo na empresa, algo milionário e o mais importante cliente dele que também é dono de outra empresa na qual meu pai é sócio quis sair do negócio por causa do rombo.

A Freira - Adaptação RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora