A Freira - Adaptação Rabia

Capítulo 13

--Não sabia que você tocava piando – falou aproximando-se – Que lindo!

--Toco piano desde os 4 anos de idade – sorriu timidamente – Além de violão e também fui bailarina.

--Sério? Não sabia.

--Tem muita coisa ao meu respeito que você não sabe Rafaella – disse com o olhar vago.

--Gostaria de saber – disse abaixando e colocando as mãos sobre as de Bianca.

--Rafaella, quanto ao que aconteceu ontem eu...

--Xiiii – sussurrou tocando os lábios de Bianca – Não precisa falar nada nós sabemos o que aconteceu e o que vivemos – disse encarando-a – Você quis e eu também, foi um momento maravilhoso não há porque se envergonhar ou desculpar.

--E agora? – disse com os olhos marejados – O que faremos? O que acontecerá?

--Não faremos nada Bianca nem acontecerá nada.

--E vamos fingir que nada aconteceu?

--Não dá para esquecer, mas como você disse fingir.

--Rafaella, não podemos simplesmente fechar os olhos e agir como se nada tivesse acontecido.

--Nada mudou Bianca – disse séria – Não era para acontecer, mas aconteceu e isso não dá para mudar, porém não vamos nos prender a momento, aconteceu foi maravilhoso, mas não irá mais acontecer entendeu?

--Eu..e...eu...

--Bianca, eu sei que poderia ter evitado isso tudo, mas não consegui, não tive força, coragem não sei o que aconteceu, simplesmente não tive como parar, mas não podemos, eu não posso.

--E o que sentimos? – disse chorando – E o que vivemos?

--Precisamos conviver com eles Bianca, e logo você estará indo embora e esquecerá tudo isso. – disse abaixando o olhar.

-- É isso que você pensa a meu respeito? Que foi apenas uma transa? Que foi apenas desejo e tesão? Foi muito mais que isso e não venha me dizer que eu estou errada porque eu sei que você sentiu tanto quanto eu.

--Olha para mim Bianca – disse tocando segurando o seu rosto – Olhe para mim...minha menina.... há coisas que simplesmente não pode e isso independe do meu ou do seu querer.

-- A gente escolhe o que queremos Rafaella e eu não quero e não vou desistir de você.

-- Eu não posso ser como você quer Bianca, isso é loucura, veja onde estamos menina!

--Se o problema é esse saímos daqui.

--Escute o que você está falando Bianca! Meu Deus é loucura! Eu não posso, não posso, coloque isso de uma vez por todas em sua cabeça.

-- Eu quero você Rafaella! Quando você irá entender isso?

--Nem sempre temos o queremos Bianca, a vida já me provou isso várias e várias vezes, você está no auge da juventude quando achamos que tudo é possível, mas não é bem assim, a realidade, a verdade é muito diferente, minha querida.

--Não dá para fingir que não aconteceu nada Rafaella.

--Nem eu quero que finja Bianca não dá para negar o que vivemos, mas não podemos repetir, não podemos vivê-lo novamente, mesmo – disse levantando – mesmo eu lembrando de cada detalhes e sentindo cada sensação que você me proporcionou.

--Rafaella – disse abraçando-a por trás.

--Por favor Bianca – falou saindo do abraço – Não o torne mais difícil do que já está sendo. Você não faz ideia do quanto mexe comigo e me faz querer agir irresponsavelmente, mas eu não posso.

--Foi tão lindo Rafaella.

--Foi maravilhoso, inesquecível e continuará sendo aqui dentro de mim.

-- Rafaella, eu não parei de pensar e lembrar de tudo o que vivemos, da noite maravilhosa que vivemos e a vontade que tenho é de vivê-la todas as noites é de dormir e acordar em seus braços, é te ter comigo todos os dias.

--Bianca, o que tivemos e o que sentimos foi forte e intenso, mas seria irresponsabilidade minha de continuar com isso, precisamos parar enquanto podemos, enquanto temos forças e não estamos sentimentalmente ligadas, precisamos parar enquanto não saímos machucadas.

--Eu não me importo com nada só com você. Eu não me importo em chorar mais tarde, em me arrepender de não ter parado agora, eu não me importo com nada disso, porque é você quem eu quero, é com você que eu quero estar.

-- Menina, menina!

-- Eu entendo o seu lado, sei o quanto deve estar sendo difícil para você e o quanto que confusa está, mas por favor, dê uma chance a gente.

--Bianca – disse após respirar fundo – Você fala como se tudo fosse tão fácil – sorriu- Mas não é assim minha querida, eu estou realmente muito confusa e sem saber o que fazer e a única coisa que sei é que preciso fazer o que é certo.

--Então você vai fazer o que é melhor para você.

--Nem sempre temos que fazer o que é o melhor para gente, mas o que é preciso fazer e nós sabemos que o certo nesse momento é acabar com o que nem mesmo começou.

--E o que vivemos? – disse com lágrimas nos olhos.

--Ficará em nossas mentes e em nosso coração, por favor, não chore minha menina nem me queira mal, você me fez sentir a mulher mais completa, me proporcionou sensações nunca antes sentidas, mas não posso continuar com isso.

--Você quer abrir mão disso tudo?

--Eu preciso Bianca, por mim, pelo convento, por você.

--Não queira sentir por mim – disse um pouco alterada – Não queira sentir por mim pois você não faz ideia do que estou sentindo agora.

--Eu sei o que você está sentindo é também o que estou sentindo e é para mais tarde não sofrermos que estou agora parando com isso.

--Onde foi que eu errei? Fiz algo que você não gostou?

--Para com isso – disse tocando o seu rosto – você foi perfeita e eu adorei tudo o que vivemos, não é nada com você e sim com o que eu sou e o que isso poderia afetar lá pra frente. Você não errou em nada comigo, mas errou em interessar-se por mim em querer ficar comigo.

--Eu...eu... – disse chorando – eu me apaixonei por você não tem como negar, não dá para esconder, eu estou completamente apaixonada por você Rafaella.

-- Bianca, não faz isso – disse fechando os olhos – Estou a um passo de cometer a maior loucura de minha vida, você me desarma me faz agir de uma forma que nunca pensei em agir, em querer e sentir coisas que nunca se quer passaram em minha cabeça.

--Vamos viver isso tudo Rafaella, não resista, não lute contra.

--Não posso....

--Rafaella...

--Não posso Bianca, me desculpe, mas você apaixonou-se pela pessoa errada, eu não posso.

Rafaella saiu da sala de música atravessou o corredor subiu as escadas entrou em seu quarto e trancou a porta. Não conseguia mais controlar seus sentimentos, não queria sentir aquilo que lhe apertava o peito, não queria fazer Bianca sofrer não queria vê-la chorar por sua causa. Como pode ser tão irresponsável? Derrubou os livros que estavam em cima de sua escrivaninha, desabotoou os botões que naquele momento apertavam sua garganta, retirou o véu que lhe cobria os cabelos sentia-se presa, sufocada sem saber o que fazer, não queria sentir, desejar, não queria viver aquilo não sabia de onde tirar forças para resistir. Encostou-se na parede e escorregou até chegar ao chão as lágrimas escorriam pelo seu rosto molhando a sua roupa, porque estava acontecendo tudo aquilo? Por que com ela? Seria tão mais fácil se conseguisse resistir, seria tão mais fácil se não desejasse Bianca com todas as suas forças, seria tão mais fácil se não tivesse apaixonada por ela.