Eu sei que deveria ter me organizado e feito isso antes. A véspera da véspera de natal não era o melhor dia para comprar presentes para toda uma família, mas não eram as coisas de última hora que afloraram a criatividade? Se não eram, passariam a ser agora.
A neve cobria os telhados e ruas lá fora, mesmo a última nevasca tendo sido ontem. Como não havia previsão para uma próxima nevasca nas próximas horas, joguei a coberta de retalhos para o canto da cama e fui até a janela, deixando que a visão das luzes brilhantes pela rua me motivassem a sair de casa. Enquanto caminhava até a porta, fui pegando tudo o que precisaria na rua e que estava espalhado pelos cômodos. Quando me senti aquecida pelas botas e o grosso casaco cor de rosa, fui para o lado de fora e segui em direção a Brubon Street, a minha rua favorita de compras.
Minha primeira parada na Brubon foi a Decade, uma loja que só vendia artigos de décadas passadas. Havia de tudo ali: jogos, discos, fitas cassete, DVDs, itens decorativos e algumas peças de roupa — quase como um pequeno brechó. Eu amava que naquela loja tudo era diverso, enfeitado e colorido. A atmosfera era a mais agradável de todas, ainda mais sendo uma loja quentinha enquanto lá fora havia neve por todos os lados. Para completar, Jingle Bell Rock tocava baixo pelos auto falantes da loja. Se já não o tivesse, a Decade ganharia o lugar de melhor loja da Brubon agora. Pelo menos no meu ranking pessoal.
Caminhei entre os corredores cheios de mercadorias antigas até chegar na parte de discos, onde havia desde discos originais antigos até canções atuais nesse formato de vinil. Eu poderia passar horas ali olhando os álbuns de décadas passadas e reconhecendo as obras de artistas pop que faziam sucesso nas rádios hoje em dia, porém não havia tanto tempo para isso hoje. Mentalmente, criei uma nota para voltar aqui depois das festas de fim de ano para olhar o que havia de novo — não exatamente novo, já que era uma loja de antiguidades. Mas para olhar os itens que haviam chegado recentemente. Eu deveria marcar de vir aqui com Alec, já que foi ele quem me apresentou a loja e...
Minha linha de raciocínio foi cortada assim que tropecei em uma cesta no chão — uma daquelas que se pega na entrada das lojas, como um carrinho de supermercado, para colocar as compras — e derrubar todo o conteúdo dela. Abaixei para colocar de volta o que havia derrubado e, seguindo meu instinto curioso, dei uma olhada nas coisas que estavam ali.
Aparentemente, as compras eram de alguém que gostava de música, pois só haviam discos ali. Fui olhando os artistas um a um enquanto colocava tudo de volta na cesta. Beatles, Michael Jackson, Whitney Houston, Michael Bublé e... O último foi o que mais me chamou atenção. Esse último disco também foi o que me fez ter uma certeza: quem estava fazendo aquelas compras era o meu amor de natal desse ano.
Tudo bem, era precipitado afirmar isso. O dono daquelas compras poderia ser um senhor de oitenta anos, ou um alguém mais novo mas que fosse casado. Mas, uma pessoa que escolheu o meu álbum favorito da Ariana Grande em um disco de vinil com certeza merecia atenção, não? Mesmo sabendo que não era bom criar muita expectativa, de alguma forma — eu atribuía a isso a magia do natal — eu sabia que ele não era nenhuma das alternativas anteriores. Novamente minha curiosidade aparecia, querendo conhecer quem seria essa pessoa.
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Amor de Natal
RomansaVocê já deve ter ouvido falar sobre amor de carnaval, não é? Mas e amor de natal? Valentina Olsen sofre de algo que ela carinhosamente chama de amor de natal. Todo ano, nas festas de fim de ano, ela se apaixona por alguém. Mas a paixão nunca dura a...