Capítulo 31

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-- Me diz de uma vez quem é essa mulher.

-- É..a...é

-- Diga, por favor.

-- A sua mãe.... a mulher que te deixou aqui – disse nervosa – É a Teresa

-- Como assim a Teresa? Que brincadeira é essa?

-- Não é brincadeira Rafaella, ela é a sua mãe.

-- Como? Como? Como ela pode ser a minha mãe se ela me odeia? Como ela pode ser a minha mãe se desde criança ela fez questão de me afastar dela? Se o que ela mais quer é me ver pra baixo? Como Constância?

-- Rafaella, fica calma.

-- Eu quero a verdade eu quero saber toda a verdade e vai ser agora – disse alterada.

-- Rafaella, preste atenção, eu prometi que nunca iria revelar esse segredo.

-- Me diga o que aconteceu ou você não terá notícias minhas e você sabe que falo sério.

-- Eu e a Teresa fomos amigas de infância, a família dela era a mais importante da cidade e ela filha única. Eu sempre quis vir para o convento e a Teresa não, ela queria casar, ter filhos e morar na Europa... Éramos muito novas Rafaella, adolescentes de 16 anos e em uma época em que os pais traçavam o destino dos filhos e não aceitava erros.

-- O que aconteceu?

-- A Teresa acabou se apaixonando pelo filho do jardineiro, um rapaz que às vezes ia ajudar o pai e sempre ficava por lá. Era um bom rapaz, direito, trabalhador, honesto.... mas tinha um defeito para a família de Teresa, era pobre. Eles tiveram um rápido romance, mas o pai descobriu e mesmo com todas as proibições eles se encontravam. Nessa época eu já estava no convento e aí o pai a obrigou ir também. Sabendo que eles iriam ser separados a Teresa se deitou com o rapaz, foi a primeira e única vez que aconteceu. Passados quatro meses percebemos que havia algo errado, ela estava grávida, Rafaella se coloque no lugar dela, há 50 anos era diferente do que é hoje uma moça aparecer grávida era o fim para a família, principalmente se essa família era rica, importante e influente e se você é filha única – disse com lágrimas.

-- Continue.

-- A Teresa não sabia o que fazer não dava para fazer um aborto e ela não cogitou isso nem por um só segundo, ela seria expulsa do convento, o pai poderia matá-la e ela não queria te entregar para a adoção.

-- Então como eu fui aparecer aqui.

-- Quando o convento em que estávamos foi transferido para esse, havia uma cidade no interior que estava precisando de umas freiras para auxiliar na comunidade, naquela época fazíamos de tudo; professora, enfermeira, psicóloga – esboçou um sorriso- Éramos vista como pessoas especiais, então, eu tive a ideia de falar com a Madre da época para que mandasse um grupo de 5 meninas para esse lugar, como não tinha telefone, o contato seria restrito apenas por cartas o que demoraria também um certo tempo, já que a cidade era muito distante. Ela autorizou que ficássemos 06 meses, seria o período perfeito pois como ela estava grávida de 3 meses você nasceria quando estivéssemos voltando. Eu, a Teresa e mais três irmãs fomos para esse vilarejo e a Teresa praticamente não saia do lugar em que ficamos para não levantar suspeitas, quando ela estava no 8º mês de gestação uma das freiras teve que vir para buscar medicamentos e outras coisas para os moradores, ao retornar ela disse que conversando com alguém da cidade ficou sabendo que o rapaz, nesse caso, o seu pai havia sido encontrado morto a tiros. Teresa sabia quem havia feito isso e sentiu-se culpada pois o amava muito Rafaella, eu lembro que nesse dia ela passou muito mal, desmaiou e durante a noite ela começou a sentir as contrações a irmã mais velha que foi conosco tinha por volta de 22 anos e foi ela quem fez o seu parto, achávamos que você não iria resistir por causa de ter sido prematura, mas dia após dia você foi melhorando e ficando mais forte, você estava por volta de 20 dias quando tivemos que voltar e aí não dava para simplesmente te entregar a alguma mulher, de certa forma nós já estávamos ligadas a você. Então foi aí que tivemos a ideia que iria mudar de vez a minha vida e da Teresa.

A Freira - Adaptação RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora